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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

AS MUITAS CORES DA VIDA

Tem uma música, que eu acho muito bonita, que fala que o maior pintor do mundo está pintando a minha história. A música foi composta por um pastor de nome Marcos Lucas Valentin da Silva. A canção fala das muitas cores usadas pelo Criador para que o mundo ficasse mais alegre, não só as cores visíveis, mas a grande diversidade de que foi feito o mundo.

E para colorir de verde a nossa cidade, semana passada eu ouvi um candidato que prometeu plantar uma árvore para cada voto que receberia nas eleições, dizer que vai mesmo cumprir a promessa e plantar 1.490 mudas. Não será com verba pública porque mesmo sendo o décimo mais votado não irá assumir o mandato por falta de votos na legenda, coisas da democracia que às vezes não é lá muito democrática! E se ele cumprir a promessa, prometo plantar pelo menos uma árvore para representar meu voto de fé numa cidade onde pelo menos um candidato irá cumprir a promessa de campanha!

As outras cores podemos atribuir simbolicamente ao arco-íris. Formado por uma infinidade de cores, certamente pintadas pelo maior pintor do mundo, inicialmente foi definido por um dos maiores Físicos da história, o inglês Isaac Newton, tendo somente sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta. O arco-íris é visto sempre que o sol ilumina a chuva e a luz branca do sol atravessa as gotas de água e a refração faz aparecer o espectro de cores. E chuva só tem quando a natureza tem um mínimo de conservação das suas florestas, então, plantar 1.490 árvores ajuda para que possamos continuar admirando o arco-íris de vez em quando.

 Eu sou branco, para fins de estatísticas sobre raça ou cor em pesquisa do IBGE. Esse órgão do governo federal atribui as seguintes opções para cor da pele: branca, preta, parda, amarela ou indígena. Cinco cores, duas a menos que o arco-íris, e convenhamos para indígenas nem se atribui uma cor. Que diferença isso faz também, já que para quem deveria ser o político mais importante desse país apenas uma dessas cinco cores são mesmo vistas e mais uma que talvez seja inspirada nas florestas, habitat preferencial dos indígenas. Segundo declarado pelo nosso presidente para o mundo todo, ele só enxerga as pessoas verdes e amarelas. Coisa de político. Pensa se ele resolve prometer isso na próxima campanha!

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

CONVERSA DE NAMORADOS PELO WHATSAPP

Sabe o que eu quero agora? Perguntou a moça pelo WhatsApp. Não sei, disse o rapaz, mas se você me der uma dica... Não posso, respondeu a moça fazendo suspense como dever ser quando o relacionamento está perto de um compromisso maior e vale mais o desejo do desconhecido que a certeza da insegurança. Hummm... escreveu o rapaz no WhatsApp enquanto pensava em como escolher uma entre as mil possibilidades do querer da moça.

Apaixonados tem essas conversas desentendidas e parece que quanto mais desentendido mais eles se entendem porque os signos que realmente dão sentido não são os códigos linguísticos mas as sensações que o não entendido das palavras provoca fazendo com que esta ou aquele fique absolutamente envolvido com o não saber do outro e o desejo de realizar o desejo. Oi, disse a moça esperando pela resposta do rapaz. Oi, disse o rapaz e perguntou se o que ela queria era medido em centímetros ou em valores monetários.

Não querendo dar a dica, para a brincadeira continuar, mas tendo que responder à pergunta, ela disse que o comprimento existia, mas tinha outros valores de medida e que dinheiro era importante, mas usado de outra maneira que em pagamento direto.

Taí a simplicidade das coisas de quem ama! Se o amor pode ser descrito em cinco linguagens, talvez essa do WhatsApp seja a que vem antes da primeira. Não é uma linguagem propriamente dita, é mais uma espécie de murmúrio quase ininteligível à comunicação verbal, mas tão agradável que é capaz de manter nesse diálogo um casal de namorados por horas a fio.

Tentando racionalizar o pedido, o rapaz pensou em comprar uma pulseira com pedras brilhantes, mas a mesada que recebia dos pais não seria suficiente e a moça sabia disso, de modo que não deveria estar pedindo isso. Talvez um boné de marca que custa cem reais ou um anel. Pensou em quase tudo que ela demonstrara algum interesse na última semana, mas racionalizou que tudo seria pago diretamente com dinheiro, condição descartada por ela quando perguntou sobre o valor monetário.

Com o celular ligado na tomada e o pai chamando da porta para que fosse dormir, a moça chamou o rapaz de meu bobo e completou dizendo que tinha que desligar, mas mandou ainda uma última mensagem para decifrar a charada: O que eu quero, ela disse, já está dentro de mim!

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

OS PREÇOS ESTÃO PELA HORA DA MORTE!

             Foi botar o pé dentro do supermercado e me veio Dona Márcia, uma senhora conhecida de há muito quando ainda existia o Partido Comunista Brasileiro e nós éramos militantes aguerridos, crentes de que fazendo a revolução resolveríamos todos os problemas sociais e viveríamos num país justo, aliás, mais do que um país, viveríamos num mundo de justiça social e paz permanente, pois a revolução é uma causa internacional e comunismo só será viável se implantado no mundo todo.

Aproximou-se com passos confiantes, tomou-me pelo braço e me arrastou para longe dos caixas, pôs as duas sacolas no chão e só então me cumprimentou, como antigamente, chamando-me de camarada e exaltando os trabalhadores que ainda farão a tomada do poder neste país. Qualquer um, disse confiante, qualquer um que fizer compras hoje neste supermercado será um revolucionário em potencial! É preciso ver, camarada! É uma revolta total aí dentro, não há um que esteja satisfeito com os preços, nem mesmo os funcionários, que aliás, nunca foram funcionários, são trabalhadores insatisfeitos com o sistema!

Eu ainda não estava entre os ‘nenhum que estavam insatisfeitos’, com o dinheiro contado, fui às compras. Passei no caixa e paguei aproximadamente o valor que tencionara gastar e saí do supermercado com um pouco mais do a metade das compras que planejei levar para casa. É, os preços estão pela hora da morte!

Dá uma ajuda, moço! Sim, ainda mais se me chamar de moço! Descontei mais alguns produtos das minhas sacolas e segui até o carro levando junto comigo os tempos de mocidade. Há quase quarenta anos, quando era mesmo moço, os ideais revolucionários sangravam nas veias abertas da América Latina e os indígenas andavam pelas ruas pedindo uma ajuda, quase sempre um pão velho nas portas das casas.

Guardei o que me sobrou de compras no carro, bati a porta fui para o lado do motorista, mas não entrei, as mãos não queriam abrir a porta, então as coloquei sobre o capô e fiquei olhando ao redor, só então percebi o que a camarada insistia em me dizer. O estacionamento estava abarrotado de carros relativamente novos e as pessoas dos carros estavam envelhecidas em reclamações dos preços do supermercado. Reconheci uma voz ao longe que, acompanhada de gestos largos dizia: Camarada, é disso que nos alimentamos!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

HOJE É DIA DE CHUVA

Fiquei com vontade de dizer que o dia seria ‘da chuva’ para homenagear essa beleza de tempo úmido e refrescante que temos hoje em nossa cidade. Quem sabe sendo homenageada ela não nos deixa, como o fez desde o ano passado, numa secura que vai aumentado a cada dia e não adianta teimar que nem falta de água na torneira é capaz de fazer crescer a consciência pelo uso racional e também não adianta racionar a água se as nascentes não são preservadas e não adianta preservar as nascentes se o resto é desmatado e envenenado, e chega de não adianta, que enquanto não secar a ganância não tem secura que de conta de elevar o espírito do bolso até a cabeça que é onde deveria estar.

O dia da chuva poderia ser mesmo em novembro, porque setembro e outubro ela ainda está tão tímida que pode querer nem comparecer na data da homenagem e se deixar para dezembro papai Noel não vai quer, janeiro é férias e fevereiro tem o carnaval que nem abaixo de chuva aceitaria uma data afirmativa contra os desfiles ao ar livre, e março, quando as águas já estão a se despedir tem São José e a Enchente das Goiabeiras garantindo o fechamento do verão conforme cantado pelo Tom Jobim.

Então, que tal aproveitarmos que os novos vereadores e prefeitos estão se preparando para o anúncio de medidas de impacto nos início dos mandatos e façamos um abaixo assinado pela internet instituindo em todos os municípios o dia municipal da chuva e comecemos por essa data a construção coletiva de projetos de preservação ambiental já que dia da árvore não vingou e o dia da consciência ambiental, que é dia 22 de novembro, está chegando e ninguém parece estar empolgado com a data, pois a destruição do ambiente natural é meio que um pressuposto para o desenvolvimento capitalista, que aliás não é comemorado oficialmente em dia nenhum, mas proclamado todos os dias!

Deixemos o dia da chuva de lado que ninguém vai se interessar por isso e vamos chover no molhado para dizer que a chuva que interessa mesmo é a chuva de bênçãos, e quando a chuva, de chuva mesmo, faltar, você pode lembrar do profeta que depois de anos de seca olhou para o céu e lá viu uma nuvem do tamanho da mão de um homem e danou a anunciar que a chuva viria, e não é que ela veio mesmo! Pois, tenhamos fé, um dia uma nuvem de sensatez há de aparecer no céu da imbecilidade humana!

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

VELHOS CONTAM HISTÓRIAS REPETIDAS

             Estou aqui, diante do teclado deste computador, pensando na conversa de ontem com meus filhos enquanto espero por aquela inspiração para a crônica que me atarefei de escrever quatro vezes por semana nem que tenha já acabado o programa eleitoral e haja uma certa escassez de bobeiras nas falações dos políticos, dos quais sempre se pode tirar uma história que, mesmo não sendo boa, seja pelo menos inusitada e vire meme nas redes sociais.

Quanto aos meus filhos, já os ando preparando para que ouçam repetidas histórias deste já idoso escrevinhador. E idosos são assim, todos que tem pelo menos um na família, e quase todos tem um, sabe que quando a pessoa para construir histórias novas começa a contar repetidamente as antigas numa tentativa de reviver cada instante da vida que lhe pareceu ter valor de memória. Assim também os políticos no horário eleitoral e nos comícios, que este ano foram diferenciados com esse vírus que certamente vai virar história para muitos destes jovens contarem repetidamente quando forem idosos.

Eleitores são quase como filhos, ouvem histórias repetidas pelos velhos políticos que desde há muito se tornaram incapazes de construir o que prometem e continuam repetindo na certeza que os filhos serão compreensivos e lhe darão a atenção necessária e o voto na urna até que um dia a urna se feche na capela mortuária e então não será mais necessário ouvir-lhe os ditos iluminados e jamais realizados.

Enquanto espero pacientemente por alguma inspiração, fico a lembrar do bate-papo familiar de ontem quando lembrei de ter perguntado ao meu caçula se já teria contado a história que tencionara contar-lhe outra vez. Já pai, ele disse, e riu! Ainda não cheguei no tempo de somente recordar, mas já ando precavido quanto às repetições. Rimos e o primogênito fez a comparação ideal. É que acostumado a conversar e olhar novidades no celular ao mesmo tempo, trouxe, numa frase, para a reunião familiar o resultado do pleito eleitoral: O povo parece que cansou das histórias repetidas!

Não que tenha fechado a urna mortuária na capela do Cemitério Municipal, mas acho que talvez certos políticos incertos tenham aproveitado essa crise na saúde pública para entender que seus métodos estão adoecidos e o povo, finalmente decidiu pelo distanciamento social e o uso da máscara que figurativamente antes lhes pertencia!

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O MOMENTO É INFINITO QUANDO O TEMPO NÃO EXISTE

             Quando você escreve sobre o amor, qual é a medida que você dá para o tempo? Deixei o copo sobre a mesa e olhei para o casal de namorados à minha frente e imaginei quanto tempo mais eles queriam ter para ficar juntos nesta noite. De mãos dadas, tão fortemente, que se o tempo estivesse preso entre as palmas, o próximo segundo seria contado daqui há muito, nem sei o que seria esse muito já tempo não poderia ser, dado ele estar preso entre as mãos dos eternos namorados que o prendiam com a firme determinação de jamais deixar o tempo passar, ainda que fosse um segundo sequer.

A medida que dou para o tempo numa crônica sobre o amor, é o infinito. De tão grande, já não pode ser medido! Com essa resposta, a garota que me olhava como uma aluna atenta em aula de revisão de conteúdo antes da prova, afrouxou a mão, talvez para permitir que o infinito ocupasse o lugar o não-tempo, mas o rapaz, ainda desconfiado puxou as mãos firmemente para si e perguntou se o infinito não seria talvez uma loucura. Sim, respondi, loucura de amor! Seus olhos se abriram enquanto virava o rosto para a bem amada numa expressão de pavor. Isso é loucura, se não posso prender o tempo para que não passe, como posso viver o infinito?

Estamos ficando loucos! Falaram isso tão juntos que parecia terem treinado para uma peça teatral. A garota me olhou desconfiada e perguntou: o que é a loucura para um escritor? A loucura, respondi, é a verdadeira expressão da liberdade! Então, se estamos loucos de amor, estamos completamente livres? Isso é meio apavorante! Sim, respondi como se fosse seu psicólogo, a liberdade é mesmo apavorante.

Eu quero a liberdade, disse o rapaz tomando as mãos da moça e olhando fixamente em seus olhos, é a liberdade que me permite o amor e é o amor que vai me dar o infinito do tempo para estar com você! Esta foi certamente uma das melhores declarações de amor que já presenciei. A garota tentou racionalizar e perguntou se ele tinha certeza, ao que ele respondeu sem pestanejar: A liberdade é a própria incerteza, a liberdade é justamente a possibilidade de nunca se estar certo.

Para finalizar, vou reproduzir só mais uma fala da garota e outra do rapaz. Onde foi mesmo que eu achei você? Perguntou a garota como se estivesse flutuando em toda essa filosofia. Numa expressão qualquer de liberdade! Foi a resposta mais convincente que ouvi. Eu não sei o que a liberdade me dá, mas é exatamente isso que me atrai, é quase como uma bebida forte que tira a gente da realidade!

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

QUANDO A HORTA INVADE A PRAÇA

               Ando pensando que talvez nem valha mais a pena ficar andando por aí à procura de saúde física em caminhadas pelos parques fechados enquanto a doença se aglomera em comércios abertos como a contrariar a lei do retorno que parece não valer para quem faz leis que não retornam depois de atingir os que ainda insistem em andar pelos parques mas sempre os encontram fechados.

Mais uma vez fui vencido e mais uma vez voltei ao parque Antenor Martins, no Bairro Flórida, um espaço enorme com áreas verdes e pistas de caminhada onde alguns mais atrevidos como eu também andam de skate aproveitando as descidas onde a velocidade aumenta proporcionalmente com as batidas do coração para, lá no final onde a pista termina num cruzamento com outra em ângulo de noventa graus o skate passar reto e se recusar a andar na grama obrigando o skatista amador a uma corrida desordenada e de vez em quando um belo tombo e umas boas risadas!

Mais uma vez o parque estava fechado e as lembranças se divertiam na memória enquanto eu carregava o mini-long para o outro lado da avenida onde uma praça abandonada estava aberta e o matagal se desenvolvia regado pelas águas das últimas chuvas. Tava lá uma placa enorme de concreto de quem deveria cuidar do local se quisesse fazer propaganda: Lions Clube! No meio da praça resquícios de um tempo que passou; Como se fosse um palco, construído em alvenaria, lá estava o lugar destinado a televisão onde as pessoas se reuniam para assistir jogos da seleção brasileira e outras programações.

A praça, é do povo! Uma vizinhança que não se fez de rogada resolveu fazer, ali mesmo, num canto da praça, uma espécie de mini reforma agrária e plantar uma horta, assim mesmo, contrariando qualquer referência ao latifúndio, uma horta acessível já que até mesmo o alambrado que existia neste locar foi aberto deixando o acesso livre aos curiosos que, mais educados que possa parecer, não invadem o local. Olhei para um lado e para outro, tirei fotos, ninguém veio me dizer se podia adentrar ao local o não.

Não entrei na horta, mas que fiquei com uma enorme vontade, fiquei! Fiquei também com vontade de ser o prefeito da cidade e decretar que todas as praças reservassem um local para uma horta comunitária, dessas mesmo que não tem cerca e nem fiscalização, o povo sabe se organizar melhor dos que os governantes pensam.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

DATAS COMEMORATIVAS

Eu sou fã de datas comemorativas, principalmente se elas já passaram, que daí dá para ver mais claramente a inutilidade delas, a não ser que seja um feriado. E haja datas! Semana passada contei, tinha cinquenta e duas datas para este mês de trinta dias! Hoje mesmo é dia mundial do bambolê! Você achou que não existia uma data para se comemorar isso. Mas têm, é hoje, bom proveito, vamos bambolear!

Mas, caso você não tenha um bambolê não fique triste, espere até amanhã e vá ao supermercado mais próximo para comemorar o Dia Nacional dos Supermercados, eles vão amar cada moedinha que você deixar no caixa! No ano de 1.968, quando a data foi instituída pelo Decrete de Lei 7.208 os Supermercadistas criaram a ABRAS-Associação Brasileira de Supermercados, não foi com o lema, pelo menos não explicitamente, ‘Unidos somos mais fortes que os consumidores”. Depois disso, apenas onze empresas multinacionais passaram a controlar quase todos os produtos disponíveis nos supermercados! Tá curioso? Vai aí a lista: Nestlé, Coca-cola, Mars, Kellogg’s, Pepsico, Associated British Foods, Unilever, Kfratz-Heinz, Mondelez, Danone e General Mills.

Entre uma data aparentemente inofensiva que levou a Estrela a faturar milhões e outra data nem tanto inofensiva que concentrou em onze empresas quase todos os produtos disponíveis nos supermercados, eu fico pensando que talvez essas datas existam para que meu rico, nem tanto, dinheirinho seja sacado da minha conta o mais rápido possível comprando isso e aquilo que eu nem precisava só porque tem uma data para se comemorar, e olha lá que um bambolê não ia dar muito certo para mim, já passei da idade!

Algumas datas são até feriado. Ainda bem! Quem não gosta? Principalmente se for um daqueles que a mídia ama porque fatura alto com propaganda e quase obriga o pobre coitado do ingênuo telespectador a consumir, sob pena de ser mal visto até pelos próprios familiares. Já pensou no presente de Natal? Tem coragem de não comprar um? E o Dia das Crianças, como foi? Na Páscoa e no Dia dos Namorados não houve surto de COVID que mantivesse as lojas fechadas!

Não sou consumidor compulsivo e nem acredito em propaganda de políticos. Mas a campanha de mídia dos últimos dias já me convenceu a ir ao mercado no próximo domingo, vou comprar pelo menos dois produtos que me prometeram validade para os próximos quatro anos. Tem garantia? Como diz o paraguaio que vende produtos da China: La garantía soy yo! 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

OS VERMELHINHOS NA POLÍTICA

Eu não gosto de ficar criticando este ou aquele ou ainda aqueloutro político, mas tem umas coisas que, nem que seja de forma indireta tem que ser dita. Falta menos de uma semana para as eleições municipais e as mídias estão fartas de depoimentos comprometidos e comprometedores.

Dia destes ouvi a propaganda eleitoral no rádio e candidatos ligados a uma coligação pediam votos para “candidatos da direita” dizendo que não se alinhavam com os vermelhos. Achei coerente o discurso afirmativo de uma política positivista de valores inflexíveis e forte determinação na defesa de valores morais e aos costumes quanto à religião e a família tradicional. Não concordei, mas achei coerência, pelo menos em parte.

Não demorou para que os minutos vencessem o prazo da coligação e viesse uns vermelhinhos, também muito coerentes, pedindo votos para os mesmos eleitores com um discurso, digamos, à esquerda dos azuizinhos que os precederam nas ondas do rádio naquela tarde ensolarada. Esses, os vermelhinhos, afirmavam que a democracia seria o pilar da sua ação política para as mudanças nos conceitos arraigados da sociedade patriarcal.

Vejam os Estados Unidos, disse um azulzinho, lá o Trump pode até ter perdido as eleições, mas jamais aceitou qualquer acordo com os vermelhos da China.

Vejam os Estados Unidos, bradava o vermelhinho, lá o Trump foi derrotado porque não quis romper com a velha política e dialogar com os chineses.

Numa eleição municipal, não entendi o que que tinha o Trump com isso, nem mesmo os chineses, a não ser o combate ou a aceitação dos produtos da China que atravessam o Brasil para serem vendidos no Paraguai e depois voltam para o Brasil para serem vendidos aqui na cidade pelos camelôs, onde comprei minha garrafa térmica Made in China.

Em casa, tomando meu chimarrão com a garrafa chinesa, liguei a televisão para conferir a última atualização dos votos nos Estados Unidos. O mapa apresentava as cores de cada partido, sendo a parte azul correspondente aos votos dados para Joe Biden e a parte vermelha para Donald Trump. Vermelha? 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O NÃO-TEMPO NA VIDA DOS NAMORADOS

E isto são horas? Reclama a garota Anelise ao ver o namorado João chegando às dez da noite quando deveria ter chegado às sete. É que o Pedro me chamou para tomar um tereré, aí chegou o Rodrigo e o Amarildo e nós ficamos conversando. Isso é conversa de Mato Grossense do Sul, se fosse no Rio Grande do Sul seria uma roda de chimarrão, sempre um motivo para o tempo que por um tempo foi não-tempo, que não passou e de repente já tinha passado.

O não-tempo deveria ser objeto de estudos mais acurados por parte dos sociólogos, com a devida ajuda dos filósofos e apoio incondicional dos terapeutas ocupacionais. De minha parte, libero a utilização do verbete sem nenhuma restrição de direitos autorais. Eu diria que o não-tempo seria o antônimo de tempo e se já estivesse nos dicionários, evitaria qualquer reclamação da Anelise, pois que o atraso do João não seria um atraso porque o tempo que passara tomando tereré não seria tempo.

O tempo, disse João, do alto de sua intelectualidade de estudante da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, o tempo é quando se tem preocupação com o que possa vir depois, quando se está no tempo sempre tem as consequências tirando o sossego, tipo a Anelise reclamando do atraso, já o não-tempo é a possibilidade de se estar fora do tempo, mais ou menos como numa roda de tereré onde ninguém se lembra de mais nada que não seja a cuia de água gelada rodando e as conversas que não levam a lugar nenhum e de onde se sai sem nenhuma preocupação, porque não havendo o tempo, nada pode ser consequente, tipo o sossego do João às dez da noite como se estivesse adiantado em pelo menos trinta minutos.

Não sei se os namorados todos já tiveram essa percepção, mas tem momentos da vida, quando a paixão tira completamente de lado os preceitos racionais e a carne vence facilmente o espírito, o coração acelera e nenhuma razão há para se pensar no tempo porque ele não existe mesmo, é neste exato momento que nos tornamos totalmente irracionais e fazemos coisas que nem todo o tempo do mundo seria suficiente para explicar. Então, assim estavam João e Anelise quando os pais dela chegaram em casa depois da festa pelas celebrações das bodas de ouro dos amigos Francisco e Josefina Calmon. Não havendo tempo suficiente para explicar o inexplicável, Anelise olhou para os pais e se saiu com essa: Agora eu acredito na existência do não-tempo! E, já não era sem tempo! 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

QUEM É O DONO?

A propriedade privada é direito constitucional, conforme o Art. 5º, inciso XXII. Já o Art 60, §4º garante que isso não mudará enquanto a atual constituição estiver em vigor. Tentei explicar isso para um nativo brasileiro que passou a ser conhecido como Índio, desde que Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral deste continente pensando ter aportado nas Índias.

Com um corote na mão, já com menos da metade do conteúdo disponível, Anastácio sentou-se ao meu lado no banco à sombra de um ipê e danou a falar como se fôssemos velhos amigos. Não havia muita coerência nas palavras e a justificativa estava claramente demonstrada na pequena quantidade de líquido do corote, toda a conversa era cuidadosamente pensada com a pinga que já não estava mais na embalagem.

Você é branco, ele disse desenrolando a língua umas três vezes, vocês roubaram nossa terra! Virei o rosto e descansei meu olhar sobre minha bicicleta, com a qual já tinha pedalado mais de trinta quilômetros e agora descansava para os últimos dez até chegar em casa. Talvez ele tenha razão, eu tenho mesmo um pedaço de terra, dez hectares que comprei e escriturei no cartório de registro de imóveis.

O ipê que nos fazia sombra, sob a qual meu único argumento foi de que o direito à propriedade é constitucional, estava na área de reserva indígena Jaguapiru e Bororó. Terra de Índio, cortada por uma rodovia estadual por onde os “civilizados” transportam de um tudo que é produzido depois que as caravelas aportaram na Bahia no dia 22 de abril de 1.500 e começaram a levar toda a riqueza possível para fora da Ilha de Vera Cruz, Terra Nova, Terra dos Papagaios, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra de Santa Cruz do Brasil, Terra do Brasil e Brasil. Todos nomes pomposos dado ao nosso país, nomes fortemente relacionados ao catolicismo para finalmente se chamar Brasil em homenagem à árvore que sangrava de cor avermelhada.

Nóis era dono de tudo, agora só temos miséria! Até chegar nessa frase, o corote estava miseravelmente sendo jogado num matagal à nossa frente. Sem me olhar, Anastácio levantou-se com dificuldade e seguiu seu penoso caminho como se riscasse no chão o desenho das ondas do mar de Caravelas. Embarquei na bicicleta e percorri várias propriedades privadas até chegar em casa, onde procurei entender quem foi que primeiro adquiriu as terras dos povos nativos do Brasil. Entendi a reclamação do Anastácio. Antes de ter nome pomposo e católico, este lugar se chamava Pindorama, não tinha constituição e nem cartório de imóveis. 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

TEM DIA PARA O SACI PERERÊ? TEM SIM SENHOR!

Andei meio descuidado com datas importantes ultimamente, deve ser efeito da quarentena. Meu aniversário, que foi em outubro ainda lembrei, mas esqueci completamente do dia do Saci Pererê! Também pudera, instituíram essa data justamente no dia do Halloween, sendo esta uma comemoração estadunidense fica impossível competir aqui no Brasil onde os patriotas costumam bater continência para a bandeira americana do Norte.

Mesmo atrasado, o que, convenhamos, não é nenhuma novidade para minhas publicações, registro aqui minha reverência ao negrinho de uma perna só. Me valho das informações que vem da Sociedade dos Observadores de Saci, isso mesmo, existe e fica, claro, no Brasil. Segundo esse coletivo de observadores, o dia 31 de outubro foi instituído em dois mil e treze pelo projeto de Lei 2.479. Convenhamos, estava sobrando tempo no Senado Federal para se criar uma data comemorativa dessas!

Justificativa não falta, afinal o herói de uma perna só que fuma cachimbo e usa um capuz vermelho é o protetor das florestas e símbolo de liberdade para os escravos. Duas coisas que parecem ter perdido o sentido nos dias atuais quando se toca fogo na mata sem dó nem piedade e a escravidão oficialmente proibida abunda nas fazendas onde o gado é tratado com esmero e não só negros, mas índios e brancos são submetidos a condições desumanas de trabalho e moradia e não há Saci Pererê que de conta de fiscalizar.

Mas o folclore é importante porque guarda a memória das lendas e do imaginário do povo. Podia ter juntado o dia do Saci com o dia do folclore e se comemorar tudo em 22 de agosto, aí já incluída outras comemorações que ainda não tem datas específicas, como o dia em que os políticos de Brasília trabalharam uma semana inteira, ou o dia da honestidade em reverência ao primeiro Senador honesto a cumprir todo seu mandato, ou então o dia da promessa para marcar a última promessa de campanha fielmente cumprida pelo candidato eleito. Como disse: lendas e coisas do imaginário do povo.

Para não correr o risco de me atrasar neste mês, fui ver o calendário de datas comemorativas de novembro, achei cinquenta e duas datas para um mês de trinta dias! Aproveito essa abundância de ideias nas esferas públicas e vou dar minha contribuição: Que tal tornar feriado cada uma dessa datas?

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

OS TEMPOS SÃO..... OS MESMOS.

Você está lendo esta crônica e já não é mais dia dos finados, foi ontem e passou como de resto cada dia dessa quarentena sem fim. Os mortos, venerados no feriado, agora tem um novo status: COVID-19, parece não haver cemitério neste país que já não tenha pelo menos um morto dessa doença e as normas de visitação restringem a quantidade de pessoas e o tempo que se pode ficar limpando os túmulos e depositando flores em homenagem póstuma ao ente querido.

Do lado de fora os candidatos, em grande número, prometendo isto e aquilo se forem eleitos. Quem dera pudéssemos empossar todos os pretendentes ao cargo de vereador e prefeito que estão se oferecendo ao pleito e exigir que suas promessas sejam cumpridas sob pena de devolução em dobro de tudo que gastaram na campanha somado a todos os seus vencimentos no cargo. Ou não haveria mais mortos, já que as promessas de melhorias na saúde são suficientes para ressuscitar os que eventualmente vierem a morrer, ou sobraria muito dinheiro no caixa da prefeitura, já que o ressarcimento estaria garantido.

Mas não só na saúde, na educação haveria uma completa revolução. Com as melhorias nas condições de ensino e valorização dos professores e técnicos administrativos, além do adequado acolhimento aos alunos aliados aos métodos de aprendizagem, o povo logo seria tão culto que provavelmente nenhum desses prosélitos se quer seria candidato, quiçá eleito. Povo com um mínimo de conhecimento de história já excluiria pelo menos uns setenta por cento dos postulantes; geógrafos, matemáticos e administradores junto com os contabilistas comprovariam facilmente a ineficácia dos demais.

Como toda regra tem exceção, é o caso de admitir que tem um ou outro candidato que até dá boas explicações de quais são as funções do aspirante ao cargo, se eleito, ou qualquer que se eleja. O problema parece ser que, justamente esses, as exceções, que se apresentam com alguma sobriedade, talvez sejam os que ainda não tem sua corja, talvez nem a queriam, tornando ainda mais difícil o convencimento do eleitor para lá de acostumado com bajulações de todo tipo e agrados pelos quais troca seu bem mais precioso na arena social: o voto.

O dia quinze de novembro está bem ali! Já tive expectativas melhores em eleições anteriores, nesta, a COVID-19 já matou mais de cento e sessenta mil que estão no cemitério e foram lembrados no dia dois, parece que temos uma Covid-E, Eleitoral matando milhões que ainda não sabem o tratamento para essa pandemia de incompetência política.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O AMOR QUE BROTA DO INVISÍVEL

             Sabadou e seja lá o que for que tenha acontecido na semana toda, nada é mais importante do que sentar à mesa do bar para aquela cervejinha do happy hour e os reclames do amor com os amigos, todos com suas histórias de desencontros ou desentendimentos porque os demais já se foram à casa encontrar a bem-amada para o jantar, um cinema e depois as coisas que só o amor sabe revelar entre os lençóis bem protegidos pelas quatro paredes silenciosas.

O que é o amor, se não uma cerveja espumando que se bebe e depois do prazer se busca outra e mais outra sempre no mesmo copo e acompanhado dos mesmo petiscos apimentados e saborosos que enchem os momentos para depois acabar em nada numa mesa de bar com os amigos de sempre todos bebendo a mesma cerveja com os mesmo petiscos. Na mesa ao lado o amor bebe vinho e degusta uma lagosta exclusiva e cara, inalcançável aos comuns da mesa coletiva.

Se pelo menos eu soubesse de onde vem o amor e eu iria até o nada de onde ele vem ou o limbo onde reside. A origem do amor é o nada, o não ser existencial onde se fundou a condição humana. Garção, mais uma! Outra, meu amigo? Outra! E depois mais outra até saborear todas e desfrutar de cada momento em particular como se fosse único, mesmo sabendo que meus amigos compartilham comigo. Que me importa? Melhor assim do que ficar no canto, às escondidas bebendo sozinho ao sabor das imagens da televisão enquanto o copo se enche na mão que não para.

Desculpem, estou meio desiludido, mas cumpri todas as metas da semana! O mercado vai bem e serei remunerado porque a folha de pagamento não tem sentimento, é dela que pagamos as contas do bar e o bar paga as luzes coloridas e servem à mesa o prazer que nos leva ao nada, exatamente o lugar de onde vem o amor.

Fim de noite meus amigos, hora de ir encontrar o desamor que ficou à espera em absoluto silêncio e na mais absurda escuridão fazendo-se vazio onde certamente vou estar em minutos esperando pelas metas da próxima semana. Invisível, cheio de amor, no nada, no limbo, querendo ser existência. Sabadou, é o amor!

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

HOJE AS RUAS ESTÃO MOLHADAS

             Há tempos que o centro sul e sudeste do Brasil vem sofrendo com a falta de chuva, segundo o boletim do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Ministérios das Ciência e Tecnologia do Governo Federal, a seca tem atingido grande parte do país. Para saber disso nem precisava desse Centro Nacional, mas as informações até que ajudam a entender o porquê de as prefeituras terem economizado um bom dinheiro nas operações tapa-buraco das ruas. Não há buraco que não se anime depois de uma boa chuva, e a culpa é de quem? do tempo, claro!

Ontem choveu, hoje também. Não sei se era um buraco novo que resolveu dar o ar da graça ou se um bem antigo que ali permanece desde a última chuva volumosa. Pelo estrago que causou na roda do Gol que passava, creio que era buraco de ano ou mais. Bem alimentado por uma chuva já esquecida no tempo, certamente aumentou de tamanho ao longo do tempo e dos solavancos dos motoristas desavisados chegando ao ponto de não mais aceitar apenas estragos de amortecedores, cheio de água da chuva de ontem, parecia um inofensivo buraco qualquer até que o Gol resolveu  passar por ele e ali mesmo ficou. Não fosse a perícia do motorista da saveiro que vinha atrás, além da roda dianteira haveria grande prejuízo no porta-malas que fica na traseira do carro também.

Passei de bicicleta pela cena e, claro, parei na aglomeração do povo reclamando dos buracos da rua e vez por outra silenciando aos gritos do motorista do Gol que esbravejava contra a falta de manutenção das vias públicas. Não acho que a atual mandatária tenha feito um bom trabalho, mas confesso que fiquei constrangido de saber que a maior autoridade municipal pudesse ser tão esculachada em público, parecia estar em pior situação até do que as enlameadas ruas.

Segui meu caminho enquanto uma garoa se formava trazendo aquela chuva de molha-bobo. Ia desviando das inúmeras possas de água suja que se formaram ao longo da via até que numa esquina o acúmulo de água era tanta que não teve outra saída que não atravessá-la, na segunda pedalada ouvi o som do motor de um corola se aproximando no que eu poderia chamar de alta velocidade, para uma via urbana. Sem dó e nem piedade afundou os pneus naquela enorme possa e me deu um banho de lama. Parei ali mesmo, dentro da possa, xinguei primeiro o motorista do carro, depois a prefeita e só então me lembrei que o culpado era mesmo o engenheiro que aprovou a obra.

Não há inocente entre os envolvidos, mas o engenheiro da obra, este é o que deveria ser nominado em todas as maledicências depois de uma boa chuva como a de ontem.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

TUDO BEM, JÁ ESTOU VACINADO!

             Antes de acontecer a primeira revolta da vacina no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em 1904, o governo do presidente Rodrigues Alves teve um plano que talvez pudesse dar certo atualmente. Naqueles tempos, as principais doenças eram transmitidas pela enorme quantidade de ratos que proliferavam na capital do país devido ao lixo acumulado por lá, então o governo federal decidiu incentivar o combate aos ratos pagando determinado valor a cada exemplar morto pela população.

Depois de algum tempo a campanha teve que ser suspensa porque alguns espertos resolveram criar os ratos para aumentar a renda. Então eliminou-se o lixo acumulado na cidade e forçou-se uma campanha de vacinação em massa do povo que não queria a vacina, mas a recompensa pelos ratos.

Hoje, tem gente que defende a necessidade de a população ser vacinada para que haja um efetivo controle da COVID, mas garante de pés juntos que não tomará a vacina por medo de ela propagar algum outro mal feito pesquisado e distribuído intencionalmente pelos laboratórios para depois ganharem fortunas vendendo outra solução para as doenças virtualmente distribuídas junto com a vacina. Quem garante que o próprio vírus da COVID já não foi criado em algum laboratório da China ou dos Estados Unidos? Acusação tem aos montes explicação nenhuma!

Já vi essa conversa quando apareceram outras epidemias de virose, como a influenza, deram até um nome bonito, H1N1, ainda não sei o que significa, mas quando veio a vacina, veio junto a história de que era perigoso tomar porque poderia estar sendo injetado junto alguma doença degenerativa. Entre um mal e outro pior, tomei a vacina, na época eu trabalhava no banco e atendia público, melhor prevenir do que remediar.

Pelo sim, pelo não, melhor seguir a orientação das autoridades. Ontem mesmo o presidente da República externou claramente sua orientação à Nação: É mais barato e fácil investir na cura do que na vacina. Orientação claríssima, já que não existe tratamento eficaz contra o vírus que já matou mais de cento e cinquenta mil brasileiros. A vacina gera anticorpos contra o vírus e quem já teve a doença, como o presidente, já possui os anticorpos e talvez não tenham que ser vacinados. Ah, entendi!

Quanto aos ratos, a capital do Brasil mudou-se para Brasília, mas o criame parece continuar, um prêmio por cada rato não foi e não será eficiente, melhor fazer um saneamento e remover todo o lixo acumulado ao longo de décadas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

BEM QUE DIZEM, VIROU POLÍTICO PODE DESCONFIAR.

Começo a semana sempre prestando atenção ao comportamento dos políticos que desejam me representar nos cargos públicos a que estão se candidatando. Nem é preciso muito esforço para perceber que mentem uma barbaridade! E tem de tudo. Desde candidatos envelhecidos em barris de corrupção até novatos cheios de experiência, só não sei de quê, mas dispostos a colocar toda sua trajetória de vida, pública? a serviço dos cidadãos de bem!

Com o apoio da ministra, que apoia a liberação geral dos agrotóxicos, tem candidato prometendo proteção ambiental rigorosa. Sem apoio de ninguém tem candidato que promete forte atuação em Brasília para liberar verbas abundantes para o município. Mas tem pessoas muito sinceras neste pleito. Sábado passado encontrei uma mulher que jurava votar em uma candidata que teria declarado estar no pleito única e exclusivamente para completar a cota de mulheres, requisito legal para que pelo menos mais dois homens pudesse se candidatar pelo partido.

Bem que dizem, entrou para a política, já pode desconfiar! Não que eu seja santo, longe disso, já fui até dirigente partidário nos meus velhos tempos de militante. Em 1.992, acreditem, fui candidato à vice-prefeito, depois em 2.001 exerci cargo comissionado na secretaria de fazenda. De modo que não posso me considerar inocente e nem alienado.

Mas, dá para acreditar em pelo menos uma proposta interessante. Há poucos dias uma amiga me mandou, pelo Messenger, um texto falando de candidaturas coletivas. O sistema eleitoral brasileiro aceita somente candidaturas individuais, mas tem grupos políticos defendendo candidaturas coletivas. Isso me faz refletir sobre legalidade e legitimidade, mas deixemos esse assunto para outro dia. Candidaturas coletivas para cargos individuais é algo revolucionário e me lembrou um pouco a experiência, frustrada, que tivemos no Sindicato dos Bancários quando organizamos um coletivo chamado Conselho Político dos Bancários.

Para se candidatar, o representante da categoria bancária teria que ser escolhido pelos eleitores. Depois de eleito, se fosse eleito, teria que submeter seu mandato ao conselho político e destinar parte dos seus vencimentos para o coletivo. Deu certo? Deu, elegemos um vereador. E aí, deu certo? Não, o vereador, depois de eleito, decidiu que seu mandado seria individual. É, bem que dizem...

domingo, 25 de outubro de 2020

SE EU FOSSE O DONO DO TEMPO.

             Se eu fosse o dono do tempo esperaria mais uns dias para o dia de hoje, talvez até daria um jeito de apagar uma boa leva de dias para reviver um tempo especial, refazer os dias como deve fazer quem é dono, refazer e refazer outra vez até que cada dia seja perfeito!

Eu decretaria o dia vinte e cinco de outubro feriado nacional, sou o dono, não sou? Numa das minhas muitas divagações sobre o tempo, imaginei que cada um tivesse uma vida paralela e o tempo seria individual, mesmo vivendo em sociedade, assim, as fatalidades da vida não implicariam no tempo dos outros que em suas vidas paralelas seguiriam sofrendo as consequências de suas atitudes em seu tempo individual. Se eu fosse o dono do tempo, daria um tempo individual para cada um e uma chance, só uma, de voltar o tempo. Mas a causa teria que ser justa, como o é a minha agora.

Hoje estou de aniversário, sessenta e dois anos, mas não é esse o tempo que desejo voltar. Não posso me queixar, nos últimos quatro meses já publiquei sessenta e cinco crônicas neste jornal, isso não é maravilhoso? Que mais eu posso querer do tempo, que não seja escrever e publicar? Esse é o meu tempo e deste nem uma linha desejo apagar. O tempo me é precioso demais! Se não fosse pedir demais eu queria mesmo era ter dois tempos sendo contados em paralelo, o meu tempo e o tempo que quero refazer. Sim, são dois, o meu tempo é esse dos meus sessenta e dois anos os quais não trocaria jamais pelos meus vinte e poucos, mas tem um tempo que gostaria de refazer antes deste vinte e cinco de outubro. Um tempo que nasceu separado de todos os outros, dia vinte e cinco de outubro nasceu meu presente de aniversário, meu filho que agora me faz despedir a adolescência, torna-se adulto!

Ele quer fazer dezoito! Não sei se vou autorizar, não estou preparado. Todos os outros três já passaram, mas sempre tinha pelo menos mais um menor de idade. Tenho que admitir, não posso mudar o tempo, mas posso manipulá-lo voltando ao ano passado onde está uma frase: “Ainda que a chuva caia lá fora, meu filho, há uma razão para eu cuidar de você aqui dentro. O tempo voa mais rápido que o vento da tempestade e você está tão grande que eu tenho vontade de ainda te pegar no colo.”

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

AGORA ELES NÃO PRECISAM MAIS DE MIM!

Enquanto empurrava meu carrinho, distraidamente pelos corredores do supermercado e ia colocando alguns produtos dentro dele, inclusive um pacote de arroz, apesar do preço totalmente inovador, e já ia em direção ao caixa preferencial para idosos, ouvi aquela voz que me conhecia perguntando pelo meu bem estar e arrastando um sorriso, forçado? era aquele sorriso que as pessoas tem quando estão em público e encontram pessoas conhecidas, como se fosse obrigatório estar feliz nessas ocasiões. Oi, tudo bem?

(Não, não está tudo bem!) Claro, tudo bem, e você? Considerei que seria uma total indelicadeza falar a verdade para quem claramente mentia com a boca, mas deixava a verdade expressa nos olhos com o indefectível testemunho das olheiras. Talvez estivesse precisando de um ombro amigo, estão tomei sua cesta de compras e passei junto com as minhas para facilitar, e do outro lado do caixa a convidei para um refrigerante no Subway, que no Brasil não é metrô mas uma lanchonete num lugar qualquer, esta que fomos era dentro do supermercado mesmo.

Minha amiga sentou-se do outro lado da mesa, em minha frente. Observei-a enquanto ela ajeitava as sacolas de compras na cadeira vazia de um lado e do outro, gastou um longo minuto olhando tristemente para as sacolas, ergueu a cabeça e disfarçou um sorriso mentiroso e me perguntou como estava a vida de aposentado. Não tenho do que reclamar! É, ela disse, você se aposentou na hora certa, agora está difícil, parece que ninguém mais vai aposentar!

A lanchonete estava quase vazia. E o nome subway era nome próprio, mais próprio do que o de batismo. Minha amiga parecia estar num metrô, num buraco sem fim embaixo da terra, numa direção sem escolha sobre os únicos trilhos disponíveis, olhando o nada à frente e deixando lágrimas sobre a mão que apoiava o queixo. A tristeza tinha que ser muita para uma mulher de meia idade se permitir ao choro em público diante de um amigo esporádico. Chamei o Garção e pedi água. Um longo silêncio que não constava no cardápio foi servido à mesa, daí veio a água mineral sem gás, só então as palavras para traduzir a linguagem do silêncio e da tristeza: Agora eles não precisam mais de mim!

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

DE QUE ME SERVE UM DIA PARA O POETA?

             Hoje é o dia do poeta! Digo hoje porque escrevo estas mal traçadas linhas sempre um dia antes delas serem publicadas, então quando eventualmente uma informação com data mais rigorosa como esta parecer estar atrasada é o caso de o escritor intencionalmente esperar o fim do dia para mandar o texto para o jornal com a certeza da publicação somente na manhã seguinte.

O poeta deve ser homenageado e eu o faço porque nesse rol de escrevinhadores também me incluo já que arrisco algumas rimas em versos e prosa onde o sentimento sempre está acima da razão, se é que haja alguma razão para as coisas do coração. Sem nenhuma razão aparente, em 1993 publiquei em livro meus primeiros versos, foi um atrevimento sem tamanho! O poeta que escrevia versos desde há muitos anos, de repente publica-os junto com outros autores e não se contém de contentamento. É um pensar sem pensar de um viver que não contém a vida, mas a compreende tão profundamente que já não é capaz de vive-la, somente a sente suspensa no ar até que o chamado da vida, real? faz tombar o sonho e descontruir a poesia!

E tem poeta na Academia? Tem sim senhor e senhora também! Se fosse citar os nomes a lista seria muito grande e certamente ficaria alguém de fora, justamente aquele que mais precisa de publicidade. Não posso fazer a lista, nem desejo massagear o ego de quem quer que seja que poeta não precisa disso. Quer fazer um elogio? Deixe o poeta declamar! Nem precisa bater palmas, apenas ouça, a poesia declamada já é o seu próprio elogio. Poesia de rima forçada não é poesia. Também não adianta cobrar da gramática que exija do poeta o rigor, não, a poesia tem licença, isso mesmo, licença poética é a permissão para a poesia burlar a gramática! Assim também a poesia burla o entendimento tecnológico e faz troça com o economicismo. Não, ninguém pode com a poesia, ela é revolucionária por natureza!

Precisa ser culto? Ah precisa! A poesia abriga a essência da cultura porque ela não pode ser fabricada em linha de montagem e nem arrancada do chão com a força bruta. A poesia vem do mais interior do conhecimento onde se protege dos ataques da racionalidade. A poesia é a cultura e o poeta é o portador dos sentimentos mais humanos que a natureza foi capaz de produzir. Viva a poesia! E salve o poeta!

terça-feira, 20 de outubro de 2020

COMEÇO DA SEMANA, NO MEIO DE UMA CAMPANHA COM UM FIM ELEITOREIRO

             Estamos nos aproximando das eleições municipais e já se podem ver aqueles famosos cabos eleitorais pelas ruas, em bandos, com as mãos cheias de santinhos e o discurso totalmente preparado para defender seu ídolo de barro, seja quem for, desde que pague pelo trabalho será defendido até o dia da eleição. Votar nele? Aí já é outra história! O compromisso é pedir o voto, dos outros.

Um bando desse cabos eleitorais se aglomeravam na sombra de uma árvore nos arredores do Parque Alvorada, sem máscara e tomando tereré sem a menor cerimônia quando passei e perguntei o nome do candidato, três se levantaram ao mesmo tempo para me entregar o santinho enquanto a cuia com a água gelada rodava de mão em mão até chegar a minha vez. Agradeci e fiz mais uma pergunta, se não consideravam perigoso estarem todos juntos, sem máscara e tomando tereré que vai de boca em boca. Ouvi uns quatro nãos ao mesmo tempo, daí uma senhora, de mais idade que a galera dos santinhos, aproximou-se e explicou que quando visitavam as casas colocavam as máscaras e o tereré era só assim, em lugares mais afastados.

Agradeci de novo pela a atenção, embarquei na bicicleta e continuei, de máscara, minha pedalada vespertina, até a Universidade Federal, uma hora de viagem ida e volta, tempo suficiente para refletir sobre esse episódio que quero compartilhar com o eventual leitor.

Começo de semana, no meio de uma campanha com um fim eleitoreiro. Eram todos trabalhadores iniciando mais uma jornada como se fossem operários de uma construção que ao fim não poderão nela morar ou, empregados do comércio vendendo produtos que não irão consumir ou quem sabe bancários contando o dinheiro que nunca terão em suas contas.

O santinho está aqui comigo, estou olhando para ele como se ele fosse um beato à espera da canonização. Os milagres estão escritos no verso, por mim, lendo cada promessa, já poderia declarar santo o carola. Quase escrevi um elogio, não fosse ter lido o jornal e ver que na Assembleia Legislativa, onde o agora Deputado Estadual atua, sua prática não corresponde ao prometido. Será que acontecerá o milagre da transformação da água em vinho depois de eleito para esse novo cargo? Crentes dessa religião não faltam, estão aos borbulhões profetizando a nova jeruzalém com o santinho de pau oco no trono.

sábado, 17 de outubro de 2020

ENTRE O PÚBLICO E AS CUECAS DO CHICO

             Eu ia escrever um texto sobre privada, mas desisti porque esse termo, conforme o contexto, tem tantos significados que em vez de esclarecer acho que ia confundir. Não que seja um termo da linguagem culta, longe disso, privada é uma expressão largamente usada por pessoas comuns em suas vidas simples no campo quando dizem que vão fazer aquilo que não adianta pedir para outro.

Pensa se vale a pena gastar tempo com um assunto assim! Já não basta todos aqueles livros dos autores franceses Georges Duby e Phillipe Airés, que falam da História da Vida Privada? Cinco volumes para demonstrar que os interesses privados são diferentes dos do cotidiano em relação aos interesses sociais. Mas, vá lá, se é privado, então não é público, ainda que sejam agentes públicos legislando em favor da privada, da iniciativa privada.

Deixemos os intelectuais de lado, eles, parece que tem o conhecimento demasiadamente privado. Se eu fosse mesmo escrever um texto, certamente falaria dos processos de privatização das empresas públicas. Isso também já deu livro: A Privataria Tucana! Nele o autor Amaury Ribeiro Junior descreve os processos levados a cabo pelo governo FHC que como isso, além de não trazer benefícios sociais prometidos, ainda fizeram o governo deixar de auferir lucros com as empresas privatizadas.

Por hora, cá na minha vida privada, que está calma desde a aposentadoria, prefiro outros assuntos como o amor, o relacionamento familiar e todas as coisas que me permito entre quatro paredes. Ficou curioso? Pois é isso, se é privado não é da tua conta! Cada um tem lá seus segredos, quando se tornam públicos ...

Mas, já que é sábado e a polícia federal não anda tão atenta aos acontecimentos do Rio de Janeiro, e deixando de vez essa ideia de texto sobre o termo privada, estou lembrando do auê desta semana com o Senador Chico Rodrigues. Homem público, Vice-líder do governo, atento aos interesses sociais, teve um pequeno descuido ao ir ao banheiro, em vez de utilizar-se daquele papel branco, macio, que fica enrolado para limpeza das partes mais privadas, tomou, por engano, certamente, de outro papel, mais grosso e áspero e deixou, descuidadamente algumas folhas presas ao privado que se tornou público pela ação da Polícia Federal. Se ações semelhantes fossem feitas no Rio de Janeiro, será que não haveria outras cuecas privadas cheias desse papel higiênico?

terça-feira, 13 de outubro de 2020

CONVERSANDO É QUE SE ENTENDE.

Cada vez mais parece fazer sentido a frase atribuída a Sócrates: Só sei que nada sei! Não sou um tão grande questionador, mas sempre que uma situação me aparece faço perguntas para descobrir coisas que ainda não sei, e elas já são tantas que decididamente parece que nada sei.

Depois de alguns dias de isolamento, chegou pelo telefone a notícia que não questionei, o resultado do teste para COVID-19 deu negativo! Não foi esse o mal que causou grande transtorno pulmonar em minha mãe. Também não questionei o médico do porquê de ele ter colocado uma idosa de oitenta e seis anos acompanhada de outro idoso de sessenta e um anos na ala reservada a pacientes infectados pela pandemia. Não sabia ele dos riscos a que estávamos expostos? Ah, sim. Essa pergunta já não me serve para nada.

Fora do isolamento, posso voltar às ruas onde encontro respostas que me trazem informações de um país muito distante. O Haiti é aqui! A negritude embeleza as ruas de uma cidade que já foi denominada a Nova Alemanha. Hospedados em um hotel de acomodações muito simples um grupo de imigrantes anda de bicicleta na rua e riem em suas brincadeiras de criança, no Dia das Crianças. A saudades dos que ficaram para trás não é maior que a esperança de um dia trazê-los para cá. Riem os negros haitianos com seus dentes brancos porque preto e branco já não são mais cores distintas na cidade dos alemães!

O preconceito foi vencido? Ainda não, mas a página vai sendo virada. Tenho vergonha de ter vivido com naturalidade um tempo em que se dizia que havia alguns negros que tinham alma de branco! Nem era naturalidade e nem era alma de branco, era preconceito. E ainda é! Negros ainda são suspeitos pelo simples fato de serem negros como minha mãe se tornou suspeita de covid pelo simples fato de estar com dificuldade respiratória. Negros vão para a cadeia porque são negros, como minha mãe foi internada na ala covid, sem que se faça a devida verificação, condena-se para depois investigar.

Na frente do hotel, negros haitianos riem e vão escrevendo uma nova página no livro da vida. Por alguns anos o Brasil desenvolveu uma boa política de inclusão social. Eles riem para disfarçar a saudades e brincam para disfarçar a tristeza, e olham para mim. Que será que esse alemão tanto observa? Este alemão está vendo uma nova cidade, miscigenada, bela, inclusiva. É possível? Ainda não sei!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O ESPETÁCULO DAS RUAS, O DIA DAS CRIANÇAS.

             Estou passando uns dias no Paraná, cumprindo minha tarefa de cuidador de idosa! De verdade são os dias que estão passando por mim, em altíssima velocidade, fecho os olhos e quando abro tem uma criança esperando os dias da gravidez se cumprirem para ver a luz do mundo. Os dias são de um tempo em que as matas deveriam ser derrubadas para o desenvolvimento mostrar sua face mais brutal. Dias em que a pobreza alimenta mais de fome e desesperança do que as compras fiado no Empório da Colonizadora, junto com meio litro de leite por dia.

Três dias na Ala Covid do Hospital Rondon, onde a morte se anuncia em tubos de oxigênio e bolsas de sangue e aquela placa: SUSPEITO escrita na porta. Enfermeiros gentis que entram e saem constantemente trocando roupas e higienizando as mãos em álcool gel. Você não pode sair do quarto, nem ao corredor, agora você é um contaminado em potencial! Não posso sair, não posso nascer! Exames, muitos exames. A doente convalesce, o dia do parto se anuncia, a luz das ruas espera pela alta hospitalar.

Me perco nos pensamentos com as histórias repetidas que de vez em quando acrescentam uma informação nova, daquelas que vale a pena ter tido paciência para ouvir pela n-ézima vez. Quando fiquei grávida de ti, senti tristeza, não queria mais um, já estava difícil demais com três! Se pudesse parava o tempo. Em três dias uma informação de sessenta e um anos atrás.

Sessenta e um anos e o tempo volta a passar de segundo em segundo. A criança, oitenta e seis anos de idade não sabe mais se cuidar, teve alta hospitalar e viu a luz do dia, volta para casa no aconchego da ambulância, numa cadeira de rodas reaprende a andar, tem a comidinha no prato e toma banho com ajuda de um adulto, já consegue dar alguns passinhos!

Doze de outubro chegou, o Dia das Crianças. Que felicidade! É um dia especial, a criança que não era esperada cuida da criança que não esperava! O comércio se debate entre a necessidade de aumentar o lucro e a obrigação de proteger os clientes. O capitalismo é o adulto de uma criança indesejada. Meio litro de leite e as compras fiado no Empório da Colonizadora; O desmatamento nas terras da empresa. A pobreza; A riqueza. Quem é a criança?

sábado, 10 de outubro de 2020

UM BOM TEXTO!

             Quando vejo as pessoas curtindo e mandando mensagens pelas redes sociais, comentando sobre os textos que publico, sinto que a responsabilidade aumenta. É meio que um voto de confiança que recebo, aí fico com vontade de plantar mais uma árvore, quer dizer, construir mais um texto que valha a pena ser lido.

E por falar em voto, lembrei das eleições, cada voto é também uma curtida que se dá nas publicações que os candidatos fazem durante a campanha eleitoral. Para se eleger vereador, em Dourados, são necessários umas duas a três mil curtidas, votos. Parece um bom apoio, suficiente para que o escolhido deseje plantar mais árvores, construir um mandato que valha a pena ser lido.

Esta semana li a notícia de que três candidatos, processados e presos por crimes de fraude em processos públicos vão disputar as eleições municipais. Quem curte isso? Não julgo ninguém, mas também não curto atitudes que me desrespeitem ou que de alguma forma gerem prejuízo aos interesses sociais, pois é deles que dependo para ter uma vida mais feliz. Eu quero ser feliz! Quero ler candidatos que tenham vida comprometida com suas publicações. Aí eu curto!

Um texto bem feito também contém metáforas que embelezam o entendimento, tipo: é no xadrez que se paga o mal feito! Outra figura de linguagem bem utilizada é o anacoluto: Eu, se era honesto, nem me lembro! Onomatopeia é quando o político é cobrado das promessas que fez e diz: mmmmmmiii, e vai embora o mais rápido possível. Que tal aquela paráfrase para o dito popular: Cachorro que late não morde, serve bem para: Político que se corrompe não cumpre as promessas.

Pois eu prometo, calma, não sou candidato a cargo público. Eu só prometo que vou caprichar nos meus textos e continuar estudando e lendo bons livros para melhorar o conhecimento e produzir textos agradáveis, mas principalmente ouvir pessoas simples, porque é delas que vem a sabedoria.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

DOIS DIAS NA ALA COVID

             Érica é uma enfermeira muito simpática e competente, assim também o Dione. Onde eles trabalham? Na Ala COVID do hospital Rondon, eu estou nessa Ala cuidando da minha querida, minha querida mãe no alto dos seus oitenta e seis anos de idade, com uma memória brilhante de quem joga canastra quase diariamente, lê livros e escreve diário há vinte anos e só falha quando está assim, tipo na Ala COVID.

Essa ‘Ala’ é um lugar meio assustador para quem assiste noticiário na televisão. Quando cheguei, antes de ontem, quase meia noite, me disseram na recepção que se eu entrasse, e eu teria que entrar, não poderia sair por nada até que minha mãe tivesse alta, se tivesse. Não tinha ninguém à vista na Ala até que abri a porta e lá estava ela, nenhuma linha escrita no diário, dois tubos de soro na veia ligados ao mesmo tempo e aquele canudinho que entra pelo nariz para levar oxigênio ao corpo que dormia depois do remédio calmante.

O quarto que entrei não era um quarto comum, a placa na porta indicava algo absolutamente ameaçador: COVID-19 – SUSPEITO! Bem assim, em letras garrafais que é para todos saberem que ali estava alguém muito perigoso, para se aproximar eram necessários todos os cuidados e paramentos, aproximação só em caso de extrema necessidade, tipo o trabalho dos enfermeiros e uma vez por dia um médico que ostenta orgulhosamente o título de doutor!

Mal o dia clareou e o doutor apareceu, leu a paciente e relatou o parecer: Tua mãe está aqui porque apresentou sintomas parecidos com os dos contaminados pelo vírus dessa pandemia. O teste, ainda não foi feito, mas será se o quadro se agravar ou quando tiver alta, aí é só esperar o resultado em casa, em isolamento. Saiu para só retornar no dia seguinte. Antes que o dia seguinte chegasse, por um dia inteiro convivemos com os incansáveis cuidados da Érica e do Dione.

Mas, o que fazem neste lugar perigoso a Érica que tem dezesseis anos de profissão e o Dione que antes de ser enfermeiro era, isso mesmo, caminhoneiro? Sim, eles fazem a mesma coisa que eu vim fazer, dar a vida pela minha mãe! O doutor acabou de fazer sua visita aos pacientes. Auscultou cuidadosamente o batimento cardíaco e o barulho da respiração, daí falou do resultado da tomografia que recomendara desde ontem. O quadro é favorável, logo mais à tarde será dado alta. O teste para a COVID será feito e o resultado pode ser esperado em casa, em isolamento, claro.

Eu vou para casa, em isolamento por duas semanas, na torcida por não estar infectados e daí a vida segue. No campo de batalha deixo os guerreiros Éica, Dione, Angélica, o doutor e todos que dia a dia enfrentam a COVID com a graça de um dançarino e a determinação de um comandante.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

TÁ CALOR, NÉ?

 Se tem um sujeito teimoso, mais teimoso até do que um alemão, esse sujeito é o clima. A previsão do calor para esta semana, que não anda sendo nenhuma novidade para este inverno, bota os termômetros acima dos quarenta graus e as chuvas nem sinal do ar da graça! Notícia de hoje no jornal Folha de Dourados alerta para falta de água nas cidades porque os rios estão secando.

Nem que eu quisesse não adiantaria eu ser alarmista, há tempos que os cientistas e os cineastas apregoam o fim do mundo que virá fatalmente pelo esgotamento dos recursos naturais. Ditos populares como ‘de mil passará a dois mil não chegará’ fez fanáticos religiosos propagarem o apocalipse para o ano dois mil, já o cinema não se fez de rogado e datou para dois mil e doze o fim da humanidade. Pelo sim, pelo não, já que o mundo não acaba vamos queimando as florestas para extrair do solo toda a riqueza disponível.

Tá calor, né? Se tá! Enquanto escrevo essas mal traçadas linhas vou tomando meu chimarrão, água quente beirando os setenta graus! Teimoso? Claro: alemão! Podia me assentar à sombra das árvores no parque se não estivesse fechado por causa do vírus. O parque tem muitas árvores e embaixo delas o clima é bem ameno, bem ao contrário dos mais de quarenta graus no centro da cidade onde se tiram as árvores para que fique visível a fachada do comércio.

Bem que poderia aparecer um político prometendo ar-condicionado em todo o centro urbano! Tem o caso do candidato que prometeu construir uma ponte e quando lhe disseram que ali não tinha um rio, respondeu imediatamente que mandaria fazem um. Pois bem, dentre todas as maluquices que vi em promessas de campanha, esta semana me deparei com uma que pode até ser verdadeira nessa história de ar-condicionado para o perímetro urbano. Um candidato a vereador promete plantar uma árvore para cada voto que receber no pleito deste ano.

Em meio à tanta destruição da natureza para se desenvolver o capitalismo me vem esse sujeito prometendo plantar árvores! Não disse? Coisas de comunistas! Só pode! Se for eleito terá que plantar milhares de mudas e se não for terá que plantar milhares menos as que faltaram para se eleger, e tem quem já tenha se comprometido em ajudar, e até já escolheram as espécies: ipês e mangas; beleza e alimento. Também ajudo, e só vou parar quando a última muda for fincada no solo.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

TERRIVELMENTE EVANGÉLICO

Tive que me socorrer na memória de um velho amigo e atual candidato a vereador para lembrar o nome do mais folclórico dos políticos de Dourados, o ex-vereador Adenilson Azola ou Azola do Burro. Depois de fazer campanha sem apresentar nenhuma proposta viável, com seu estilo pitoresco, elegeu-se com o voto nulo, isso mesmo, eleitores desiludidos com os políticos de plantão, diziam: não vou votar para ninguém, vou votar no Azola!

Não sei dizer se Azola do Burro era terrivelmente evangélico, acho até que nem religião alguma seguia, não tenho essa informação, mas o fato desse vereador que comia mandioca na sessão do legislativo e propunha a criação de um burródromo ser do mesmo partido que hoje anuncia compor o secretariado terrivelmente evangélico me fez relacionar uma coisa com a outra, claro sem comparar o comportamento de ambos os políticos.

Em 1992, quando Azola foi eleito não havia internet. Atualmente as comunicações fazem surgir políticos com muito menos criatividade, mas com esperteza semelhante. Terrivelmente evangélico é uma expressão copiada a Ministra Damares que assim se expressou para ressaltar o que deveria ser o comportamento dos assessores do presidente Bolsonaro. Fechados num cercadinho, que talvez pudesse ser a expectativa de um burródromo, terrivelmente evangélicos patrocinados pelos políticos de plantão, idolatravam o presidente em cada manhã.

Abandonados à própria sorte, os evangélicos viram Bolsonaro aliar-se ao que tem de pior na política, o grupo denominado Centrão. Algo me diz que um candidato, aqui em Dourados, crê firmemente que os crentes já se esqueceram disso e jura que seus assessores serão terrivelmente evangélicos.

Utilizar do nome de Deus, em vão, já é prática costumeira na política. Ditadores rezavam missa no palácio do planalto enquanto seu governo torturava cidadãos nos porões do DOI-CODI. A grande novidade são os Neocrentes que idolatram o poder e as riquezas, estes, associados a políticos velhacos e a bancada da bala fazem da bíblia um instrumento de emburrecimento do povo em cultos ao deus momo.

E por falar em emburrecimento, lembrei do Azola do Burro e sua proposta de que a prefeitura construísse um borródromo, talvez atualmente um espaço tipo o cercadinho do Planalto onde crentes terrivelmente evangélicos se aglomeravam para idolatrar seu ídolo de barro, ou talvez a desvalorização do ensino, onde se poderia aprender que  Jesus não buscava o poder político, mas o acolhimento das pessoas simples.

sábado, 3 de outubro de 2020

FUI ENGANADO!

Há poucos dias escrevi sobre dois pedreiros que gritavam Aleluia e cantavam hinos de Glória enquanto trabalhava na obra de reforma de um imóvel, ontem voltei ao mesmo local e li para eles a crônica que fiz e foi publicada no jornal. Enquanto lia, um deles levantou-se e ficou excitadíssimo, não acreditava no que estava vendo e ouvindo. Mal acabei a leitura e ele queria me dar um abraço, mas não podia por causa do distanciamento social causado pelo COVID-19, então perguntou se podia orar por mim, disse que sim e ele fez o que sabe fazer e eu me senti abençoado!

E então, fui enganado? Fui, mas não por esses trabalhadores da construção civil. Pessoas como Marcelo e o Geder, que dão gritos de Glória enquanto arrancam, na marreta, as lajotas do piso para substitui-las por outras e derrubam paredes para renovar o ambiente; Seu Davi, que vira o lixo para complementar a insuficiente renda de aposentadoria do INSS; e Seu Zé que cata latas três vezes por semana para garantir o bem-estar das crianças são pessoas com as quais tenho prazer de conversar porque deles vêm, não só a sabedoria e a criatividade para aproveitar cada oportunidade jogada no lixo por quem ainda não entendeu o seu valor, mas a riqueza da sinceridade e a beleza da humildade que trazem pureza para as relações sociais.

O engano anda livremente pelas ruas da cidade e entra pelas residências sem nenhum pudor e vai se apresentando como verdade indiscutível. Alguns meses atrás, uma representante de uma empresa de telefone me ofereceu uma assinatura de internet para a casa e garantiu que funcionaria muito bem atendendo todas as minhas necessidades. Um mês depois pedi o cancelamento. Fui enganado? Comprei, pela internet, um amplificador para ouvir música com mais qualidade e me veio, pelo correio, um aparelho Brivox BP-6152 super grave, que produz mais chiado que som audível. Fui Enganado?

Cancelei o serviço de internet e joguei fora o amplificador de chiados, assim finalizei esses assuntos. Pela televisão fico sabendo que o presidente dos Estados Unidos da América está contaminado do COVID-19. Antes dele, outros líderes que negavam a doença também já tinham se contaminado, inclusive o presidente do Brasil, mas desse já estamos acostumados, mente até nas Nações Unidas!

Os Índios gostam das florestas e as matas estão queimando, então não me espanto de ver alguém dizer que são os indígenas que estão botando fogo, mas uma gripezinha matar mais de um milhão de pessoas e por em isolamento o líder do maior país do mundo? Acho que, de alguma maneira, fui enganado!

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

CONSELHO PARA HOMENS

Os homens estão mesmo precisando de conselhos. Hoje, andando na rua vi um que não sabia mesmo se era homem ou mulher! Se decida, aconselhou outro que já se assumira como outra e estava feliz. Não parei para entrar no assunto, mas o assunto entrou em mim e fomos caminhando pela rua até um barzinho para tomar uma água e refrescar o calor de quarenta graus. Paguei pela água e recebi um bom conselho sobre a necessidade de hidratação, enquanto na mesa do lado de fora da porta dois homens se aconselhavam sobre casamento. Já falei para minha mulher: se o homem não come em casa, come fora!

Parece que as coisas estão meio confusas entre os homens. Não bastasse todas as necessidades de afirmação masculina, agora tem esse movimento feminista que veio para questionar o machismo e ainda mais, incriminá-lo! O feminismo passou a ser aceito socialmente enquanto machismo virou crime! Não entendi. Também não entendi a fúria do homem do bar quando o amigo lhe respondeu que a mulher pode cozinhar para fora se o homem sair para comer.

Devolvi a garrafa de água vazia ao balcão e fui para a rua. Homens e mulheres indo e vindo, cada um com seus trejeitos e necessidades. Fiquei pensando em quem comia fora e quem cozinhava para os outros. É inevitável, quando uma informação entra na cabeça ela se associa com outras semelhantes e vai produzindo ideias. Reparei em todas as pessoas que passavam e fui imaginando suas identidades. Na praça um pregador, de bíblia na mão, dava conselhos ao vento: Olha para ti, será que tu podes julgar os outros? Queres tirar o cisco do olhou de teu irmão, mas a trave que está no teu olho é ainda maior!

Fui ao comércio e comprei basicamente três produtos que me faltavam e era urgente o suprimento. Atendidos meus desejos de consumo, voltei para casa um pouco aflito, pensando em que conselhos daria para mim mesmo, se fosse dar algum. Imediatamente pensei em não dar conselho nenhum que não estou precisando, mas por via das dúvidas liguei para um amigo escritor e ele nem pensou duas vezes, no primeiro pensamento que teve disse que deveria cuidar para não dar conselho algum em minhas escritas, especialmente para homens, pois estes, tomados de razão, esquecem-se que o fruto proibido da árvore do paraíso era justamente o do conhecimento do bem e do mal. Não houve conselho que os impedisse de comer desse fruto prazeroso. É, fruto prazeroso é melhor comer em casa, não no jardim dos outros!

QUANTO É MESMO ETERNAMENTE?

  Num sábado à noite não sei como mensurar o quanto é eternamente, o próprio sábado já me parece eterno, então, se somo a esse eterno a an...