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terça-feira, 6 de outubro de 2020

TERRIVELMENTE EVANGÉLICO

Tive que me socorrer na memória de um velho amigo e atual candidato a vereador para lembrar o nome do mais folclórico dos políticos de Dourados, o ex-vereador Adenilson Azola ou Azola do Burro. Depois de fazer campanha sem apresentar nenhuma proposta viável, com seu estilo pitoresco, elegeu-se com o voto nulo, isso mesmo, eleitores desiludidos com os políticos de plantão, diziam: não vou votar para ninguém, vou votar no Azola!

Não sei dizer se Azola do Burro era terrivelmente evangélico, acho até que nem religião alguma seguia, não tenho essa informação, mas o fato desse vereador que comia mandioca na sessão do legislativo e propunha a criação de um burródromo ser do mesmo partido que hoje anuncia compor o secretariado terrivelmente evangélico me fez relacionar uma coisa com a outra, claro sem comparar o comportamento de ambos os políticos.

Em 1992, quando Azola foi eleito não havia internet. Atualmente as comunicações fazem surgir políticos com muito menos criatividade, mas com esperteza semelhante. Terrivelmente evangélico é uma expressão copiada a Ministra Damares que assim se expressou para ressaltar o que deveria ser o comportamento dos assessores do presidente Bolsonaro. Fechados num cercadinho, que talvez pudesse ser a expectativa de um burródromo, terrivelmente evangélicos patrocinados pelos políticos de plantão, idolatravam o presidente em cada manhã.

Abandonados à própria sorte, os evangélicos viram Bolsonaro aliar-se ao que tem de pior na política, o grupo denominado Centrão. Algo me diz que um candidato, aqui em Dourados, crê firmemente que os crentes já se esqueceram disso e jura que seus assessores serão terrivelmente evangélicos.

Utilizar do nome de Deus, em vão, já é prática costumeira na política. Ditadores rezavam missa no palácio do planalto enquanto seu governo torturava cidadãos nos porões do DOI-CODI. A grande novidade são os Neocrentes que idolatram o poder e as riquezas, estes, associados a políticos velhacos e a bancada da bala fazem da bíblia um instrumento de emburrecimento do povo em cultos ao deus momo.

E por falar em emburrecimento, lembrei do Azola do Burro e sua proposta de que a prefeitura construísse um borródromo, talvez atualmente um espaço tipo o cercadinho do Planalto onde crentes terrivelmente evangélicos se aglomeravam para idolatrar seu ídolo de barro, ou talvez a desvalorização do ensino, onde se poderia aprender que  Jesus não buscava o poder político, mas o acolhimento das pessoas simples.

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