Translate

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

UMA POESIA: TOMARA

             Hoje eu preciso de uma poesia

Tomara eu tenha uma de sonhos,

                        feita na praia

Tomara eu tenha uma de contos,

                       de Sol e de chuva e de brisa

 

Tomara eu veja esse dia

De areia, de folga, de Lua

De Rio, de mar, de Janeiro

Desde a manhã até a noite,

                 um dia inteiro!

 

Tomara o dia não acabe nunca

Tomara eu seja o mundo inteiro

Tomara Mara me veja

E eu seja dela o primeiro!

 

Tomara eu não tenha roupas para vestir

Nem pensamentos a insistir

Tomara a noite respire

a brisa do mar em mim

 

Tomara eu possa balançar

              subir, descer, subir...

e eu me alimente do teu hálito

e viva eternamente assim

 

Tomara seja doce o querer

grande como o mar sem fim

e se a noite, por ventura, amanhecer

que sejamos um dia infinito em mim.

 

Tomara eu não esteja sonhando

Tomara seja lindo

Tomara eu possa ser

                               amado!

 

No Rio

              De Janeiro

              Grande do Sul

              Do Norte

De todos os lugares

 

Lugares de amar

 

Não vou dormir

O sábado não tem fim

Não quero acordar o domingo

Sem mim.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

UMA DATA COMEMORATIVA

É uma delícia de se ver como existem datas comemorativas, eu até já escrevi uma crônica sobre esse assunto, mas agora volto ao tema porque não consigo me conter diante de tanta criatividade, hoje mesmo é Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados. Teve comemoração na mídia, patrocinado por grandes empresas comerciais? Claro que não, isso não dá lucro, danem-se as vítimas! Logo, logo, teremos dia das crianças, finados e Papai Noel, aí sim! Até os mortos são capazes de movimentar a economia!

Fico pensando que data poderia ser comemorada se eu fosse instituir alguma. Pensei em “O dia do Ócio”, não Dia do ócio criativo, como propõe a Universidade Metodista de São Paulo, onde se fazem muitas atividades, mas ócio mesmo, uma data para ser comemorada sem nenhuma comemoração, um dia para que não tenhamos nenhuma atividade, um dia exclusivamente dedicado à preguiça! Poderia ser uma data mundial e todas as nações seriam obrigadas a comemorar esse dia sem fazer absolutamente nenhuma comemoração, nem mesmo motociatas! Tipo aquela música do Raul: O dia em que a terra parou! Claro que seria numa segunda-feira, de preferência chuvosa e fria.

Não vamos fazer elucubrações sobre o que faria o presidente da república neste dia, não faria nada e isso seria muito bom para o país, qualquer país, até aqueles onde o presidente trabalha honestamente, o que não parece ser o nosso caso! A televisão não funcionaria, nem os jornais, nem o transporte público ou privado, nem os restaurantes, nem os hospitais e nem se faria comida nas casas e assim todos seríamos igualmente miseráveis a ponto de não termos o que comer e aprenderíamos como vivem os mais desgraçados da nação, e o que é ainda melhor: ninguém seria capaz de fazer uma Selfie para publicar nas redes sociais porque o telefone celular também não funcionaria! Ai! isso ia ser duro demais! Isso seria como se estivéssemos todos desaparecidos.

O que aconteceria com a Guerra na Ucrânia? Nada! Absolutamente nada, os soldados de ambos os lados ficariam o dia todo sentados à toa, sem disparar um único tiro e buscariam em suas mochilas livros de literatura, quem sabe um Dostoiewski ou um Tolstói. Eu sei, os fabricantes de armamentos tentariam uma grande mobilização de protesto, um dia sem guerra significa um grande prejuízo econômico, mas de nada adiantaria, pois neste dia nem mesmo protestos seriam possíveis. As bolsas de valores e de mercadorias também não funcionariam e nem os mercados, a inflação seria zero e a paz estaria em todos os lugares.

Nesse dia, eu iria trabalhar, escolheria cada palavra cuidadosamente e escreveria uma crônica que seria publicada no dia seguinte e nela eu descreveria todo o silêncio dos automóveis, dos rádios, da televisão, dos celulares e computadores e como esse silêncio permitiu que o ser humano se tornasse original, autêntico, livre de influências externas e assim, despido de qualquer pudor, olhando para o céu e para a natureza se sentisse parte dela. Depois desse dia, talvez não houvesse mais capitalismo.


terça-feira, 23 de agosto de 2022

VIAGEM SEM DESTINO: Kilimanjaro

             


            Uma viagem sempre deveria ter um destino, mas este não era o caso do Raphael, assim mesmo, com “ph”, por ser filho de pai Inglês e mãe Norte Americana, mesmo tendo nascido no Brasil, Raphael foi registrado com esse nome estrangeiro que ele carrega em suas viagens pelo mundo a fora em busca de respostas para perguntas que só faz depois de saber que as respostas efetivamente não existem, então começa a planejar a próxima viagem e gasta a farta mesada que o pai manda dos Estados Unidos, onde mora atualmente e trabalha na embaixada da Inglaterra a serviço da Rainha e do primeiro ministro, a mãe continuou no Rio de Janeiro por um tempo até mudar-se para Campo Grande onde é professora livre docente em uma Universidade e acaba de publicar seu quinto livro sobre filosofia, enquanto isso, Raphael percorre as colinas de Kilimanjaro, no norte da Tanzânia, próximo da fronteira com o Quênia, em busca de perguntas para respostas que não existem.

Raphael embarcou no aeroporto internacional Ueze Elias Zahran, em Campo Grande e nunca se perguntou o porquê desse aeroporto ter esse nome, seria muito óbvio, respostas simples embrutecem as pessoas, dizia. Para os três amigos e a namorada que o levaram até o embarque ele apenas sorriu e deu um leve aceno de mão, virou-se para o corredor, ajeitou a mochila nas costas depois de passar pelo pórtico e do scanner corporal e seguiu em frente em busca de mais um nada em um lugar qualquer da África.

Quando comprou a passagem, decidiu que faria uma estadia de pelo menos um dia na cidade de Dar Es Salaam, no leste da Tanzânia, a maior cidade do país, talvez tivesse alguma resposta para suas perguntas.  Lá desembarcou às dez horas da manhã, almoçou no restaurante The Waterfront Sunset Restaurant & Beach Bar, na Sasany Bay. Pediu frutos do mar e pagou o equivalente a R$ 95,00 pela refeição. Andou pela baía, sempre com a mochila nas costas, e no meio da tarde tomou um lanche e foi para o centro da cidade, visitou Kariakoo Market e a igreja St. Joseph’s Cathedral of Archdiocese of Dar es Salaam. No mercado de Kariakoo quase se divertiu com tanta gente simpática, seu inglês fluente facilitou o contato com os vendedores e a moça da lojinha de Suvenir tinha um sorriso tão lindo que Raphael pensou em chama-la para um café quando findasse o expediente, mas logo chegou um rapaz com jeito apressado, deu-lhe um beijo na boca, e do bolso da calça tirou dois ingressos para o cinema.

Na igreja de St. Joseph entendeu o verdadeiro significado de Dar es Salaam, Lugar de paz. Construída no estilo Gótico e com duas fileiras de bancos vazios mal se ouvia o ruído da cidade e do Porto. Raphael sentou-se no último banco, do lado esquerdo, próximo do corredor e por um minuto olhou fixamente para o altar, queria descansar, andara a tarde toda em busca de perguntas e agora encontrara silêncio por resposta. O que poderia perguntar num lugar assim? Lentamente tirou a mochila das costas e colocou-a a seu lado no banco, passou a mão sobre a mochila para sentir seu conteúdo e pensou que num lugar tão silencioso poderia fumar um baseado e se unir ao nada do vazio do tempo. Fechou os olhos, não podia ter sequer um cigarro de maconha na mochila numa viagem dessas, acordou vinte minutos depois com o padre falando qualquer coisa em Suaíli, disse em inglês que não entendia e o padre perguntou em bom inglês se ele gostaria se confessar.

- No, I was just resting...

- Há muitas coisas das quais precisamos descansar, disse o Padre em tão filosofal, passou levemente a mão paterna pela cabeça de Raphael e dirigiu-se para a sacristia de onde só sairia meia hora mais tarde para a missa vespertina, mas a essa hora Raphael já não estaria mais na igreja.

Essa cidade lindamente estranha que ia passando pelos lados marcava, no relógio da catedral, o tempo de cada passo na rua, tempo que não existe, passos para lugar nenhum em um dia virando noite. As portas do comércio iam fechando possibilidades de vida enquanto a vida fervia nas ruas apressadas em carros e ônibus lutados carregando o peso de mais um dia na cidade. Enquanto os passos da cidade entram no transporte coletivo a noite voraz do tempo veloz engole as pessoas deixando nas ruas a escória da sociedade depositada embaixo dos viadutos e em frente de lojas, rindo da escravidão comercial e chorando a miséria da fome e do desprezo, fumando maconha e praticando o flashblood. “A catedral, há muitas coisas das quais precisamos descansar...”

Raphael jantou no Akemi Revolving Restaurant de onde se tem uma vista maravilhosa da cidade e do mar. Teve que pedir duas vezes a comida porque o garçom esqueceu de efetivar o pedido. Enquanto a comida não chegava, ligou para o pai nos Estados Unidos e agradeceu pelo patrocínio, o pai ficou feliz com a ligação e perguntou se precisava mandar mais dinheiro, Raphael agradeceu e disse que mandaria a conta do cartão, o pai concordou, daí desligou o telefone e Raphael ligou para a mãe, disse para ela que a cidade era linda e que do restaurante dava para ver a cidade toda, a mãe achou tudo muito lindo e disse que já estava outra vez com saudades, daí desligou o telefone e Raphael ficou com aquela certeza de ela iria para o quarto chorar. A janta chegou, finalmente, Raphael pediu mais um copo de vinho, comeu a sobremesa e pôs tudo na conta do carão de crédito, o pai ganha muito bem trabalhando para a Embaixada da Inglaterra.

As ruas de Dar es Salaam estão vazias como a vida de Raphael, aqui e acolá uma escória vivendo no meio da sujeira, são sobreviventes da noite, adaptados à cidade, enquanto todos correm para suas prisões os excluídos mantém as portas abertas, restos de comida abundam pelas lixeiras e restos humanos pelas calçadas, talvez um resto de maconha possa também ser encontrado.

- Can I get something, I have Money here...

A resposta veio em Suaíli, o negro tragou fundo, passou o cigarro para o companheiro, soltou a fumaça lentamente e ficou olhando o nada esfumaçado em sua frente, o companheiro repetiu o ato, o negro disse algo olhando de lado para o branco estrangeiro, o companheiro riu, o negro ficou sério. O negro virou-se, pegou dois baseados prontos e mostrou:

- Five dóllars...

Raphael acendeu o cigarro de maconha e soltou a fumaça pela janela do Golden Tulip Das Es Salaam City Center Hotel, abriu uma cerveja tirada do frigobar e então fez a si mesmo a primeira pergunta dessa viagem: O que fez o filho do Consul da Inglaterra se unir à escória da Tanzânia? Deitou na cama confortável do City e tragou calmamente seu cigarro de maconha, era onze da noite, a mãe estava em casa lendo Terra Sonâmbula do Mia Couto, o pai estava em Nova York tomando whisky na casa do Consul do Brasil e amanhã será dia de morrer em Kilimanjaro.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

O DIA É CHEIO DE OPORTUNIDADES

“As pessoas bem-sucedidas na vida são aquelas que aproveitam as oportunidades. ” Esta é uma daquelas frases típicas dos livros de autoajuda, onde você se delicia com as promessas de riqueza e felicidade que vem das tuas próprias atitudes, como se o mundo já não tivesse se apropriado das oportunidades e deixado só um restinho de esperança a quem se aventurar em busca do sucesso numa mata cheia de arapucas! O escritor e palestrante Ítalo-Americano, OG Mandino talvez seja o cara que melhor entendeu esse negócio, isso mesmo, negócio, de aproveitar a oportunidade, e ficou milionário vendendo a ideia de que basta acreditar e o sucesso virá, livros como: O Maior Presente do Mundo; O Maior Vendedor do Mundo; O Maior Milagre do Mundo; Sucesso: A Maior Missão; O Maior Segredo do Mundo; O Maior Sucesso do Mundo; A Melhor Maneira de Viver; O Maior Mistério do Mundo  e outros mais, abriram os bolsos de milhões de pessoas ao redor do mundo, encheram os corações de esperança e as mentes de ilusões com promessas de sucesso fácil alinhado em regras pré-definidas pelo autor que, claro, encheu sua conta bancária de dinheiro.

O Vendedor de Sonhos, de nosso tempo, certamente é o autor Augusto Cury. Esse médico psiquiatra, professor e escritor decidiu ajudar as pessoas a entender a mente, com sua Teoria Multifocal, e com isso encontrar o caminho do sucesso. Publicou dezenas de livros traduzidos para vários idiomas e, certamente, alcançou seu sucesso pessoal, enquanto que milhares de seguidores continuam tentando entender como isso poderia servir para melhorar, de verdade, o mundo ao seu redor.

Enquanto esses livros ditos de Autoajuda, se tornam uma valiosíssima autoajuda para seus autores, os leitores continuam sendo domesticados para viverem em paz no terreiro do capitalismo, servindo fielmente aos patrões em troca de um torrão de açúcar, uma cenoura, um osso e um belo prato de ração no final do dia, mas não deve comer muito senão não vai ficar vigilante enquanto o patrão dorme com sua barriga cheia!

Tenho para mim que é hora de virar esse jogo e transformar leitores em autores de livros de autoajuda, deixando de lado os best-sellers e escrevendo suas próprias histórias, como se pode ver em filmes memoráveis tipo “Escritores da Liberdade”.

Se tem uma coisa que eu gosto dos livros de autoajuda é que eles nos mostram que a vida é cheia de oportunidades e devemos aproveitar cada minuto para viver o melhor desta vida. Mas, se tem uma coisa que eu, decididamente, não concordo, discordo e desconcordo ao mesmo tempo (!), é que eles nos querem presos à ideia de que as oportunidades são as que o sistema nos oferece. Se tem uma merda nisso, é que o Sistema sempre nos diz o que virá “depois”, não saber o que vem depois é exatamente o que faz com que a vida seja melhor! Perder o controle é o que torna a vida interessante, o legal é exatamente quando não sabemos o que fazer com essa beleza que é o depois, é isso que faz nosso corpo produzir adrenalina, aumenta a excitação e torna tudo mais bonito e desejado.

O momento é o lugar da vida, o pensamento é mera distração!

terça-feira, 16 de agosto de 2022

IMAGINANDO


A vida é veloz

e a realidade passa

voando como o tempo

               como a casa

que fica vazia

 

Veloz como

os filhos

                  que vão

o amor

                  que envelhece

a dor

                 que permanece

na alma veloz

 

Imaginação que voa

o passado acelera

                          o futuro veloz

e eu imagino

                        voando

                        velozmente

Você...

            ... no presente

Voraz!

bebendo em mim

                  o doce

                              leite

 

Entro em ti

o infinito voa

                    veloz em mim.

domingo, 14 de agosto de 2022

ESSA MULHER


                              gostosa

Por onde vai?

                         viver

                                    sonhar

 

Onde?

              eu queria saber

desvendar os sonhos

 

Ela é doce

                          lábios

                                 corpo

                                        prazer!

 

Um copo cheio de aventura

Eu bebo

                 me embriago

de prazer

A boca

                 de luar

 

ESSA MULHER

Que sai do corpo

                  flutua

                             em mim

Deita comigo

suga o meu melhor

             Delícia!

 

ESSA MULHER

Desnuda

Os seios cheios de mim

Me encho de você

Desço até o infinito

E você me quer!

 

Dou vinte

não sei quanto dou...

te dou de mim

tudo o que sou

 

Vou até você

saborear o segredo

doce sabor

do segredo do amor

 

Me encho de ti

você goza em mim

engole meu prazer

 

Quem é você?

Doce mulher!

Sabor de que?

 

Quem é essa mulher?

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

DESISTINDO DE DESISTIR

             Em julho, mais precisamente no dia 24, completei dois anos de publicações, mais ou menos regulares, no jornal Folha de Dourados, foram quase duzentas Crônicas e alguns Contos e eu pensei que já estaria na hora de parar, cuidar do quintal, algumas frutíferas, uma horta em canos de PVC e fazer geleia de jabuticaba, pudim de leite condensado, pão caseiro, uma galinhada de vez em quando e um churrasquinho para os amigos e familiares, mas, fatalmente eu convidaria um ou outro escritor e eles diriam que esse ofício, a escrita, é para a eternidade, não há aposentadoria para quem escreve e eu teria que escrever sobre esse pedido e teria que mandar o texto para a Folha e tudo continuaria como dantes no castelo do Parque Alvorada então, antes que isso aconteça, melhor eu desistir de desistir de publicar no jornal e continuar minhas escritas por mais um ano, a menos que haja um grande protesto de leitores que preferem notícias de mortes, assaltos e assassinatos em vez de um texto literário sem importância!

Fiz um balanço desses dois anos de crônicas e acho que encontrei na primeira publicação a essência de quase tudo que escrevi durante esse tempo. Em “PARAGUAIA” (Publicada em 24/07/2020) depositei todo o desejo do amor impossível sobre um jovem sentado em frente da vitrine de uma loja e, olhando para uma fotografia, dela extraia toda a poesia do amor impossível. Era tempo de pandemia e disso fiz minhas escritas: O amor, o tempo, a pandemia e a poesia, que sem ela não faz nenhum sentido ser um escritor.

Para que não me chamem de alienado, dei uns pitacos na política, que me perdoem os conservadores, mas já é hora dos governantes lerem livros, quem sabe hão de parar com tantas bobagens em suas falações inúteis. Nem digo que leiam Vinícius ou Drummond, mas livros sobre política ou escritos por políticos mesmo, talvez um Canto General do Neruda que era Senador, ou Os Subterrâneos da Liberdade do Jorge Amado que foi Deputado Federal, quem sabe O Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro ou, ainda, Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Júnior, mais do que isso já é pedir demais!

Talvez eu não tenha mesmo o direito de parar de escrever, esse é o meu lugar no mundo, o mundo não me quis de outro jeito, as letras me amaram e eu as amo, nosso relacionamento começou como um namoro quando eu, ainda imberbe, me deliciava com a história que estava sendo escrita por um colega de internato. Alguns anos depois virei “rato de biblioteca” e, há 38 anos publiquei meus primeiros escritos no jornal A Notícia de Amambai, MS, esse casamento já tem filhos dos quais me orgulho: Poesia Verde é um jornal de poesia que fundei em 1988, ainda nos tempos da faculdade, em 1993 veio uma participação de dez páginas em Os Novos Escritores Douradenses, em 2017 o primeiro livro: Josafá; em 2019 o segundo livro: Histórias de Ana Maria e seu Avô; e em 2021 o terceiro livro: Doce Ventura. Estou grávido do quarto livro que tem o título provisório de Mudança de Fase e deve nascer em 2023, enquanto isso curto esse romance com a Folha de Dourados, foi amor à primeira vista e já dura dois anos, divorciar, para quê?

terça-feira, 9 de agosto de 2022

SE VOCÊ QUISER ME FERIR

 

Se você quiser me ferir,

Diga que tenho um filho predileto,

Que nunca fui um bom pai

Nem o marido certo.

 

Se você quiser me ferir,

Diga que sou ineficaz,

Que não tenho iniciativa

E cuidar da família sou incapaz.

 

Se você quiser me ferir,

Ache o mal em minha família

Fale mal das minhas filhas

E que só te fiz sofrer.

 

Se você quiser me ferir,

Invente mentiras para dizer

Que me amaste a vida inteira

E eu é que não tenho prazer.

 

Se você quiser me ferir,

Continue como antes

Elogiando o consumismo

E achando os outros mais importantes.

 

Se você quiser me ferir,

Faça aliança com o capeta

Minhas fraquezas ele irá descobrir

E meu coração você espeta.

 

Mas se depois disso tudo,

Você ainda quiser me ferir,

Diga que quer viver comigo

E das coisas boas usufruir.

 

Mas se algum dia,

Se algum dia

Algum dia...

Me quiseres ver feliz

 

Deixe-me em paz

E sozinho o meu caminho seguir!

ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...