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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

MEGA DA VIRADA



Apostei! E já estou fazendo a distribuição do prêmio: R$ 20 milhões para cada filho; R$ 20 milhões para cada irmão; R$ 50 milhões para distribuir entre os netos; R$ 100 milhões para financiar projetos sociais, incluindo aí projetos políticos e religiosos progressistas. O resto vou gastar à toa. Se eu vou ganhar? É claro que vou. É deste tipo de esperança que vive o povo brasileiro e eu sou um.

Ganhar na mega sena é tão bom quanto aquele primeiro beijo na primeira namorada no primeiro baile na primeira vez que as nuvens estavam sobre o assoalho enquanto a banda tocava Rock And Roll Lullaby nos anos setenta e dançávamos e eu nem sabia do que se tratava a letra da música mas era como se tivesse ganho na mega sena que nem existia ainda e já distribuía o prêmio para o resto dos anos da minha vida e teria a mais linda mulher e filhos e uma fazenda e um carro bacana e seria o homem mais rico e feliz do mundo!

A mega sena é assim: capaz de enricar e empobrecer qualquer um, mais empobrecer do que enriquecer, a probabilidade de acertar as seis dezenas é de 1 em 50.063.860, tipo assim, quase a mesma probabilidade de ficar para a vida toda com aquela primeira namorada do primeiro beijo no primeiro baile e ela ser a mulher mais linda e agradável do mundo e ainda comprar uma fazenda e se o mais rico e feliz dos homens. Mesmo assim apostamos, tanto na mega sena quanto na namorada, sempre dá errado, mas sempre tentamos de novo e temos a esperança de acertar e assim vamos perdendo, perdendo e perdendo até que a morte nos separe de vez.

Mas, tem gente que acerta. Por que não eu? Na mega do ano passado, foram feitas 333 milhões de apostas e teve dois ganhadores. A CAIXA garante que alguém sai do baile com a garota mais linda do ano e pode sonhar com a fazenda, é só pagar o ingresso e piscar o olho: R$ 4,50 por aposta. Bom mesmo é apostar um mês antes e ficar sonhando com a valsa do dia 31! Só de pensar no prêmio já dá um frio na barriga e as ideias flutuam pelo salão imaginário sobre nuvens de algodão e vão subindo ao infinito e além saltitando de estrela em estrela até o Céu se abrir num portal de luzes coloridas, damos piruetas e a garota está sempre sorrindo e entramos no Céu enquanto ela me beija ardentemente e vamos para um lugar ultra secreto fazer planos para vida eterna e quando a Lua escorre o mel a CAIXA nos diz que o sorteio premiou dois ganhadores e não foi eu e o Céu abre um buraco enorme e o despertador toca e é ano novo e a vida velha despenca sobre minha cabeça que dói de tanta cerveja que tomei na festa da família e passei mal e nem sei como fui parar na minha cama.

Esfrego os olhos e tomo um copo de água para curar a ressaca, parece que fui enganado, a cerveja que prometia alegria na festa trouxe dor de cabeça e a mega sena só criou uma ilusão para tomar o dinheiro de 333 milhões de pessoas. Quem ganhou de verdade foram os donos da cervejaria e o banco do governo e eu estou aqui, sonhando com a garota mais linda do baile.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

DOURADOS, 87 ANOS. MAS, E SE...



E se o Brasil não tivesse feito guerra contra o Paraguai entre 1.864 e 1.870, daí não teríamos, nesta semana, as comemorações pelos 87 anos de emancipação de Dourados e seríamos um município paraguaio, falando guarani e espanhol, pertencendo a um país absurdamente desenvolvido e teríamos orgulho de nossa gente e nosso herói seria Francisco Solano Lopes Carrilho.

A Poetisa Guerreira, Odila Lange, fez seu belíssimo canto a esta terra que aniversaria; a lei determinou o feriado e os políticos se derretem em elogios à Terra de Antônio João e aos “heróis” que emprestam nomes às principais ruas da cidade e eu fico a me perguntar: Por onde anda a estátua em homenagem ao ervateiro? Ora, pois, depois de ser retirada do centro da cidade onde parecia destoar, quase ofender, por representar o trabalhador que fez esta região se desenvolver, passou algum tempo literalmente trancada a cadeado no Parque Arnulpho Fioravanti e agora se encontra na Praça Paraguaia, como a resgatar a história que poderia ter sido, caso o Paraguai vencesse a guerra.

Não quis a Poetisa citar nomes nem entrar em polêmicas sobre o heroísmo das personalidades da nossa história, isso cabe aos historiadores, que ainda discutem se o aniversário da cidade seria mesmo em 20 de dezembro. Aos poetas faz bem enaltecer o lugar e cantar as glórias. Fez bem a Guerreira, mesmo assim me atrevo a pensar que se nossa bandeira tivesse um texto em espanhol, tanto a poetisa quanto os políticos teriam os mesmos sentimentos de agora, pois o que muda não é o fervor patriótico nascido dos heróis, mas as oportunidades que dali advieram. Aos poetas o canto ao povo, e aos políticos o poder, independente de quem tenha lutado para a grandeza do lugar. Solano Lopez quis um país industrializado e precisava da matéria prima brasileira, a Inglaterra fazia a revolução industrial e também queria os produtos daqui, venceu quem tinha mais poder econômico e o Paraguai foi dizimado numa luta fraticida promovendo “heróis” como Antônio João, Duque de Caxias e o Conde D’Eu.

É justo celebrar a data, especialmente porque um feriado é sempre bem-vindo, ainda que os comerciantes achem desprezível essa ideia de ter que fechar o comércio às vésperas do Natal, em que se comemora a vida econômica com lucros quase milagrosos num país que se diz cristão e ama, ama de paixão a deus Mamon. Decididamente o comércio não fecha e a data é celebrada nas ruas com grandes investimentos públicos para atrair ainda mais pessoas para a porta das lojas em busca de um colorido apagado para suas vidas e presentes desnecessários para amigos e familiares que por desgraça ainda se sentem obrigados a comprar outro, porque presente não se dá, se vende pelo pagamento de outro que se espera ansiosamente receber.

E as ruas centrais desfilam os nomes dos heróis de fachada em placas sinalizadoras que enchem o ego da elite de satisfação porque ainda conseguem se sobrepor ao verdadeiro heroísmo da classe trabalhadora e dos povos originais que pagaram o preço do “desenvolvimento” com sofrimento quase indescritível como o representado pela estátua do ervateiro, rapidamente retirada do centro da cidade, e pela miséria promovida contra os povos originais, expulsos de suas terras e confinados em aldeamentos desumanos. Dourados conta hoje com uma das maiores reservas indígenas do país e, segundo pesquisa feita pela então estudante de letras (em 2.016) Denise de Oliveira Barbosa Velasco, da Universidade Federal da Grande Dourados, com o título: A Presença e a Motivação de Topônimos Indígenas nas Ruas de Dourados/MS, e publicada na Revista da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras/UFGD, apenas 7 por cento das ruas da cidade têm em seu topônimo palavras de origem indígena e apenas uma presta homenagem a uma pessoa humana, MARÇAL TUPÃ I.



Dourados é a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, que tenhamos mais Denises pesquisando sobre nossos verdadeiros heróis e que nossa elite seja de trabalhadores.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

PARQUE ALVORADA: A PRAÇA

         


    

Quantas praças públicas com alguma infraestrutura de lazer tem em Dourados eu não sei, mas tem uma bela praça no Parque Alvorada, ao lado da Escola Municipal Aurora Pedroso de Carmargo que, além de proporcionar espaço de lazer para a comunidade, com pista de caminhada, campo de areia, quadra de esportes, pista de Skate e parque infantil tem um belo gramado para a comunidade se divertir e até fazer piquenique com a família e amigos, tem, ainda uma boa quantidade de árvores que proporcionam boa sombra para os visitantes. Tererê, chimarrão, refrigerante e até alguns atrevidos tomando o que não deve e fumando o que não pode, se pode, eventualmente, encontrar no local onde entrar com bicicleta e proibido assim como animais, tanto uns como outros circulam livremente pelo local e não tem causado problemas, nem mesmo os racionais.

 


Esse belíssimo espaço, quase um cartão postal da cidade, desde há muito reservado para a praça quase se transformou em um conjunto habitacional pelas ideias de um prefeito fazedor de obras de construção civil mas que se atrapalhou no projeto quando a comunidade dos moradores do Bairro reivindicou a construção da praça. Era década de 1.990, já no segundo mandato do Ex-Prefeito Braz Melo, quando foi criada a Associação dos Moradores do Parque Alvorada - AMPA que substituiria o condomínio até então instituído que limitava as construções a um determinado conjunto de regras e excluía da organização pelo menos metade do Bairro que não tinha asfalto e quase nada de atenção do poder público.

A AMPA, que eu tenho o orgulho de ter participado da fundação e também da primeira diretoria, tinha como presidente à época o Engenheiro Agrônomo Mario Urchei e um grupo de moradores que se associaram para reivindicar melhorias para o Bairro, dentre elas o asfaltamento das ruas, a urbanização das passarelas e claro a Praça, para isso, foi apresentado pela Associação, ao então alcaide Braz Melo vários projetos realizados pelos alunos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tanto para a praça como para as passarelas, sendo posteriormente feita a praça enquanto as passarelas continuam sendo apenas um lugar de passagem, para pedestres, sem investimento público. Os moradores têm se esforçado por manter limpas, a maioria delas, com gramados e árvores frutíferas.



A praça é um dos poucos espaços públicos realmente democráticos. Em meio a espaços privados, cercados por muros, portões eletrônicos, cercas elétricas, câmaras de segurança e chaves, muitas chaves e dispositivos eletrônicos de todo tipo onde moradores se escondem com medo do povo, é nos espaços públicos que todas as classes se encontram e usufruem, especialmente nas praças onde se joga futebol de salão, areia, se anda de skate, faz-se piquenique, se leva as crianças para brincar e fazemos exercícios físicos e caminhadas e até piquenique, tudo democraticamente.



terça-feira, 13 de dezembro de 2022

PÊNFIGO (Antropofagia)

A boca vai sendo engolida

Pela boca

                       dos anticorpos

que deveriam proteger a boca

 

A cabeça vai sendo engolida,

                      o pescoço, as costas

Um corpo que se destrói

Vai comendo o próprio corpo

 

Antropofagia

A carne humana comendo

                         carne humana

o pênfigo ataca os próprios tecidos

autoimune, perdeu a noção do bem

 

A carne viva morre um corpo

O corpo vivo morre a alma

O corpo se alimenta

                 Do próprio corpo.

 

E se desfaz!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

EM DEZEMBRO, ATÉ EU ACREDITO EM PAPAI NOEL!

Amanhã, dia 06, é dia do Neuropsicopedagogo. Esse palavrão quer dizer que existe uma profissão que estuda o funcionamento do cérebro para entender como o ser humano aprende, memoriza e processa as informações. Mais do que compreender o processo de elaboração do pensamento, o profissional se de dedica ao cuidado com a aprendizagem.

Tem uma doença na sociedade corroendo o processo de aprendizagem, não só dos alunos em sala de aula, mas principalmente dos pais em casa que dão celulares nas mãos dos filhos para que eles não os incomodem enquanto estão com seu próprios celulares nas mãos olhando mensagens nas redes sociais sem ao menos se perguntarem se existe algum profissional que possa analisar o estrago que tantas informações pode causar ao cérebro de quem fica horas a fio perdido entre o real e o imaginário das vaidades e das mentiras.

Antigamente se acreditava em Papai Noel e era lindo ficar esperando a noite da véspera do Natal e acordar cedo no dia seguinte para achar os presentes que o bom velhinho gordo, barbudo e barrigudo com uma roupa de frio e um saco nas costas tinha deixado na porta de casa ou no pé da árvore na sala. A gente nunca via ele entrando nas casas, mas era certo que descia pela chaminé e por ali também saia silenciosamente, às vezes batia na porta e quando íamos ver tinha um presente do lado de fora mas o bom velhinho já tinha ido embora, certamente tinha pressa em distribuir presentes para milhares de residências ainda e tinha que ser naquela noite!

Hoje em dia ninguém mais acredita em Papai Noel, mas nas mensagens do Telegram e do WhatsApp, ah! Nessas, todo mundo parece acreditar. Pais que nunca comparecem a uma reunião de escola acreditam que agora os banheiros são unissex e o kit gay está sendo distribuído aos alunos das escolas públicas; Militantes distribuíram à exaustão informações de que as urnas eletrônicas direcionavam os votos para candidatos de esquerda quando os eleitos foram os da extrema direita; Crentes fervorosos e conservadores idolatraram a perversa família Bolsonaro crendo ser um exemplo de vida cristã. E as ruas se encheram de pessoas bem intencionadas, iludidas por uma indústria de mentiras, crendo nas mensagens distribuídas intensamente em grupos de WhatsApp e Telegram, dizendo que haveria uma intervenção militar para “salvar” o Brasil da ameaça comunista. Pessoas marchando, crentes orando e grupos tentando contato com extraterrestres, todos adultos, numa cruzada contra moinhos de vento.

Se tem uma ciência que precisa urgentemente entrar em campo e essa tal de Neuropsicopedagogia, não para explicar aos jovens o porquê de estarem tão perdidos nas redes, mas para acordar os adultos que sempre acreditaram em Papai Noel, que a maioria das informações que se passa em grupos ideológicos são perigosas para o convívio social e atendem a pequenos grupos enclausurados nos Palácios Central ou no Qatar assistindo os jogos do Brasil com um pen drive no bolso.


ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...