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domingo, 27 de novembro de 2022

VARONI NO CASULO

 

Varoni é uma cachaça artesanal produzida em Três Lagoas pelo ex empresário da construção civil Paulo Cesar Varoni e CASULO é um espaço de cultura e arte localizado à Rua Reinaldo Bianchi, 398 no Bairro Parque Alvorada em Dourados. O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada, até o Show “Menestrada” do artista Maringa Borget começar no último sábado, pontualmente as oito horas e trinta e dois minutos da noite, com um pouco mais de meia hora de atraso, sem nenhuma reclamação, para um público quase intimista de vinte e poucas pessoas.

A cachaça Varoni estava lá no palco, devidamente acomodada no fundo de um balaio virado de boca para baixo, fazendo parte do show, literalmente. É que o artista precisa molhar a garganta e água serve só para isso, mas a ‘mardita’ irriga os pensamentos e inspira umas conversas a mais entre uma música e outra e pelo tanto que era bebericada dava para ver que era de boa qualidade! Se o produtor ainda não é patrocinador, deveria ser, a propaganda é boa e a bebida também, no final do espetáculo fui até o palco e provei: deu vontade de adquirir uma garrafa!

No terceiro andar das arquibancadas onde me instalei para assistir ao espetáculo dava quase para sentir o cheiro da música. O espaço é muito bonito, com alguns móveis rústicos, arranjos de flores e objetos de arte, a presença dos artistas é quase um detalhe entre as cores das luzes que fazem um efeito maravilhoso em todo o ambiente, mas quando o show começa, aí logo se vê que valeu os R$45,00 do ingresso. Música brasileira de boa qualidade com canções autorais e interpretações de cantores consagrados da música popular, a viola, o violão de seis cordas, os instrumentos de percussão e claro, Maringa Borget tocando e cantando e encantando davam a impressão que o dinheiro investido no ingresso tinha se multiplicado. Se fosse possível monetizar emoções, eu diria que ficamos ricos em uma hora!

 


Uma hora que passou assim: num estalar de dedos! Uma hora de canções, histórias, aplausos e risos. Uma hora que passou e o artista se despede para voltar em seguida porque o público pede “mais uma”. E o artista volta para cantar mais uma e mais cinco e o público começa a pensar que o show não vai mesmo acabar. Mas o artista se despede pra valer e o show que ia acabar não acaba, continua ali mesmo no palco com o público descendo das arquibancadas, conversando com os músicos, tirando fotos e até tomando uns goles da Varoni, afinal, a propaganda foi convincente!

O show continua porque fora da sala de espetáculos está o pátio, dos espetáculos também. Metade do público se despede e vai para suas casas, outra metade fica porque tem um barzinho da dona Solange que é uma graça e tem um jardim onde estão várias mesas e os artistas se misturam ao público e do público surgem artistas e um novo show de cantorias começam para só terminar... não sei bem que horas, eu “só” fiquei até às três da madrugada e ainda nem paguei minha conta no bar da dona Solange porque ela fechou antes e foi dormir.



Este texto parece propaganda do CASULO, e é, tem coisas que vale a pena divulgar. O simpaticíssimo casal Walter, que conheci sábado e Graciela, que não estava lá mas que conheço há mais de trinta anos, são os donos do local, merecem o elogio, também, a coordenadora dos eventos Júlia e toda a galera que cuida para que tudo fique bem e os convidados tenham um lugar bacana desses onde se pode levar a família sem medo. No local também funciona uma escola de artes, música e teatro e outros eventos, como A feira das Pulgas.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A MISERÁVEL COPA MILIONÁRIA



“Já que tá, que vá” era o nome do nosso time quando disputamos um torneiro de futebol num domingo qualquer de 1.976. Éramos estudantes em Concórdia, SC, e dos trezentos e vinte internos, quase metade torcia para o Internacional e outro tanto para o Grêmio. Disputávamos ‘peladas’ em um campo de futebol society e o campo de futebol sempre estava ocupado com algum time disputando uma partida amistosa. Nosso bom e velho Colégio Agrícola era uma boa metáfora esportiva do nosso Brasil tricampeão mundial de 1.970.

A Seleção que fazia ‘noventa milhões em ação’ tinha vinte e dois jogadores convocados, onze de times paulistas, seis cariocas, quatro de clubes mineiros e um gaúcho, detalhe: Todos jogadores de times brasileiros! O “Guadalajara” invadiu o Brasil” e a Copa do México não tinha um brasileiro sequer torcendo para outro time que não a nossa seleção. Gremistas e colorados torciam por Everaldo do Grêmio, corintianos e palmeirenses torciam pelos jogadores santistas e vice-versa, o país inteiro vibrava porque se sentia representados por jogadores ‘brasileiros’.

Agora, em 2.022, o Brasil só não está fora da Copa do Mundo de Futebol porque três, apenas três jogadores brasileiros foram convocados, dois do Flamengo e um do Palmeiras, nenhum outro time brasileiro teve jogador convocado para a Seleção que vai disputar o título mundial deste ano no Qatar. Isto não é exatamente uma novidade, nas últimas disputas, milhares de brasileiros torceram para outras seleções contra os canarinhos porque não se sentiram representados pelos ‘estrangeiros’ convocados pela CBF. Para ser bem honesto, eu sou desses torcedores descontentes.

A distância que se criou entre torcedores e jogadores não é só geográfica, é também de identidade. Totalmente elitizado, o futebol mundial criou uma casta esportiva que não representa mais nem o futebol amador nem mesmo o profissional da maioria dos campeonatos regionais e mesmo os nacionais, com exceção de pouquíssimos clubes milionários. Patrocinadores e donos de grandes clubes mundiais “exigem” que seus atletas sejam convocados para agregar valor monetário ao jogador e, por conseguinte, ao clube e os milionários dirigentes da bilionária CBF aparentemente entram no jogo e levam para Qatar um bando de riquinhos que nem se importam em cravar as traves de suas chuteiras na alma de dezenas de milhares de operários escravizados na construção dos estádios.

A Anistia Ampla Internacional levantou dados de imigração na última década ao Qatar e informa que em dez anos mais de 15.000 imigrantes morreram naquele país. A imprensa internacional tem verificado que milhares dessas mortes e ainda mais no último ano tem tido relação com trabalho extenuante na construção dos estádios de futebol, com trabalhadores em regime de semiescravidão, vivendo em alojamentos precários, trabalhando até dezesseis horas por dia e recebendo salários indignos.

Entre a miséria e a ostentação, a Copa da FIFA mais se parece com o Coliseu onde Gladiadores divertem as galeras enquanto o Imperador conquista a amizade o povo com Pão e Circo!


sexta-feira, 18 de novembro de 2022

ENGOLINDO O SAPO

             Em 1.987 a maioria de vocês nem tina nascido e eu já estudava na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tive que entrar num curso de ciências para depois ser habilitado em matemática, era assim que funcionava e eu topei e, numa aula de biologia a professora nos levou para o laboratório e abriu um frango para estudarmos os órgãos internos dessa ave e depois da aula perguntou se alguém queria levar os restos mortais para casa e eu me candidatei imediatamente, eu era o mais pobre daquela turma e ninguém se opôs. Enquanto embalava a vítima do meu próximo banquete uma colega de turma perguntou para a professora se era verdade que se colocássemos um sapo numa panela e aquecêssemos a água o sapo não reagiria até ser morto pela fervura e a professora disse que sim, o sapo morreria na própria fervura e sem perceber.

Nesse tempo eu já escrevia uns textos e publicava no jornal, fundamos o Centro Acadêmico e eu fui eleito diretor de cultura e logo criei o jornal do CAM e eu mesmo escrevia tudo que se publicava ali e fui me tornando mais escritor do que cientista, mas jamais me esqueci da fábula do sapo que morre pelo aquecimento da própria água.  Em 1.989 me formei em Ciências e no mesmo ano teve eleições para presidente da República, no segundo turno o saudoso Brizola cravou uma expressão que parecia não fazer nenhum sentido com minha aula de ciências: “Vamos ter que engolir o sapo barbudo! ”.

Agora que todos vocês já nasceram e foram escolarizados e leem os meus textos, é justo dizer que o tempo passou e a fábula do sapo fervido era mesmo verdadeira. Enquanto Brizola morria de enfarto agudo do miocárdio no Rio de janeiro o Sapo Barbudo se banhava em Brasília na banheira do “Mensalão”, devidamente aquecida pelas chamas das vaidades da tendência “Articulação”. Alimentando a fogueira brindavam alegremente em suas capas pretas figurões como José Dirceu, Palocci, Berzoini e outros mais que viriam a formar a Tendência Majoritária, a mesma que acreditava que o ‘Centrão’ pudesse ser domesticado e que políticos canalhas como Michel Temer ou o terrivelmente evangélico Eduardo Cunha poderia ter limite para suas ambições. Haja ingenuidade!

Meu jornalzinho de poesias já está na décima sétima edição e eu continuo escrevendo, até já publiquei alguns livros, minha professora de biologia está aposentada, o Brizola na saudade e a cobra bem alimentada, cobras comem sapos, não comem? Quando o Juiz percebeu que o sapo não morrera na fervura, tratou de apanha-lo p engordar sua própria ambição política. Se o profeta Jonas sobreviveu três dias na barriga da baleira, por que o sapo não sobreviveria 580 dias na barriga do Juiz? Vivo, muito vivo, e fora da panela o sapo assiste de longe a estrema direita botando lenha na fogueira das vaidades. Tomara a água ferva essa nova estupidez e o Brasil engula em paz o Sapo Barbudo!

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

NÃO SEI MAIS ONDE ESTÁ

Meu Neruda

Que me era tão caro

Meu Vinicius

Que eu tanto amava

 

Não sei onde anda

O Drummont e sua Boca de Luar

O Ferreira Gullar e Toda a Poesia!

Por onde tudo isso andará?

 

Esquecido na Utopia do Thomas More

No existencialismo de Sartre

No estranhamento de Camus

Ou na música do Legião Urbana?

 

Não sei por onde está

O humanismo que se perdeu

Entre as bandeiras desfraldadas

De loucura

 

Não sei onde está

Minha utopia

Minha poesia

 

Minha religião

Sangra nas ruas

Verde/amarelas

 

Meu país

Sangra

           Sangra

                           Sangra!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O DIA QUE TEIMA EM CLAREAR

           


          Nem todo dia é teimoso, às vezes ele clareia tão mansamente que quando percebemos já é quase meio dia e vamos tomar café da manhã como se ainda fosse o alvorecer de mais uma esperança firmemente amarrada à estrela d’alva. Vênus esqueceu-se do raiar do Sol e dorme docemente espremendo a conchinha cheia das delícias e o leite derramado nas delícias do fruto proibido esfria a fervura do café. Às onze, os primeiros raios entram pela porta entreaberta, é hora do brunch!

A estrela d’alva não suporta claridade. Estrela é feminina, é dona do amanhecer; estrela d’alva é Vênus, é masculino, é dono do anoitecer; feminino e masculino, o amor não tem sexo, o amor é o sexo! O dia entra pela porta e pela janela, o dia não é amor, é confusão. Os carros na rua entram pelas janelas e a porta leva mais um carro para as ruas. As ruas não têm estrelas, tem buracos, poeira e destinos capitalistas. O mercado celebra mais um dia!

60 trilhões de dólares acordam cada dia 7 bilhões de pessoas. Oito mil dólares para cada um se tudo fosse gasto em leite para ser distribuído em conchinha, masculino e feminino, sobre o fruto da árvore do bem e do mal. O mal acorda o dia e recolhe sessenta trilhões de dólares e faz sete bilhões de pessoas ligarem seus carros e o barulho entrar pelas janelas e o carro sair pelas portas em ruas esburacadas e poeirentas enquanto vênus dorme a quarenta milhões de quilômetros de distância. Vênus é um planeta, é masculino; Vênus é a deusa do amor, é feminino; masculino e feminino, o amor não suporta o capitalismo!

O dia teima em clarear! Todo dia amanhece um ditador adorado e idolatrado na claridade que expulsa Vênus, ditador que jura ser a estrela de Belém! Deus acima de tudo e sessenta trilhões de dólares fazendo o milagre da multiplicação dos fiéis que dormem de conchinha e acordam com as mãos para o alto clamando por leite para o bebê que nasceu miseravelmente e agora já não são mais 7 bilhões, mas sete bilhões e mais um, miseravelmente acrescentando dados estatísticos para mais um dia que teima em clarear.

Se o dia teimar em clarear outra vez, vamos fazer uma revolução. Já sabemos dos bichos que agem por instinto, o dia que clarear suas percepções e eles souberem que existe o bem e o mal escolherão se revoltar e farão a revolução dos bichos; Sabemos que os pobres acreditam que qualquer ajuda suficiente para manter sua pobreza viva parece bastante para louvar quem lhe ajudou, o dia que clarear suas percepções e souberem que 60 trilhões de dólares são muito mais do que as esmolas que recebem escolherão se revoltar e farão a luta de classes; Sabemos que os crentes em geral acreditam em milagres e se mantém de joelhos diante do Espírito, o dia que clarear suas percepções e entenderem que a bíblia tem um livro chamado Atos dos Apóstolos, se revoltarão contra o poder dominante e lutarão por igualdade e o milagre será real; Então o dia será de Vênus e a Estrela d’alva verá um rastro de ódio na porta do Exército e as bandeiras da hipocrisia tremularão em vão!

Viu? Olha pró Céu, a Estrela d’alva! É Vênus, a deusa do amor! Celebremos esta noite e quando estivermos saciados, vamos dormir de conchinha e o leite derramado será de prazer, o prazer da inocência do instinto, da gratidão, da vida e da crença no bem. Amanhã, se o dia ainda teimar em clarear, então será a vez do mal vencer e tudo será como é no mercado!

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

UM SUJEITO IGNÓBIL!

Você deve estar pensando que eu vou falar do presidente Bolsonaro. Não! Desse sujeito nem é preciso falar, né? Quero falar de um sujeito coletivo que, de alguma maneira muito bem definida defende esse sujeito, também ignóbil. E nem é preciso muito esforço mental para entender, basta escorar o sovaco na bengala do tal: “Deus, família e Pátria”. Essas três palavrinhas são muito caras ao povo evangélico. Deus, o todo poderoso, onisciente, onipresente e eterno; Família, estabelecida por Deus e formada por homem, mulher e filhos e indissolúvel; Pátria, país em se nasceu e onde se exerce a cidadania.

O sujeito coletivo a que me refiro não são os cristãos evangélicos em geral, os ditos Crentes, estes são pessoas de boa fé que seguem seus líderes acreditando que eles, tendo estudado teologia, têm uma melhor compreensão do texto bíblico, expressão da verdade, escrito por humanos, inspirado por Deus, útil para o ensino, repreensão, correção e justiça a fim de que o homem seja preparado para toda boa obra.

Eu frequentei igreja evangélica por quase duas décadas! Fui batizado e dizimista por anos, acredito que realmente a palavra bíblica tem orientações muito claras para a vida plena e que Jesus foi o grande exemplo da nova mensagem contida no Novo Testamento. Dito isto, faço agora referência ao Sujeito Ignóbil a que me referi no título. Ignóbil, segundo o dicionário Michaelis, significa: “Que desrespeita as normas sociais, a decência e os bons costumes; abjeto, infame, torpe, vergonhoso”. Coloco no rol desse Sujeito a “Direita” e os líderes religiosos que se identificam com a orientação política do presidente Bolsonaro.

A Direita, que na verdade é extrema direita, é esse amontoado de pessoas muito ricas e estúpidas que usam dinheiro, público e privado, para fazer política a favor de um pequeno grupo social que vai se tornando uma Casta e conta com o apoio de formadores de opinião que se comunicam com os mais pobres a fim de obter apoio popular para seu projeto. Entre o objetivo da elite e a mensagem que chega ao cidadão comum existe um fosso de hipocrisia.

Entre os formadores de opinião estão políticos, empresários, jornalistas, comunicadores sociais, artistas especialmente sertanejos universitários, youtubers, influenciadores digitais, religiosos e uma máquina de fake News, todos alimentados com promessas de dinheiro fácil, fama e poder. Não há nenhuma possibilidade de haver democracia quando quem joga está nos extremos.

Eu já fiz análise de conjuntura muitas vezes e não me surpreende que formadores de opinião sejam cooptados para este ou aquele projeto político, faz parte do jogo, só não posso aceitar que religiosos, teoricamente conhecedores da Palavra, se deixem levar por promessas do Céu no meio do Inferno!

Para ser pastor, é necessário cursar teologia, um curso de estudos bíblicos que prepara o futuro líder religioso com conhecimento profundo dos sessenta e seis livros que compõe o texto base da fé. São quatro anos de estudos e espera-se que os formandos tenham capacidade de compreender pelo menos o básico da palavra de Deus, mas parece que uma doença religiosa tomou de conta das grandes instituições, de modo a que a palavra ficou relegada a segundo plano em questões muito caras ao texto original e as igrejas estão acreditando mais nas fake News da extrema direita do que no Evangelho cristão. É esse sujeito coletivo, o de líderes religiosos que seguem cegamente a extrema direita, que eu chamo de Ignóbil, porque: 1) Segue um líder vergonhoso que desrespeita as regras de sociedade; 2) Idolatra um ser humano e lhe presta culto como se a um deus; 3) Defende uma política de violência contra os mais pobres e oprimidos; 4) Usam o texto bíblico para se locupletar às custas da miséria dos fiéis e 5) Defendem uma economia Liberal, concentradora e excludente quando o texto bíblico (livro de Atos) manda distribuir tudo igualmente para todos.

ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...