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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

ENGOLINDO O SAPO

             Em 1.987 a maioria de vocês nem tina nascido e eu já estudava na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tive que entrar num curso de ciências para depois ser habilitado em matemática, era assim que funcionava e eu topei e, numa aula de biologia a professora nos levou para o laboratório e abriu um frango para estudarmos os órgãos internos dessa ave e depois da aula perguntou se alguém queria levar os restos mortais para casa e eu me candidatei imediatamente, eu era o mais pobre daquela turma e ninguém se opôs. Enquanto embalava a vítima do meu próximo banquete uma colega de turma perguntou para a professora se era verdade que se colocássemos um sapo numa panela e aquecêssemos a água o sapo não reagiria até ser morto pela fervura e a professora disse que sim, o sapo morreria na própria fervura e sem perceber.

Nesse tempo eu já escrevia uns textos e publicava no jornal, fundamos o Centro Acadêmico e eu fui eleito diretor de cultura e logo criei o jornal do CAM e eu mesmo escrevia tudo que se publicava ali e fui me tornando mais escritor do que cientista, mas jamais me esqueci da fábula do sapo que morre pelo aquecimento da própria água.  Em 1.989 me formei em Ciências e no mesmo ano teve eleições para presidente da República, no segundo turno o saudoso Brizola cravou uma expressão que parecia não fazer nenhum sentido com minha aula de ciências: “Vamos ter que engolir o sapo barbudo! ”.

Agora que todos vocês já nasceram e foram escolarizados e leem os meus textos, é justo dizer que o tempo passou e a fábula do sapo fervido era mesmo verdadeira. Enquanto Brizola morria de enfarto agudo do miocárdio no Rio de janeiro o Sapo Barbudo se banhava em Brasília na banheira do “Mensalão”, devidamente aquecida pelas chamas das vaidades da tendência “Articulação”. Alimentando a fogueira brindavam alegremente em suas capas pretas figurões como José Dirceu, Palocci, Berzoini e outros mais que viriam a formar a Tendência Majoritária, a mesma que acreditava que o ‘Centrão’ pudesse ser domesticado e que políticos canalhas como Michel Temer ou o terrivelmente evangélico Eduardo Cunha poderia ter limite para suas ambições. Haja ingenuidade!

Meu jornalzinho de poesias já está na décima sétima edição e eu continuo escrevendo, até já publiquei alguns livros, minha professora de biologia está aposentada, o Brizola na saudade e a cobra bem alimentada, cobras comem sapos, não comem? Quando o Juiz percebeu que o sapo não morrera na fervura, tratou de apanha-lo p engordar sua própria ambição política. Se o profeta Jonas sobreviveu três dias na barriga da baleira, por que o sapo não sobreviveria 580 dias na barriga do Juiz? Vivo, muito vivo, e fora da panela o sapo assiste de longe a estrema direita botando lenha na fogueira das vaidades. Tomara a água ferva essa nova estupidez e o Brasil engula em paz o Sapo Barbudo!

Um comentário:

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