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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O NÃO-TEMPO E O INFINITO

           


            O tempo que efetivamente existe, o tempo presente, este não pode ser medido, o que se mede é o tempo passado e/ou o tempo futuro, e estes não existem, um porque deixou de existir, o outro porque ainda não existiu. Quanto ao tempo presente, este não pode ser medido.

É na matemática que me apoio para demonstrar "matematicamente” a inexistência do tempo. E, a equação é simples: TP (Tempo Presente) = 1/∞ (um dividido por infinito), ou seja, uma parte em relação ao total do tempo que é infinito. É uma fração que “tende” a zero, o que quer dizer que se você, em um determinado momento, tentar medir, não conseguirá, pois no exato momento em que você tentar medir, o tempo já será passado, uma fração 1/∞ de tempo terá passado e no momento  seguinte o valor já será infinitamente menor, sendo impossível determinar o quanto é. Ainda assim, esse instante, que sequer pode ser medido, é mais importante que todo o passado e, também, o futuro!

Tá, mas para que serve isso? Talvez você esteja pensando. Para que se ensina o conjunto dos números irracionais nas escolas? Eu pergunto. Talvez fosse melhor sociologia. Ainda se lembra o que significa osmose? E o dia do fico! Ah, por favor, né! Quem fez ensino médio, certamente já estudou logaritmo. Usou isso algum dia na vida? E raiz cúbica de trinta e um, o cavalo branco de Napoleão, os piolhos da princesa Carlota Joaquina...

Pois eu lhe digo: é nessa exata fração inexata de tempo que depositamos toda nossa energia, geralmente lamentando o passado ou ansiando pelo futuro, daí pensamos estar nos preparando para viver o presente, um presente longínquo que, quando finalmente vir a sê-lo, nada mais será que uma fração 1/∞, ou seja, um nada!

E, é nesse nada que somos ludibriados pelos políticos, roubados pelos banqueiros, extorquidos pelos capitalistas, relegados pela burguesia, excluídos pelo sistema, abandonados à própria sorte pelos médicos, esquecidos nas prisões pelos advogados e enganados pela mídia.

A cada 1/∞ de tempo alguém investe bilhões no mercado financeiro que nada produz, e milhares morrem de fome. Na minha conta, esse nada de tempo pode ser o momento certo para abandonarmos essa corrida dos ratos em que nos enfiaram e dizer um NÃO (bbbeeemmm ggggrrraaaannnnddddeeee) a todo o processo de dominação cultural e olhar ao nosso redor para ver o quanto de belo existe fora das passarelas e o quanto é bom valorizar quem está por perto.

1/∞, é o tempo que você precisa para se libertar!!!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A RAINHA DA BOA VISTA DISSE ADEUS



“Não me acorda que eu estou dormindo!”, essa era apenas uma das dezenas de expressões lúdicas da Rainha no alto dos seus oitenta e oito anos de idade. Nascida em 18 de novembro de 1.933, no distrito de Coqueiros do Sul, RS, mudou-se ainda jovem para a localidade chamada BOA VISTA, na época pertencente ao município de Sarandi, RS onde aos dezoito anos de idade foi eleita a mais bela mulher do lugar, daí o título de Rainha.

“A cerca faleceu!” Descendente de imigrantes alemães, a nossa Majestade, ainda se lembrava de episódios acontecidos durante a segunda guerra mundial. Enquanto nossos valorosos Pracinhas lutavam contra o Nazismo, na pacata Boa Vista as autoridades proibiam que se falasse em alemão, idioma predominante na comunidade. Sem saber da proibição, quando chegou na escola cumprimentou os colegas com um delicioso: Guten Morgen, pelo que foi levada de castigo e informada da dura proibição. No dia seguinte um aluno não compareceu à escola e, quando o professor perguntou para a irmã o motivo dele não ter vindo respondeu, em português, claro: “A cerca do potreiro faleceu!”

Economizando um Patacão! A escola oferecia ensino para as quatro séries iniciais em uma única sala de aula e cada professor lecionava para duas séries ao mesmo tempo. Os salários eram pagos pela comunidade, então os pais contribuíam com um Patacão (equivalente a três patacas, ou seja, 960 Réis) por mês para cada aluno matriculado.  Quando estava no quarto ano, os professores brigaram “feio” no pátio da escola e um deles abandonou as turmas e foi embora. Para que as aulas não parassem de ser ministradas, o remanescente professor procurou o pai da nossa homenageada e pediu que ela ajudasse com o ensino nas duas séries órfãs do briguento fujão, daí em diante não precisaria mais pagar o Patacão de mensalidade. Era uma aprendiz de professora aos dez anos de idade!

Não tinha fotógrafo! Eleita Rainha da beleza de Boa Vista aos dezoito anos, desfilou pelas ruas da cidade, com direito à banda de música, até o salão de baile onde valsou com o virtual futuro marido, um show, só não havia fotógrafo para registrar o momento triunfal. O registro se deu tempos depois quando por ali passara um fotógrafo e pedira hospedagem no salão de baile, que também era pensionato. O buquê foi colhido ali mesmo, das flores que aparecem ao fundo.

No meio do mato. Nove dias de estrada e o caminhão de mudança chegou ao novo destino no dia 25 de junho de 1.952 no pobre reino de Novo Sarandi. Pobre, o reino e a Rainha! Precariamente instalada na Vila e miseravelmente vivendo no meio do mato, em seu “palácio” sempre tinha lugar para mais um, não só desconhecidos que precisavam de acolhimento, mas de filhos que, de um em um alimentavam o desespero de um reino falido. Este escrevinhador é o último da prole, indesejado nascituro no reino, resistiu no serviço da Rainha até o último dia.

 O último suspiro. Depois de cumprir setenta anos de mandato, a Rainha respirou pela última vez. Já idosa, voltava às salas de aulas do ensino fundamental para ministrar aulas de história dos “primeiros tempos”. Foi presidente do Apostolado da Oração, do Bolãozinho, do Clube dos Idosos e nas diretorias dessas entidades contribuiu por décadas. Mas o tempo, este mesmo que não pode ser medido, a não ser no passado, quando já não é, ou no futuro quando ainda não é, este mesmo tempo, cruel e infalível, marcou a data do fim e, a Rainha, a mais bela mulher da Boa Vista, a Princesa do Clube de Idoso Sempre Unidos, daria seu último suspiro.

Estava tão bela a Rainha, deitada em seu caixão, tão suave seu semblante, quase sorria, parecia rir dos que permaneciam neste reino de incompreensões, acho mesmo que estava prestes a receber a Coroa stephanos, incorruptível, para um mandato de glória no Reino da Eternidade. A Rainha da Boa Vista, que neste mundo se chamava Helga Gehlen fechou definitivamente os olhos para as mazelas da humanidade no dia 19 deste fevereiro, nos braços deste escrevinhador.

Até breve, minha Rainha!


sábado, 19 de fevereiro de 2022

A CRÔNICA DA DOR

 A dor que dói,

                         o sentimento,

                                                  solidão.

dói a dor,

                        vazio

     dói!

 

Os olhos

                        fechados

                                               as lágrimas

os olhos

                        não tem olhar

                                               o infinito

 

O tempo

                        é finito

                                               vazio

A dor

                        é infinita

                                              

 

A tristeza

                        é a dor

                                               que dói

a tristeza

                        é infinita

 

Ninguém deve viver além

A ciência não tem direito

                                    de prolongar a dor da alma.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

JUSCELINO MORREU E FOI PRO CÉU (Parte III)

 (OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O texto abaixo é a terceira e última parte de um conto que será publicado no próximo final de semana no jornal Folha de Dourados folhadedourados.com.br. Comente se quiser)

Juscelino andou pela Rua Aurora sem nenhuma pressa. Olhou os jardins das casas e prédios, acenou aos passantes e se interessou quando alguém lhe pediu uma ajuda por favor. Na padaria Pão Gostoso comprou o pão integral que gostava, dois litros de leite de saquinho e umas bolachas de maisena. Ia saindo e a moça do caixa pensou conhecê-lo, quis lembrar seu nome, deu de ombros. Seguiu pelo corredor público até alcançar a Rua Fortaleza, virou à direita e seguiu até o número 3.564 onde parou e olhou cuidadosamente os detalhes da porta antes de girar a maçaneta e entrar.

- Papai, papai...

- Oi filho.

- O vovô já tá dormindo!

- Amor, a janta está na mesa. Crianças já para o banheiro lavar as mãos.

- Vamos filho, coma tudo que hoje vocês brincaram bastante.

- Lá no parque tinha um homem bem legal, ele jogou bola com a gente...

- Depois veio a polícia, queria sabem que era...

- É filho, vocês precisam ter cuidado com estranhos...

- E o vovô quando que ele vai jantar?

- É verdade que o vovô vai viver mil e trezentos anos? Foi a mamãe que falou...

O “Vovô” estava sentado confortavelmente em uma cadeira de balanço, tão confortável que já dormia há mais de meia hora, mas acordou de repente quando o netinho disse que viveria essa infinidade de tempo, quis levantar-se para contestar o garoto, mas sentiu uma presença como se encontrasse consigo mesmo, então recostou-se outra vez na cadeira para mais um sono, mais tarde jantaria seu refogado de abóbora com carne moída.

- Amor, gritou Juliana da cozinha, você comprou pão integral?

- Não, querida, respondeu João. Ia comprar, mas acho que esqueci...

- Mamãe, posso comer um pouco daquelas bolachas de maisena?

 

 

O Sol foi descansar o dia, o banco descansa Juscelino enquanto o parque ilumina o caminho percorrido. O parque não descansa, o parque tem vida, o parque é o Jardim, Juscelino está no parque, a Ciência está perdida nela mesma, não tem descanso. A Ciência ilumina o caminho do parque, têm muitos caminhos, muitas luzes. Juscelino está no parque. Juscelino morreu. Vovô morreu. As luzes do parque mostram o caminho para a Ciência. Segue o caminho, tem muitas luzes no Iluminismo. A ciência prolonga os dias de sofrimento, mas não impede a morte. Vovô morreu e a Ciência continua seu caminho.

- Bom dia Juscelino, me fale do teu pai.

- Eu tinha setenta e dois anos... – Juscelino pôs as mãos nos bolsos e os olhos nos pés, uma árvore cruzou seus passos e outra tocou-lhe as costas levemente. Um bolso deixou a mão direita sair e mostrar ao longe um bando de garças boeiras voando em bando. – Eu tinha setenta e dois anos quando me lembrei, pela última vez, do meu pai. Ele ficou hospitalizado, a Ciência prolongando o seu sofrimento por vinte e cinco dias, e morreu.

- E depois, de que mais você se lembra?

- Daí ouvi meu filho dizer que se eu morresse logo seria um alívio para todos.

- Isso foi ontem, Juscelino. O sofrimento acabou.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

ATCHIM! SAÚDE, R$ 8.000,00 POR ANO.

                 UTI é um desses lugares onde a gente espera nunca ter que passar além da placa e da própria definição: Unidade de Terapia Intensiva. Pois é, hoje entrei numa para ficar pelo menos até amanhã de manhã. Mesmo admitindo que esteja mal, e que, de certa forma esteja necessitando um tratamento intensivo, essa internação é só mais uma daquelas regras que se quebra pelo bom-senso. Minha mãe, oitenta e oito anos, está sob tratamento médico hospitalar e pediu para que o filho pudesse ficar junto dela.

Acabei de ter uma conversa com a simpática Júlia Lionardo, e ela me garantiu que sim, aqui tudo está limpo, muito limpo, ainda assim ela passa o pano em cada cantinho à procura de uma sujeira qualquer que por ventura tenha querido brincar de esconde-esconde. Mal saiu a Júlia, toda sorridente com seus apetrechos de limpeza e entrou o Cristiano Bortoletto, me cumprimentou e fez um breve relato de como foi a cirurgia, um sucesso, mostrou-me o raio-x da prótese que fora colocada para fixar o fêmur que tinha quebrado e disse que a recuperação estava indo bem. O problema agora eram os rins e os intestinos que andavam preguiçosos. Júlia cuida da limpeza, Criatiano é cirurgião, ambos têm o mesmo valor para mim, pois estão cuidando da minha mãe que, aos oitenta e oito anos de idade caiu e quebrou o fêmur, muito próximo do quadril. Sem os cuidados do Cristiano ela não teria mais nenhuma chance de mover a perna, sem os cuidados da Júlia, talvez morresse por infecção hospitalar.

De um lado da cama, um aparelho eletrônico monitora os batimentos cardíacos, a respiração e a pressão arterial, do outro, quatro tubos com medicamento invadem o sistema venoso. Descobri que na equipe de enfermagem tem pelo menos uma atleta, a Luciana está sempre indo e vindo com algum cuidado especial, calculo que em menos de duas horas deve ter feito uma marcha atlética de pelo menos uns dez quilômetros. Exagerei? Perspectiva! A Leonice, a Gabriela a Marilu e a Sabrina completam o Time de enfermagem.

O doutor Maicon veio me dizer o que eu já sabia, que estava difícil “pegar” veia e sugeriu o que eu nem imaginava, “pegar” uma veia no pescoço, a jugular, para um quinto tubo de medicamentos, antes trouxe um aparelho de ultrassom e achou uma veia no braço, não deu, procura-se por uma no pé, também não deu, vai na jugular mesmo. Junto com o Maicon estavam a Luana e Ana e a Naiara e a minha mãe sempre dizendo ai, ai, ai. UTI é um lugar assim, faz jus ao nome: Intensivo!

Quanto custa isso tudo? Bom atendimento é valor intangível, imensurável, adjetive como quiser, mas a estrutura tem custo. Se for público o plano se chama SUS e é custeado por recursos de todos os brasileiros. Neste caso, é privado e mantido por plano de saúde que meus pais mantêm há uns trinta anos e hoje custa aproximadamente R$ 8.000,00 por ano. Caríssimo para a maioria dos brasileiros, barato pelo atendimento. Este lugar se chama Hospital Rondon.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

JUSCELINO MORREU E FOI PRO CÉU (Parte II)

 

 (OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O texto abaixo é a segunda parte de um conto que será publicado assim que estiver concluído. Esta parte é exclusiva para quem lê o blog. Comente se quiser)

Uma algazarra de crianças fez o outro lado do parque voltar os olhos para Juscelino. Tudo estava silencioso há poucos minutos e as crianças pareciam cochichar umas com as outras enquanto brincavam de carrinho transportando montanhas de terra para aterrar o buraco de um tijolo que fora arrancado do muro e por onde poderiam passar perigosíssimos ratos ou baratas muito nojentas. Juscelino tomou a bola delas, que estava abandonada, emprestada e começou a dar embaixadas, daí um dos garotos se aproximou e ficou olhando até que a bola chutou seu pé e ele pulou e gritou de alegria com as três embaixadas que dera. Misteriosamente as obras do aterro foram paralisadas, enquanto uma galerinha fazia o maior fuzuê ao redor daquele moço musculoso e bonitão. Do outro lado do parque, entre os adultos olhos que se voltaram para aquela algazarra, uma boca pegou o telefone e ligou imediatamente para a polícia solicitando providências urgentíssimas, pois havia um adulto muito estranho e bonito brincando com crianças ingênuas e indefesas.

Quando a polícia chegou todas as crianças estavam com o braço esticado e o dedo indicador direcionados para o Leste.

- Recebemos uma denúncia de que havia um adulto estranho brincando com as crianças...

Esclarecido o fato de que o mundo não conhece o paraíso, Juscelino pode, outra vez, andar pelo parque. Mal dera cinquenta passos atléticos e estacou atrás de uma frondosa figueira, por entre as árvores passeava uma conversa de casal, ora para oeste, onde brincavam as crianças em algazarra, ora para o Leste, onde um andador sentara seu amo a um banco solitário e triste. As crianças tinham todos os planos de vitória e riqueza. O andador deveria se conformar com a morte do Amo.

Duas crianças passaram em desabalada carreira para um salto olímpico nos braços do pai e na cintura da mãe.

- Pai, você me ama de verdade?

- Claro que eu te amo, pais amam os filhos eternamente!

- E você, mamãe?

- Eu também, minha filha, desse mesmo jeitinho!

Cheias de orgulho, as crianças voaram para o oeste até que a algazarra as alcançou.

- Se ele morresse logo, seria um alívio para todos nós...

A infância que não o teve na infância, agora o tem infantil na idade adulta!

sábado, 5 de fevereiro de 2022

JUSCELINO MORREU E FOI PRO CÉU - (I)

 (OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O texto abaixo é a primeira parte de um conto que será publicado assim que estiver concluído. Esta parte é exclusiva para quem lê o blog. Comente se quiser)

JUSCELINO MORREU E FOI PRO CÉU

Havia chovido por toda aquela noite e a terra estava encharcada, as árvores ainda pingavam água das folhas enquanto os pássaros acordavam o dia com seus cantos pulando de galho em galho, poças de água se formavam no chão refletindo um céu claro que amanhecera sem uma nuvem se quer! A janela do quarto se abriu no primeiro andar e ainda uma última gota de chuva, vindo do telhado, passou pelos olhos de Juscelino e foi prender-se ao chão onde plantas ornamentais olhavam distraidamente para o bosque de árvores centenárias.

“Âghhhh”, fez Juscelino enquanto se espreguiçava abrindo os braços para o mundo e os olhos para o céu. Mal sabia onde estava, tão bem dormira aquela noite molhada. Dormira sono profundo, acordara quase anestesiado. “Ârghhhh”, flexionou o corpo até o chão e voltou, abriu outra vez os braços. O Sol está um dia lindo! Virou-se e andou até encontrar um “Olá” quase sorridente, depositou sobre o banco do jardim a confiança de que precisava para falar e sorriu: A vida é o infinito no denominador, tende a zero, mas você sempre acha que pode acrescentar mais um!

- Como se sente no teu primeiro dia?

- Meu pai morreu, ele disse e olhou para si mesmo. Ficou em pé para se ver melhor, a roupa estava bem em seu corpo, fechou a mão e puxou o antebraço até próximo do ombro, sentiu os bíceps apertando a manga da camisa, ergueu também o outro braço e sentiu a musculatura do peito. Sim, era jovem ainda, deu dois passos adiante e olhou na poça d´água limpa, viu nela a figura de Narciso.

- Me fale do teu pai...

- A morte é o infinito da vida. - Juscelino deixou essa frase flutuando até o horizonte, foi fechando os olhos aos poucos até que a última letra desaparecesse no infinito. – Desapareceu, ele disse, mas se eu tivesse mais um grau de lente, então poderia vê-la ainda um pouco, e depois mais um grau... Ele não era rico, nem pobre, chamava-se Elpídio, passou a vida inteira esperando pelo dia da morte e, quando ela finalmente chegou, tinha ainda a esperança de acrescentar mais um dia ao seu sofrimento.

- Ah, morte! É quando o tempo que queremos infinito se mostra finito para finalmente ser o que é: infinito!

ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...