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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

JUSCELINO MORREU E FOI PRO CÉU (Parte II)

 

 (OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O texto abaixo é a segunda parte de um conto que será publicado assim que estiver concluído. Esta parte é exclusiva para quem lê o blog. Comente se quiser)

Uma algazarra de crianças fez o outro lado do parque voltar os olhos para Juscelino. Tudo estava silencioso há poucos minutos e as crianças pareciam cochichar umas com as outras enquanto brincavam de carrinho transportando montanhas de terra para aterrar o buraco de um tijolo que fora arrancado do muro e por onde poderiam passar perigosíssimos ratos ou baratas muito nojentas. Juscelino tomou a bola delas, que estava abandonada, emprestada e começou a dar embaixadas, daí um dos garotos se aproximou e ficou olhando até que a bola chutou seu pé e ele pulou e gritou de alegria com as três embaixadas que dera. Misteriosamente as obras do aterro foram paralisadas, enquanto uma galerinha fazia o maior fuzuê ao redor daquele moço musculoso e bonitão. Do outro lado do parque, entre os adultos olhos que se voltaram para aquela algazarra, uma boca pegou o telefone e ligou imediatamente para a polícia solicitando providências urgentíssimas, pois havia um adulto muito estranho e bonito brincando com crianças ingênuas e indefesas.

Quando a polícia chegou todas as crianças estavam com o braço esticado e o dedo indicador direcionados para o Leste.

- Recebemos uma denúncia de que havia um adulto estranho brincando com as crianças...

Esclarecido o fato de que o mundo não conhece o paraíso, Juscelino pode, outra vez, andar pelo parque. Mal dera cinquenta passos atléticos e estacou atrás de uma frondosa figueira, por entre as árvores passeava uma conversa de casal, ora para oeste, onde brincavam as crianças em algazarra, ora para o Leste, onde um andador sentara seu amo a um banco solitário e triste. As crianças tinham todos os planos de vitória e riqueza. O andador deveria se conformar com a morte do Amo.

Duas crianças passaram em desabalada carreira para um salto olímpico nos braços do pai e na cintura da mãe.

- Pai, você me ama de verdade?

- Claro que eu te amo, pais amam os filhos eternamente!

- E você, mamãe?

- Eu também, minha filha, desse mesmo jeitinho!

Cheias de orgulho, as crianças voaram para o oeste até que a algazarra as alcançou.

- Se ele morresse logo, seria um alívio para todos nós...

A infância que não o teve na infância, agora o tem infantil na idade adulta!

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