(OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O texto abaixo é a segunda parte de um conto que será publicado assim que estiver concluído. Esta parte é exclusiva para quem lê o blog. Comente se quiser)
Uma algazarra de crianças fez o outro
lado do parque voltar os olhos para Juscelino. Tudo estava silencioso há poucos
minutos e as crianças pareciam cochichar umas com as outras enquanto brincavam
de carrinho transportando montanhas de terra para aterrar o buraco de um tijolo
que fora arrancado do muro e por onde poderiam passar perigosíssimos ratos ou
baratas muito nojentas. Juscelino tomou a bola delas, que estava abandonada,
emprestada e começou a dar embaixadas, daí um dos garotos se aproximou e ficou
olhando até que a bola chutou seu pé e ele pulou e gritou de alegria com as
três embaixadas que dera. Misteriosamente as obras do aterro foram paralisadas,
enquanto uma galerinha fazia o maior fuzuê ao redor daquele moço musculoso e
bonitão. Do outro lado do parque, entre os adultos olhos que se voltaram para
aquela algazarra, uma boca pegou o telefone e ligou imediatamente para a
polícia solicitando providências urgentíssimas, pois havia um adulto muito
estranho e bonito brincando com crianças ingênuas e indefesas.
Quando a polícia chegou todas as
crianças estavam com o braço esticado e o dedo indicador direcionados para o
Leste.
- Recebemos uma denúncia de que havia
um adulto estranho brincando com as crianças...
Esclarecido o fato de que o mundo
não conhece o paraíso, Juscelino pode, outra vez, andar pelo parque. Mal dera
cinquenta passos atléticos e estacou atrás de uma frondosa figueira, por entre
as árvores passeava uma conversa de casal, ora para oeste, onde brincavam as
crianças em algazarra, ora para o Leste, onde um andador sentara seu amo a um
banco solitário e triste. As crianças tinham todos os planos de vitória e
riqueza. O andador deveria se conformar com a morte do Amo.
Duas crianças passaram em desabalada
carreira para um salto olímpico nos braços do pai e na cintura da mãe.
- Pai, você me ama de verdade?
- Claro que eu te amo, pais amam os
filhos eternamente!
- E você, mamãe?
- Eu também, minha filha, desse mesmo
jeitinho!
Cheias de orgulho, as crianças voaram
para o oeste até que a algazarra as alcançou.
- Se ele morresse logo, seria um
alívio para todos nós...
A infância que não o teve na
infância, agora o tem infantil na idade adulta!
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