Escrevo minha crônica e vou andar de bicicleta, e hoje o faço como um poeta a escavar sentimentos afundados no rio das lembranças onde não deve mexer senão com a maior das maiores das precauções. Esse lugar fixo como um porto seguro, também é perigoso como um campo minado onde eventuais vitórias, deixaram tantas bombas ainda armadas que nem sempre vale a pena o risco de um retorno desavisado.
Aprendi a nadar num domingo, não sei se dia dos pais ou outro
qualquer, e aprendi como o fiz muitas outra vezes, pulando na água sem a
ajuda de ninguém. Se era dia dos pais? Não me lembro! Nesse dia fizemos um piquenique
na barranca do Arroio Fundo. Mergulho fundo nos pensamentos como se mergulha
até o fundo de um rio, com o cuidado de nele mexer o mínimo possível pois há
muita lama e é do meio dela que tiro esse dia. Era dia dos pais? Não me lembro!
Fomos de Jeep e acabrunhado no banco de trás um menino
timidamente olha a paisagem que balança e vai ficando como ficam os tímidos ao
largo da vida que se move pela aventura e camaradagem. Ao volante a figura
paterna, todo orgulhoso do Jeep e da família dentro dele! Era dia dos pais? Não
sei, mas ele estava lá dirigindo a família para o rio, o Arroio Fundo e era dia
de piquenique.
Também era dia de jogo de futebol! Não era o Grêmio que ia
jogar, nem o Inter, era o Ouro Verde e precisava se defendido. Eu tinha, talvez
seis anos de idade, não podia jogar, mas estava lá, o jogo ia começar. Depois
do jogo fomo para o rio, onde aprendi a nadar, foi assim, assim mesmo, saí
correndo e pulei nas águas profundas do Arroio Fundo e me pus a nadar! Como
aprendi? Não sei. Também não sei se aquele dia era dia dos pais!
Talvez eu devesse mesmo admitir que aquele foi o meu dia! Dia de herói que pulou e se pôs a nadar como se já o soubesse. Não, de nada eu sabia, mas naquele dia, pela primeira vez que nadei, também pela primeira vez vi meu pai jogar futebol. Antes do rio teve jogo. O resultado do jogo melhor não lembrar, prefiro garimpar desse fundo de rio das lembranças somente o que de mais precioso encontrar, se do jogo todo nada mais me lembro, uma lembrança nunca mais há de acabar, se era dia dos pais? Não me lembro, mas o goleiro era o meu herói, o meu herói estava lá!
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