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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A MISERÁVEL COPA MILIONÁRIA



“Já que tá, que vá” era o nome do nosso time quando disputamos um torneiro de futebol num domingo qualquer de 1.976. Éramos estudantes em Concórdia, SC, e dos trezentos e vinte internos, quase metade torcia para o Internacional e outro tanto para o Grêmio. Disputávamos ‘peladas’ em um campo de futebol society e o campo de futebol sempre estava ocupado com algum time disputando uma partida amistosa. Nosso bom e velho Colégio Agrícola era uma boa metáfora esportiva do nosso Brasil tricampeão mundial de 1.970.

A Seleção que fazia ‘noventa milhões em ação’ tinha vinte e dois jogadores convocados, onze de times paulistas, seis cariocas, quatro de clubes mineiros e um gaúcho, detalhe: Todos jogadores de times brasileiros! O “Guadalajara” invadiu o Brasil” e a Copa do México não tinha um brasileiro sequer torcendo para outro time que não a nossa seleção. Gremistas e colorados torciam por Everaldo do Grêmio, corintianos e palmeirenses torciam pelos jogadores santistas e vice-versa, o país inteiro vibrava porque se sentia representados por jogadores ‘brasileiros’.

Agora, em 2.022, o Brasil só não está fora da Copa do Mundo de Futebol porque três, apenas três jogadores brasileiros foram convocados, dois do Flamengo e um do Palmeiras, nenhum outro time brasileiro teve jogador convocado para a Seleção que vai disputar o título mundial deste ano no Qatar. Isto não é exatamente uma novidade, nas últimas disputas, milhares de brasileiros torceram para outras seleções contra os canarinhos porque não se sentiram representados pelos ‘estrangeiros’ convocados pela CBF. Para ser bem honesto, eu sou desses torcedores descontentes.

A distância que se criou entre torcedores e jogadores não é só geográfica, é também de identidade. Totalmente elitizado, o futebol mundial criou uma casta esportiva que não representa mais nem o futebol amador nem mesmo o profissional da maioria dos campeonatos regionais e mesmo os nacionais, com exceção de pouquíssimos clubes milionários. Patrocinadores e donos de grandes clubes mundiais “exigem” que seus atletas sejam convocados para agregar valor monetário ao jogador e, por conseguinte, ao clube e os milionários dirigentes da bilionária CBF aparentemente entram no jogo e levam para Qatar um bando de riquinhos que nem se importam em cravar as traves de suas chuteiras na alma de dezenas de milhares de operários escravizados na construção dos estádios.

A Anistia Ampla Internacional levantou dados de imigração na última década ao Qatar e informa que em dez anos mais de 15.000 imigrantes morreram naquele país. A imprensa internacional tem verificado que milhares dessas mortes e ainda mais no último ano tem tido relação com trabalho extenuante na construção dos estádios de futebol, com trabalhadores em regime de semiescravidão, vivendo em alojamentos precários, trabalhando até dezesseis horas por dia e recebendo salários indignos.

Entre a miséria e a ostentação, a Copa da FIFA mais se parece com o Coliseu onde Gladiadores divertem as galeras enquanto o Imperador conquista a amizade o povo com Pão e Circo!


2 comentários:

CHIFRE EM CABEÇA DE CAVALO. EXISTE? EXISTE!

  Já botei no título o que poderia ser uma mentira, a ciência diz que cavalos não tem chifre, nem as éguas, mas na fazenda do Romero, que ...