Em julho, mais precisamente no dia 24, completei dois anos de publicações, mais ou menos regulares, no jornal Folha de Dourados, foram quase duzentas Crônicas e alguns Contos e eu pensei que já estaria na hora de parar, cuidar do quintal, algumas frutíferas, uma horta em canos de PVC e fazer geleia de jabuticaba, pudim de leite condensado, pão caseiro, uma galinhada de vez em quando e um churrasquinho para os amigos e familiares, mas, fatalmente eu convidaria um ou outro escritor e eles diriam que esse ofício, a escrita, é para a eternidade, não há aposentadoria para quem escreve e eu teria que escrever sobre esse pedido e teria que mandar o texto para a Folha e tudo continuaria como dantes no castelo do Parque Alvorada então, antes que isso aconteça, melhor eu desistir de desistir de publicar no jornal e continuar minhas escritas por mais um ano, a menos que haja um grande protesto de leitores que preferem notícias de mortes, assaltos e assassinatos em vez de um texto literário sem importância!
Fiz um balanço desses dois anos de crônicas
e acho que encontrei na primeira publicação a essência de quase tudo que
escrevi durante esse tempo. Em “PARAGUAIA”
(Publicada em 24/07/2020) depositei todo o desejo do amor impossível sobre um
jovem sentado em frente da vitrine de uma loja e, olhando para uma fotografia,
dela extraia toda a poesia do amor impossível. Era tempo de pandemia e disso
fiz minhas escritas: O amor, o tempo, a pandemia e a poesia, que sem ela não
faz nenhum sentido ser um escritor.
Para que não me chamem de alienado,
dei uns pitacos na política, que me
perdoem os conservadores, mas já é hora dos governantes lerem livros, quem sabe
hão de parar com tantas bobagens em suas falações inúteis. Nem digo que leiam Vinícius
ou Drummond, mas livros sobre política ou escritos por políticos mesmo, talvez
um Canto General do Neruda que era Senador,
ou Os Subterrâneos da Liberdade do Jorge
Amado que foi Deputado Federal, quem sabe O
Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro ou, ainda, Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Júnior, mais do que
isso já é pedir demais!
Talvez eu não tenha mesmo o direito
de parar de escrever, esse é o meu lugar no mundo, o mundo não me quis de outro
jeito, as letras me amaram e eu as amo, nosso relacionamento começou como um
namoro quando eu, ainda imberbe, me deliciava com a história que estava sendo
escrita por um colega de internato. Alguns anos depois virei “rato de
biblioteca” e, há 38 anos publiquei meus primeiros escritos no jornal A Notícia de Amambai, MS, esse casamento
já tem filhos dos quais me orgulho: Poesia
Verde é um jornal de poesia que fundei em 1988, ainda nos tempos da
faculdade, em 1993 veio uma participação de dez páginas em Os Novos Escritores Douradenses, em 2017 o primeiro livro: Josafá; em 2019 o segundo livro: Histórias de Ana Maria e seu Avô; e em
2021 o terceiro livro: Doce Ventura. Estou
grávido do quarto livro que tem o título provisório de Mudança de Fase e deve nascer em 2023, enquanto isso curto esse
romance com a Folha de Dourados, foi amor à primeira vista e já dura dois anos,
divorciar, para quê?
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