Se eu fosse o dono do tempo esperaria mais uns dias para o dia de hoje, talvez até daria um jeito de apagar uma boa leva de dias para reviver um tempo especial, refazer os dias como deve fazer quem é dono, refazer e refazer outra vez até que cada dia seja perfeito!
Eu decretaria o dia vinte e cinco de outubro feriado nacional,
sou o dono, não sou? Numa das minhas muitas divagações sobre o tempo, imaginei
que cada um tivesse uma vida paralela e o tempo seria individual, mesmo vivendo
em sociedade, assim, as fatalidades da vida não implicariam no tempo dos outros
que em suas vidas paralelas seguiriam sofrendo as consequências de suas
atitudes em seu tempo individual. Se eu fosse o dono do tempo, daria um tempo
individual para cada um e uma chance, só uma, de voltar o tempo. Mas a causa
teria que ser justa, como o é a minha agora.
Hoje estou de aniversário, sessenta e dois anos, mas não é esse
o tempo que desejo voltar. Não posso me queixar, nos últimos quatro meses já
publiquei sessenta e cinco crônicas neste jornal, isso não é maravilhoso? Que
mais eu posso querer do tempo, que não seja escrever e publicar? Esse é o meu
tempo e deste nem uma linha desejo apagar. O tempo me é precioso demais! Se não
fosse pedir demais eu queria mesmo era ter dois tempos sendo contados em
paralelo, o meu tempo e o tempo que quero refazer. Sim, são dois, o meu tempo é
esse dos meus sessenta e dois anos os quais não trocaria jamais pelos meus
vinte e poucos, mas tem um tempo que gostaria de refazer antes deste vinte e
cinco de outubro. Um tempo que nasceu separado de todos os outros, dia vinte e
cinco de outubro nasceu meu presente de aniversário, meu filho que agora me faz
despedir a adolescência, torna-se adulto!
Ele quer fazer dezoito! Não sei se vou autorizar, não estou preparado.
Todos os outros três já passaram, mas sempre tinha pelo menos mais um menor de
idade. Tenho que admitir, não posso mudar o tempo, mas posso manipulá-lo
voltando ao ano passado onde está uma frase: “Ainda que a chuva caia lá
fora, meu filho, há uma razão para eu cuidar de você aqui dentro. O tempo voa
mais rápido que o vento da tempestade e você está tão grande que eu tenho
vontade de ainda te pegar no colo.”
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