Estou aqui, diante do teclado deste computador, pensando na conversa de ontem com meus filhos enquanto espero por aquela inspiração para a crônica que me atarefei de escrever quatro vezes por semana nem que tenha já acabado o programa eleitoral e haja uma certa escassez de bobeiras nas falações dos políticos, dos quais sempre se pode tirar uma história que, mesmo não sendo boa, seja pelo menos inusitada e vire meme nas redes sociais.
Quanto aos meus filhos, já os ando preparando para que ouçam
repetidas histórias deste já idoso escrevinhador. E idosos são assim, todos que
tem pelo menos um na família, e quase todos tem um, sabe que quando a pessoa
para construir histórias novas começa a contar repetidamente as antigas numa
tentativa de reviver cada instante da vida que lhe pareceu ter valor de
memória. Assim também os políticos no horário eleitoral e nos comícios, que
este ano foram diferenciados com esse vírus que certamente vai virar história
para muitos destes jovens contarem repetidamente quando forem idosos.
Eleitores são quase como filhos, ouvem histórias repetidas pelos
velhos políticos que desde há muito se tornaram incapazes de construir o que
prometem e continuam repetindo na certeza que os filhos serão compreensivos e
lhe darão a atenção necessária e o voto na urna até que um dia a urna se feche
na capela mortuária e então não será mais necessário ouvir-lhe os ditos
iluminados e jamais realizados.
Enquanto espero pacientemente por alguma inspiração, fico a
lembrar do bate-papo familiar de ontem quando lembrei de ter perguntado ao meu
caçula se já teria contado a história que tencionara contar-lhe outra vez. Já
pai, ele disse, e riu! Ainda não cheguei no tempo de somente recordar, mas já
ando precavido quanto às repetições. Rimos e o primogênito fez a comparação
ideal. É que acostumado a conversar e olhar novidades no celular ao mesmo
tempo, trouxe, numa frase, para a reunião familiar o resultado do pleito
eleitoral: O povo parece que cansou das histórias repetidas!
Não que tenha fechado a urna mortuária na capela do Cemitério
Municipal, mas acho que talvez certos políticos incertos tenham aproveitado
essa crise na saúde pública para entender que seus métodos estão adoecidos e o
povo, finalmente decidiu pelo distanciamento social e o uso da máscara que figurativamente
antes lhes pertencia!
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