Meio embebecido por um Vinicius, encaro este teclado para, de
alguma maneira cumprir meu papel de escrevinhador de crônicas, e fazer com que
as palavras se alinhem de um jeito que agrade aos eventuais leitores
esperançosos de uma história bem contada.
Não que me falte histórias para contar, longe disso, os tempos
atuais abundam em inspirações, desde ministérios sem ministros até as ilusórias
regras de distanciamento social existem infinitas possibilidades de se aglomerar
em festas esporádicas neste país maravilhoso e continental.
Mas, não posso deixar de olhar, de vez
em quando, para o poetinha que se casou doze vezes e até o último continuava
cantando o amor ‘que seja infinito enquanto dure’. Posto que é chama, há de se
findar como há de acabar os radicalismos de qualquer extrema que se queira
nomear fazendo florescer o entendimento entre as pessoas nessa estrada em que
não ando só.
Sei que há quem prefira os economistas
aos poetas, que fazer, ‘se todos fossem iguais a você’, que graça teria viver.
Entre o mercado e as palavras, os sentimentos de segurança balançam hora para o
ouro e a prata, atrativos de ladrões e salteadores, hora para o amor e a graça
atrativos de sonhadores e aventureiros. ‘Teu caminho é de paz e amor/ Abre os
teus braços e canta/ A última esperança/ A esperança divina/ De amar em paz.’
Bem que poderia ser sábado e a Academia
de Letras organizaria um Sarau de poesia e então levaríamos os economistas para
cantar as bonanças do capitalismo! Não cabem todos dentro, mas do lado de fora
haveria espaço para o canto triste dos excluídos e sua eterna esperança nas
promessas do bolo que haveria de crescer e ser distribuído, inda que em
migalhas.
Por hora, volto meus olhos para o velho
e saudoso Vinicius em sua homenagem a Emmett Louis Till, o negrinho americano
que ousou assoviar para uma mulher branca: “O how I hate to see that evenin’
sun go down...” (Ó como eu odeio ver o
sol da tarde se pôr...) Claro, era uma metáfora! Emmett foi assassinado no
começo da noite. Já se passaram sessenta anos e ainda choramos o entardecer de
negrinhos e pobres e índios que ousam assoviar. Até quando?
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