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segunda-feira, 13 de julho de 2020

CALÇADA

Só aqui em Dourados as calçadas são assim!, esbravejou o angustiado transeunte depois de destroncar o dedão do pé num meio fio construído no meio da calçada, nenhuma outra cidade do mundo tem essas armadilhas! O dedo estava doendo muito e o pé não tinha ideia de onde fora parar o chinelo de dedo depois do acidente. Resolvido a tomar as devidas satisfações, levantou-se e foi bater no portão da casa para exigir a devida reparação pelo dano. Deve ter uma lei que proíba essa porc.... disse o palavrão todo e emendou com mais dois em direção à casa de onde a resposta veio em absoluto silêncio.

Como diz o ditado: ’Não há paciência que sempre dure’. Três palavrões após os dois proferidos anteriormente e a vítima ajuntou uma pedra com o intuito de devolver o prejuízo através da janela que se apresentava há uns três metros de distância. Infelizmente não acertou o vidro, mas descascou a tinta da grade protetora da janela, felizmente tinha uma grade, pois junto com o barulho da pedra ouviu a buzina do carro parado às suas costas. Que é isso cara! Isso é vandalismo! Vandalismo é a m.... dessa calçada. Enquanto falava, virou-se furiosamente para o intruso e deixou à mostra o dedo totalmente inchado e roxo.

Sensibilizado com os palavrões e, também com o dedo destroncado, o motorista saiu calmamente do seu carro pronto a explorar da melhor maneira possível essa oportunidade, quer dizer a prestar alguma ajuda à pobre vítima da calçada, se a pedra tivesse atingido o vidro talvez fosse melhor representar o dono do imóvel. Isso é uma ilegalidade, eu sou advogado, posso entrar com uma ação contra o proprietário.

Feiras as devidas formalidades, com base na Lei Municipal nº 18 de 03 de setembro de 2012, e na Lei Federal nº 10098/2000, o processo tramitou por longos três anos e meio menos dois dias. Convocado para receber o valor da indenização, o cidadão não pode ser encontrado, os vizinhos relataram que depois de longo tempo sem poder trabalhar devido ao pé machucado, ele teria ido embora sem destino.

Não vi, mas contam as más línguas que o dono do imóvel ficou furiosíssimo com a condenação judicial e ainda levou uma multa do setor de fiscalização municipal e teve que refazer a calçada. Muito bravo, teria pegado uma marreta com a qual batia no meio fio quando bateu contra uma pedra e desviando bateu sobre seu pé quebrando três dedos além do dorso.

Ainda bem que é só em Dourados!

 

 

Elairton Paulo Gehlen


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