Só aqui em Dourados as calçadas são assim!, esbravejou o
angustiado transeunte depois de destroncar o dedão do pé num meio fio construído
no meio da calçada, nenhuma outra cidade do mundo tem essas armadilhas! O dedo
estava doendo muito e o pé não tinha ideia de onde fora parar o chinelo de dedo
depois do acidente. Resolvido a tomar as devidas satisfações, levantou-se e foi
bater no portão da casa para exigir a devida reparação pelo dano. Deve ter uma
lei que proíba essa porc.... disse o palavrão todo e emendou com mais dois em
direção à casa de onde a resposta veio em absoluto silêncio.
Como diz o ditado: ’Não há paciência que sempre dure’. Três palavrões
após os dois proferidos anteriormente e a vítima ajuntou uma pedra com o
intuito de devolver o prejuízo através da janela que se apresentava há uns três
metros de distância. Infelizmente não acertou o vidro, mas descascou a tinta da
grade protetora da janela, felizmente tinha uma grade, pois junto com o barulho
da pedra ouviu a buzina do carro parado às suas costas. Que é isso cara! Isso é
vandalismo! Vandalismo é a m.... dessa calçada. Enquanto falava, virou-se
furiosamente para o intruso e deixou à mostra o dedo totalmente inchado e roxo.
Sensibilizado com os palavrões e, também com o dedo destroncado,
o motorista saiu calmamente do seu carro pronto a explorar da melhor maneira
possível essa oportunidade, quer dizer a prestar alguma ajuda à pobre vítima da
calçada, se a pedra tivesse atingido o vidro talvez fosse melhor representar o
dono do imóvel. Isso é uma ilegalidade, eu sou advogado, posso entrar com uma
ação contra o proprietário.
Feiras as devidas formalidades, com base na Lei Municipal nº 18
de 03 de setembro de 2012, e na Lei Federal nº 10098/2000, o processo tramitou
por longos três anos e meio menos dois dias. Convocado para receber o valor da
indenização, o cidadão não pode ser encontrado, os vizinhos relataram que
depois de longo tempo sem poder trabalhar devido ao pé machucado, ele teria ido
embora sem destino.
Não vi, mas contam as más línguas que o dono do imóvel ficou
furiosíssimo com a condenação judicial e ainda levou uma multa do setor de
fiscalização municipal e teve que refazer a calçada. Muito bravo, teria pegado
uma marreta com a qual batia no meio fio quando bateu contra uma pedra e
desviando bateu sobre seu pé quebrando três dedos além do dorso.
Ainda bem que é só em Dourados!
Elairton Paulo Gehlen
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