Um cronista gosta de uma história apaixonante, às vezes ela vem
de onde menos se espera e de um jeito totalmente inimaginável e até confuso.
Felizmente, quando ouço histórias que me parecem interessantes vou logo
acionando o gravador do celular para poder aproveitar o conteúdo com o máximo
de fidelidade. A história que passo a relatar só foi possível pela escuta
atenciosa e grande reflexão. Veja a seguir o que me contou um sujeito de nome
Valdemar enquanto esperava pelo ônibus no ponto da praça central:
Estou completamente apaixonado pela minha prima por parte de
irmão. Seus olhos brilhavam de felicidade, tocou em meu braço e continuou, ela
é linda, cabelos pretos lisos até o meio das costas, mostrou nas costas dele
até onde iam os cabelos da prima, semana passada ela veio visitar meu pai que é
tio dela por parte do primo, que é meu irmão por parte de pai. Mas ela é tua
prima? Indaguei.
Vou explicar, ele disse, minha família é assim: eu tenho um pai
e duas mães, uma que é minha mãe e outra que é mãe por parte de pai, um irmão é
meu irmão, ouros dois são irmãos por parte de mãe e outro, ainda, é irmão por
parte de pai. Meus dois irmãos por parte de mãe têm outros três irmãos, sendo
que um deles é irmão por parte de pai que é pai por parte de mãe. O outro irmão
meu, por parte de pai, tem dois irmãos que são irmãos por parte de mãe e um que
é irmão por parte de mãe, que não é minha mãe. Então essa é a minha família!
A minha prima é prima por parte de meu irmão, que é meu irmão
por parte de pai e primo dela por parte da mãe do meu irmão que não é minha
mãe, só é minha prima por ser prima do meu irmão, se meu irmão não existisse
ela não seria minha prima, de modo que desconsiderando esse parentesco que
existe sem existir mesmo existindo, eu posso namorar com ela. Não posso?
Confesso que fiquei com uma grande dúvida se deveria aconselhar
o namoro para completar a felicidade do casal ou quem sabe considerá-la apenas
prima para não ter que ficar explicando tal situação toda vez que alguém lhe
perguntar se casou com a prima.
Elairton Gehlen
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