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quarta-feira, 29 de julho de 2020

TEM UMA MÚSICA TOCANDO

Aproveito o dia que está frio e faço um chimarrão antes de sentar-me ao computador para a crônica e ouço uma música que vem da rua. Uma espiada pela janela e vejo um gol transportando a melodia como se levasse esperança de que logo poderíamos ver um show do Dagata num barzinho qualquer da cidade.

E esperança é meio que uma ilusão de que as coisas vão ser do jeito que queremos que seja. O casamento está acabando, tem gente que tem esperança de o outro morra e assim haja uma saída ‘honrosa’ e sem necessidade de um longo processo e as infinitas e doloridas reconciliações irreconciliáveis. O problema é que nem um dos dois quer morrer.

A música que veio já iniciada foi-se sem apresentar um fim e deixou na calçada um casal que discutia a relação mais ou menos como se discute o tratamento da COVID-19. De um lado aprovando totalmente o tratamento para a reconciliação definitiva e de outro defendendo o efetivo distanciamento social para evitar o agravamento do quadro já crítico da situação, sem tirar as máscaras, evidentemente.

Cá do primeiro andar do apartamento que aluguei para que meu filho pudesse ir de bicicleta para a escola fico pensando enquanto a melodia faz ondas nos pensamentos: Será que escola, algum dia, vai trocar o rigor das notas avaliativas pela musicalidade das notas que fazem da vida uma agradável e empolgante expectativa do público num show do Dagata naquele barzinho?

Deixo a bicicleta na sacada e vou ao computador pensando na improvável volta das aulas, tomou mais um chimarrão e reflito sobre o amor que algum dia fez música na vida do casal em isolamento afetivo. É uma música que não tem início, com a do gol e quando vemos já vai virando a esquina e não a escutamos mais. Melhor seria não ter provas avaliativas. Quem dera frequentássemos mais o barzinho e as músicas não terminassem nunca.


4 comentários:

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