A matemática é uma daquelas ciências que se o ensino fosse livre e os alunos pudessem escolher qual disciplina estudar, apenas uns cinco por cento escolheriam essa matéria. Não que seja difícil, fácil também não é, mas a aplicação na vida é tão grande que seria quase humilhante viver sem estudar os números e suas operações.
Um grupo de garotas discutiam no intervalo do recreio sobre qual
salgado comprariam de lanche e se tomariam refrigerante ou suco natural. Eu não
posso comer agora, estou acima do peso, qualquer valor a mais que cinquenta e
quatro é acima! Neste caso, salgados e refrigerantes só são aceitos na
inequação peso< 54. A professora buscava cativar alunos para sua
insuficiente turma que até agora contava com apenas quatro alunos.
Professores de Artes, Inglês, e Português se vangloriavam de
suas salas cheias. Até História e Geografia, sem nenhuma importância aparente
nos tempos atuais tinham pelo menos o dobro de alunos da Matemática. Filosofia
e Sociologia tinham sido abolidas e Química ficara restrito ao último ano do
ensino médio.
Ausente da sala dos professores por um longo período em que
buscava atrair mais alunos para sua disciplina, a professora Zuleide pensou uma
estratégia diferente a passou a frequentar a reunião dos colegas nos intervalos
para fazer um desafio: O professor, ou professora que conseguir melhor
demonstrar a importância de sua disciplina dará aulas no lugar do outro por uma
semana!
Desafio aceito imediatamente! Que importância tem a Matemática
para o Português? E História? E Geografia? Pois foi exatamente aí que Dona
Zuleide provou seu valor. Analisemos, disse a professora escrevendo o alfabeto
no quadro, o alfabeto é um conjunto finito formado por 25 letras, se incluirmos
o K e o Y. Esse conjunto finito permite uma quantidade infinita de combinações
de letras que compõe toda a gramática da língua Portuguesa, Inglesa e
muitíssimas outras línguas formando palavras que expressam sentimentos, contam
histórias, marcam territórios, explicam as fórmulas dos elementos químicos e
até descrevem o pensamento filosófico e sociológico que já não se ensina mais
nesta escola.
Por um instante a sala ficou em completo silêncio, ninguém se
atreve a contrapor argumento tão consistente. Por mais um instante o silencio
dominou o ambiente. Já se dando por vitoriosa, a professora Zuleide virou-se
para o quadro onde faria a tabela de suas aulas nas salas dos colegas quando o
sino tocou informando o fim do intervalo. A correria foi grande. Com giz na
mão, Dona Zuleide olhou para a sala vazia e sorriu aquele sorriso gostoso de
quem sabe que venceu, mesmo não levando o troféu da vitória!
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