Não importa o tempo, se é noite, se é dia, tem
sempre um poeta de plantão para fazer os versos necessários. O caso que vou
contar se deu na feira livre quando ela ainda funcionava numa rua da minha
cidade. Para lá se dirigiam milhares de pessoas todos os sábados e domingos
para comprar verduras, frutas, cereais, erva de chimarrão, de tereré, outras
ervas também e comer frango, assado na televisão de cachorro. Muita cerveja,
pasteis, comida japonesa e gente, muita gente, de todo tipo, qualidade e
envergadura.
“Você é o tudo
Que enche o nada
da mina existência e
Transborda no
amor
Que nunca tive,
se fazendo eternidade
Na minha breve
poesia!”
Exclamou ou declamou o poeta olhando o vazio ao
seu redor e não tendo visto ninguém naquela pequena multidão, chorou e das
lágrimas fez sair um rio de emoções que emudeceram por completo os
expectadores. Bateu três vezes na madeira como a pedir silêncio e disse:
“A mais linda
entre todas as estrelas
É a mulher que
amei.
É a dona das
galáxias,
E é por quem
sempre sofrerei!
Não pode me ver,
pois
Há milhares de
anos luz ela está.
Mas eu posso senti-la,
Meu coração a
ela pertence e sempre assim será!
Flying (cantou
em Inglês fluente!)
I thought I
never learn that flying
I thought I’d
spend my whole life trying
For flying is
that ancient art of keeping one foot on de ground.”
Tentei achar uma explicação para aquele
derramar de emoções para um público ansioso por verduras e legumes. Achei uma
cadeira e pedi uma cerveja da barraca mais próxima enquanto o poeta ainda
chorava seu amor impossível. Tomei um gole, olhei por cima do copo e vi o poeta
falando com o público.
“Quem aqui ainda não teve um amor que nunca
teve que atire a primeira pedra. O amor que se dá é o mesmo amor que se recebe
da mesma pessoa para quem se deu o amor. Quem dá o amor que não recebe de volta
não tem o amor, é o amor perdido, é o amor que nunca teve!.”
Tomei o resto da cerveja. Quem aqui ainda não
teve um amor que nunca teve?...
Elairton
Paulo Gehlen
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