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sábado, 27 de junho de 2020

GREVE X COVID-19

Eu fui líder sindical bancário por pelo menos 20 anos, agora quase dez anos depois do último mandato, vejo um paralelo entre nossa luta de classe e a luta contra o vírus do COVID-19. Têm algumas semelhanças que pretendo explorar aqui só para constatar, quem sabe pode fazer sentido.

Uma greve bem sucedida passa por alguns pontos que são fundamentais no combate a uma praga como essa do corona vírus. Países que entenderam o momento crucial para decidir entre o enfrentamento ou a conciliação tiveram sucesso ou fracasso no combate à doença.

Como numa mesa de negociação, do lado patronal está o COVID-19, do outro a massa de pessoas que temem o desemprego, mas sabem, ou deveriam saber, que se não lutarem e fizerem uma paralização forte, ficarão por muito tempo em péssimas condições de vida.

Países são como sindicatos, todos tentam uma negociação para não paralisar a economia. Mas o COVID-19 mostrou-se um patrão radical, daqueles que impõem suas condições, ainda que tenha que dizimar pessoas. Só uma paralização completa pode fazer avançar os direitos dos trabalhadores. Quanto mais forte a paralização, melhor será o resultado na mesa de negociações. Países europeus, onde o ataque patronal, quer dizer, viral foi mais intenso, uma paralisação total reverteu a situação em sete a dez dias e a economia voltou a funcionar.

Por não entenderem a conjuntura ou por má fé mesmo, algumas lideranças entendem que a luta não deva ser radicalizada e buscam exaustivamente a conciliação. Com patrões do tipo COVID-19, e tem muitos desses por aí, é quase um suicídio. O presidente do sindicato Brasil parece ser um desses líderes, desde o início minimizou a luta social, e desmobilizou os trabalhadores organizados nos estados e nos municípios. O patrão, no caso o corona vírus, já gerou, no Brasil, mais de 27 milhões de desempregados e toda a economia está em forte crise.

No sindicato nós tínhamos a compreensão do medo na hora de fazer a greve, tínhamos medo da demissão dos colegas que paralisassem as atividades, mas sabíamos que só uma liderança firme poderia unir os trabalhadores e, unidos seria impossível a demissão, não se demitem todos. Agora entendo o medo dos pequenos empresários que temem a falência dos seus negócios, entendo também o medo dos grandes de perderem sua renda fabulosa. Mas se não tivermos um enfrentamento adequado, perderemos todos.

 

 

Elairton Paulo Gehlen


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