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sexta-feira, 12 de junho de 2020

EU SOU COMUNISTA – PARTE 4 –12/06/2020

Muitos intelectuais e artistas populares foram ou são comunistas. Jorge Amado, Pablo Picasso, Oscar Niemeyer, Eric Hobsbawm, Nelson Werneck Sodré, Milton Santos, Georg Lukács, Paulo Freire, Antonio Gramsci, Jean-Paul Sartre, Florestan Fernandes, Marilena Chauí, Carlos Drummond de Andrade, Bertolt Brecht, José Saramago, Graciliano Ramos, Pablo Neruda, Ferreira Gullar, e tantos outros que se for citar a lista fica longa.

         Por outro lado, por má-fé ou por falta de informação mesmo, vejo muitas postagens generalizando qualquer opositor do bolsonarismo é comunista. Fernando Henrique Cardoso, Padres, Bispos, Sérgio Moro, João Dória, o Presidente da França, qualquer um que se oponha ou divirja do ‘pensamento único’ virou comunista. E o pior é que tem quem realmente acredite nisso!

         Dom Helder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife, dizia: “Se dou esmola aos pobres, me chamam de santo. Se pergunto o porquê de tanta pobreza, chamam-me de comunista”. Eu acho que as duas afirmações são boas e verdadeiras, quando damos esmola, isto é, quando nos dispomos a ajudar as pessoas que precisam urgentemente de apoio, então estamos, sim de alguma maneira nos santificando, pois isso é uma forma de amor ao próximo. Mas quando questionamos o porquê de haver tantos pobres num país tão rico, esse questionamento leva as pessoas a não aceitarem o ‘status quo” social, provoca rebeldia e não aceitação da ordem estabelecida. Naturalmente, quem apoia a ordem estabelecida ou de alguma maneira tira proveito dela, não gosta e vai taxar essas pessoas de rebeldes, ou como se diz atualmente: comunistas.

         Não gosto quando vejo essa generalização, mas entendo que as pessoas se movem mais pelas paixões do que pelo conhecimento. As paixões, de modo geral, são escravizadoras enquanto o conhecimento é libertador. A burguesia tem conhecimento, produzido em escolas particulares e universidades onde seus filhos tem acesso em muitíssimas melhores condições que os mais pobres, eles sabem muito bem pelo que eles lutam, mas para os mais pobres eles não permitem o acesso ao conhecimento, apenas às paixões que vem das novelas, do noticiário que lhes interessa, de programas banais na televisão ou nas rádios comerciais, das escolas públicas sem as mínimas condições de produzir conhecimento e das mídias sociais.

         Eu sou comunista e quero continuar fazendo a pergunta de Dom Helder Câmara: Por que tanta pobreza?

 

 

Elairton Paulo Gehlen


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