Muitos intelectuais e artistas populares foram ou são
comunistas. Jorge Amado, Pablo Picasso, Oscar Niemeyer,
Eric Hobsbawm,
Nelson Werneck Sodré, Milton Santos, Georg Lukács,
Paulo Freire,
Antonio Gramsci,
Jean-Paul Sartre, Florestan Fernandes, Marilena Chauí,
Carlos Drummond de Andrade, Bertolt Brecht,
José Saramago,
Graciliano Ramos, Pablo Neruda,
Ferreira Gullar, e tantos outros que se for citar a lista fica longa.
Por outro lado, por má-fé ou por falta
de informação mesmo, vejo muitas postagens generalizando qualquer opositor do
bolsonarismo é comunista. Fernando Henrique Cardoso, Padres, Bispos, Sérgio
Moro, João Dória, o Presidente da França, qualquer um que se oponha ou divirja do
‘pensamento único’ virou comunista. E o pior é que tem quem realmente acredite
nisso!
Dom Helder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife, dizia:
“Se dou esmola aos pobres, me chamam de santo. Se pergunto o porquê de tanta
pobreza, chamam-me de comunista”. Eu acho que as duas afirmações são boas e
verdadeiras, quando damos esmola, isto é, quando nos dispomos a ajudar as
pessoas que precisam urgentemente de apoio, então estamos, sim de alguma
maneira nos santificando, pois isso é uma forma de amor ao próximo. Mas quando
questionamos o porquê de haver tantos pobres num país tão rico, esse
questionamento leva as pessoas a não aceitarem o ‘status quo” social, provoca
rebeldia e não aceitação da ordem estabelecida. Naturalmente, quem apoia a
ordem estabelecida ou de alguma maneira tira proveito dela, não gosta e vai
taxar essas pessoas de rebeldes, ou como se diz atualmente: comunistas.
Não gosto quando vejo essa
generalização, mas entendo que as pessoas se movem mais pelas paixões do que
pelo conhecimento. As paixões, de modo geral, são escravizadoras enquanto o
conhecimento é libertador. A burguesia tem conhecimento, produzido em escolas
particulares e universidades onde seus filhos tem acesso em muitíssimas
melhores condições que os mais pobres, eles sabem muito bem pelo que eles
lutam, mas para os mais pobres eles não permitem o acesso ao conhecimento,
apenas às paixões que vem das novelas, do noticiário que lhes interessa, de
programas banais na televisão ou nas rádios comerciais, das escolas públicas
sem as mínimas condições de produzir conhecimento e das mídias sociais.
Eu sou comunista e quero continuar
fazendo a pergunta de Dom Helder Câmara: Por que tanta pobreza?
Elairton Paulo Gehlen
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