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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

UM LÍDER DEVE ESTAR NO CENTRO

Seu Jair é uma daquelas pessoas que sabem convencer outras a segui-lo em quase tudo, é aquilo que se pode chamar de líder nato. Por mais que suas decisões sejam desastrosas, tem sempre fiéis escudeiros para apoiá-lo e justificar que alguns insucessos são decorrentes da grande necessidade de tomar decisões muito importantes em curto espaço de tempo e, eventualmente, algumas malsucedidas decisões podem ser estratégicas para que outras tragam um bem maior no longo prazo.

Dentre as muitas formas de se liderar pessoas e situações em que as pessoas dependem de boas tomadas de decisão, estou bem seguro de que tenho um bom exemplo para expor nestas linhas. É o caso do seu Jair, lógico! Fala sempre gesticulando e não titubeia quando quer demonstrar repúdio aos seus oponentes que eventualmente argumentem em contrário. Seu Jair é homem convicto.

Não que seja daqueles a quem se possa elogiar pela capacidade intelectual. Foi mau aluno no ensino fundamental, que na sua época ainda era chamado de primeiro grau. No segundo grau reprovou três vezes na terceira série, mas concluiu o curso fazendo o supletivo. Naquela época, década de 1970, o ainda jovem Jair não queria de jeito nenhum fazer o supletivo, insistia que seria melhor fazer o Exame Madureira, mas tendo este sido extinto ainda em 1969, teve que curvar-se ao mando dos pais que o inscreveram onde se podia concluir mais rapidamente o segundo grau, assim teria alguma chance de ser promovido no exército onde estava prestes a se alistar. Os militares mandam neste país!

No exército, onde entrou como soldado raso, engajou e seguiu carreira até tenente. Queria o posto de general, mas um incidente fez com que encerrasse a carreira militar. Insatisfeitos com o valor dos soldos, o tenente Jair liderou uma pequena revolta e acabou expulso, situação que depois foi revista, mas teve que deixar as tropas levando consigo a promoção para capitão.

O fracasso nunca existe para quem nasceu para ser líder. Fora da farda, Jair entrou para a política e rapidamente formou seu grupo de fiéis seguidores herdados dos tempos da caserna. Depois de anos firmado em discursos inflamados contra fantasmas imaginários, dispôs-se ao cargo maior. Juntou lideranças religiosamente fiéis num grande círculo onde expôs seu plano de poder e convocou as maiores lideranças para a cruzada contra o inimigo.

Feitas as considerações e análises de conjuntura política, pediu opiniões de seus assessores que imediatamente sugeriram que ele deveria postar-se numa grande área no centro, chamada centrão. Mas, ali, gaguejou, ali é um lamaçal!

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

ÀS VEZES É SORTE NÃO TER SORTE!

O meio de semana pode ser surpreendente quando o jogo do amor e sedução começa com um suspense do tipo: às vinte e uma horas, seis minutos e nove segundos vou abrir um portal do tempo... um não tempo... onde tudo é possível!

Já vi e vivi muitas loucuras do amor, mas essa que me chegou a notícia ainda nesta semana, me fez pensar que para que tudo seja possível se deve mesmo anular a possibilidade do tempo, que depois de um tudo, talvez a existência do tempo pode ter um cálculo pro rata tempore daqueles que o juro é de agiota!

Mas, voltemos ao que interessa. Segundo relato fiel de uma das partes, a dona do tempo propôs um jogo do amor onde todas as possibilidades se resumiam a três, e tudo seria possível às nove horas seis minutos e nove segundos da noite, desde que a escolha recaísse sobre a sorte maior escrita nos papeizinhos.

Jovens, e nem tão jovens assim, costumam fazer suas loucuras do amor. Uma orgia pode começar com uma garrafa rodando na mesa até indicar quem deve começar as estrepolias. Um jogo de baralho pode causar ao perdedor o prazer de tirar uma peça de roupa. Quem bebe mais tem direito a certas coisas, se ainda tiver moral para isso ou aquilo, e outros jogos mais. Mas nesta quarta-feira o jogo tinha hora marcada e exclusividade e a sorte estava lançada.

Não tenho a mesma liberdade que teve o felizardo, ou nem tão felizardo, jogador, mas posso, de alguma maneira, compartilhar com o leitor desta crônica, pelo menos uma certa curiosidade em relação as possibilidades apresentadas, já que parece que dentre as escolhas propostas, a sorte recaiu sobre, digamos assim, uma menos censurável num texto público.

Atento ao relógio e ao WhatsApp, onde receberia a mensagem, exatamente no horário marcado deu ares da graça para saber o motivo pelo qual o tempo poderia deixar de existir, então foi convidado a descer as escadas do prédio e entrar num carro estacionado no meio fio. Dentro dele a possibilidade de o tempo deixar de existir numa aleatória possibilidade dentre outras duas. Você não é uma pessoa normal! Disse, procurando entender essa novidade no relacionamento. Não existe normalidade fora do tempo! Respondeu a dona do tempo e apresentou as três possibilidades escritas em papel dobrado.

Entre o desespero de ganhar apenas um selinho e o desespero maior ainda de não ganhar o que estava quase desesperado para ter, a sorte caiu no meio termo. Desconsolado com só abraços e um belo beijo de língua, ainda lutava para conseguir pelo menos uns dez minutos onde tudo é possível, quando dois faróis altos denunciaram o carro da vizinha de apartamento estacionando a trinta centímetros atrás. Aí ficou claro! Às vezes é sorte não ter sorte! 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

CRÔNICA É UMA HISTÓRIA VERDADEIRA

             Minha prima certa vez me perguntou se as crônicas que escrevo são histórias verdadeiras e eu não respondi para que ela ficasse nesse sem saber que faz com que a mulher fique sem argumentos depois de perguntar se o marido já a traíra e ele lhe responde perguntando: se eu disser que não você vai mesmo acreditar? E se eu disser que sim, isso vai te deixar em paz? Pois bem, deixemos de lado a infidelidade do casal e vamos a resposta à minha prima: Sim, crônica, por definição é um texto literário a partir de um fato, o que não significa que seja um relato, mas um texto construído com referência a uma verdade.

Por exemplo, a verdade é que o escritor decidiu comemorar as vendas que seu livro teve no último mês e reuniu alguns amigos numa mesa de bar para beber alguns desses livros vendidos. O Garção perguntou o que desejavam e logo de cara disseram que poderia trazer dois livros de cerveja e mais dois de fritas para acompanhar, tudo por conta do poeta! Uma breve explicação do que seria livros de cerveja e o Garção trouxe a poesia e quatro copos de literatura e duzentas e quarenta páginas de fritas para deleite dos viajantes das letras.

Meia hora bebendo alguns livros, e um grupo de três jovens em pé ao balcão conversavam quase num cochicho enquanto olhavam para o escritor que se dispusera a gastar livros com os amigos. Não bebiam, não tinham dinheiro para beber, mas fizeram uma aposta com um deles que estava sendo observado de canto de olho pela mesa da literatura. Um tapinha no ombro e o jovem de camiseta polo vermelha saiu do grupo e aproximando-se um pouco tímido deu a cartada do seu jogo: o senhor é escritor, não é? Sim. É..., será que o senhor pode pagar uma cerveja para mim? Garção, traz um copo e uma cadeira, aqui do meu lado!

A aposta já estava ganha, mas a surpresa do convite à mesa foi tamanha que o jovem nem conseguia beber as páginas iniciais que pedira, enquanto os outros dois amigos boquiabertos no balcão não sabiam se festejavam a vitória do amigo ou se também buscariam lugar à mesa da cultura regional. Quero que tu me digas, qual é a história por trás desse pedido. História? Sim. Verdadeira? Você me pediu uma cerveja e eu te dei uma verdadeira. É que eu apostei com meus amigos... Eu sei, vi vocês conversando, eu quero saber qual é a tua história verdadeira, eu sou escritor, preciso publicar uma crônica amanhã!

terça-feira, 24 de novembro de 2020

NO AMAPÁ O DIA 21 DE NOVEMBRO DEVERIA SER FERIADO!

             Algumas empresas dão folga para seus funcionários no dia do seu aniversário. Vi notícias de que a Vivo teria instituído esse benefício dando ao empregado o direito de escolher a data mais adequada num prazo de até quinze dias antes ou depois do aniversário. Se todas as empresas adotassem esse sistema de benefício, teríamos um dia de feriado nacional que variaria conforme a data de aniversário de cada trabalhador.

Outros eventos importantes também são registrados nos anais dos poderes legislativos e transformados em dia de folga para todos os trabalhadores, quase todos. A morte brutal de Joaquim José da Silva Xavier gerou o feriado de 21 de abril, quando se espera ansiosamente pelo dia de folga sem nem mesmo saber da importância do evento que gerou tal comemoração.

Os calendários estão cheios de datas comemorativas, mas a maioria, infelizmente, não se transformou em feriados. Até hoje não consegui entender como pode ser feriado o dia 12 de outubro, que celebra uma imagem encontrada no rio por pescadores e à qual se fazem referência muitas curas milagrosas e não se deu o mesmo status de feriado ao dia 20 de novembro, quando se poderia, de alguma forma, homenagear milhares de pessoas que foram verdadeiros mártires nas mãos dos mesmos que veneravam a imagem encontrada no rio.

E por falar em mártires e milagres, os acontecidos no Amapá neste mês da consciência negra está mais para tempos da idade média que os atuais onde o renascimento trouxe luz sobre a cultura ocidental. Com o mês quase completamente às escuras, a vida parece que vai definhando pela falta de água, de alimento, de conservação do pouco disponível, falta laser, segurança, enquanto abundam as desculpas de uma empresa privada que não cumpriu o contratado para a manutenção da energia disponível para a população.

Felizmente, o poder público desfilou por lá num ensaio de voo totalmente ilegal para as regras de trânsito, distribuindo sorrisos e recebendo xingamentos, religando geradores de energia que ainda nada resolveram. Mas tem um fato curioso que pode muito bem ser um belo motivo para um feriado estadual. Bolsonaro anunciou que iria editar uma medida provisória permitindo que o povo do Amapá não pague a conta pela energia que não recebeu!

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

AS MUITAS CORES DA VIDA

Tem uma música, que eu acho muito bonita, que fala que o maior pintor do mundo está pintando a minha história. A música foi composta por um pastor de nome Marcos Lucas Valentin da Silva. A canção fala das muitas cores usadas pelo Criador para que o mundo ficasse mais alegre, não só as cores visíveis, mas a grande diversidade de que foi feito o mundo.

E para colorir de verde a nossa cidade, semana passada eu ouvi um candidato que prometeu plantar uma árvore para cada voto que receberia nas eleições, dizer que vai mesmo cumprir a promessa e plantar 1.490 mudas. Não será com verba pública porque mesmo sendo o décimo mais votado não irá assumir o mandato por falta de votos na legenda, coisas da democracia que às vezes não é lá muito democrática! E se ele cumprir a promessa, prometo plantar pelo menos uma árvore para representar meu voto de fé numa cidade onde pelo menos um candidato irá cumprir a promessa de campanha!

As outras cores podemos atribuir simbolicamente ao arco-íris. Formado por uma infinidade de cores, certamente pintadas pelo maior pintor do mundo, inicialmente foi definido por um dos maiores Físicos da história, o inglês Isaac Newton, tendo somente sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta. O arco-íris é visto sempre que o sol ilumina a chuva e a luz branca do sol atravessa as gotas de água e a refração faz aparecer o espectro de cores. E chuva só tem quando a natureza tem um mínimo de conservação das suas florestas, então, plantar 1.490 árvores ajuda para que possamos continuar admirando o arco-íris de vez em quando.

 Eu sou branco, para fins de estatísticas sobre raça ou cor em pesquisa do IBGE. Esse órgão do governo federal atribui as seguintes opções para cor da pele: branca, preta, parda, amarela ou indígena. Cinco cores, duas a menos que o arco-íris, e convenhamos para indígenas nem se atribui uma cor. Que diferença isso faz também, já que para quem deveria ser o político mais importante desse país apenas uma dessas cinco cores são mesmo vistas e mais uma que talvez seja inspirada nas florestas, habitat preferencial dos indígenas. Segundo declarado pelo nosso presidente para o mundo todo, ele só enxerga as pessoas verdes e amarelas. Coisa de político. Pensa se ele resolve prometer isso na próxima campanha!

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

CONVERSA DE NAMORADOS PELO WHATSAPP

Sabe o que eu quero agora? Perguntou a moça pelo WhatsApp. Não sei, disse o rapaz, mas se você me der uma dica... Não posso, respondeu a moça fazendo suspense como dever ser quando o relacionamento está perto de um compromisso maior e vale mais o desejo do desconhecido que a certeza da insegurança. Hummm... escreveu o rapaz no WhatsApp enquanto pensava em como escolher uma entre as mil possibilidades do querer da moça.

Apaixonados tem essas conversas desentendidas e parece que quanto mais desentendido mais eles se entendem porque os signos que realmente dão sentido não são os códigos linguísticos mas as sensações que o não entendido das palavras provoca fazendo com que esta ou aquele fique absolutamente envolvido com o não saber do outro e o desejo de realizar o desejo. Oi, disse a moça esperando pela resposta do rapaz. Oi, disse o rapaz e perguntou se o que ela queria era medido em centímetros ou em valores monetários.

Não querendo dar a dica, para a brincadeira continuar, mas tendo que responder à pergunta, ela disse que o comprimento existia, mas tinha outros valores de medida e que dinheiro era importante, mas usado de outra maneira que em pagamento direto.

Taí a simplicidade das coisas de quem ama! Se o amor pode ser descrito em cinco linguagens, talvez essa do WhatsApp seja a que vem antes da primeira. Não é uma linguagem propriamente dita, é mais uma espécie de murmúrio quase ininteligível à comunicação verbal, mas tão agradável que é capaz de manter nesse diálogo um casal de namorados por horas a fio.

Tentando racionalizar o pedido, o rapaz pensou em comprar uma pulseira com pedras brilhantes, mas a mesada que recebia dos pais não seria suficiente e a moça sabia disso, de modo que não deveria estar pedindo isso. Talvez um boné de marca que custa cem reais ou um anel. Pensou em quase tudo que ela demonstrara algum interesse na última semana, mas racionalizou que tudo seria pago diretamente com dinheiro, condição descartada por ela quando perguntou sobre o valor monetário.

Com o celular ligado na tomada e o pai chamando da porta para que fosse dormir, a moça chamou o rapaz de meu bobo e completou dizendo que tinha que desligar, mas mandou ainda uma última mensagem para decifrar a charada: O que eu quero, ela disse, já está dentro de mim!

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

OS PREÇOS ESTÃO PELA HORA DA MORTE!

             Foi botar o pé dentro do supermercado e me veio Dona Márcia, uma senhora conhecida de há muito quando ainda existia o Partido Comunista Brasileiro e nós éramos militantes aguerridos, crentes de que fazendo a revolução resolveríamos todos os problemas sociais e viveríamos num país justo, aliás, mais do que um país, viveríamos num mundo de justiça social e paz permanente, pois a revolução é uma causa internacional e comunismo só será viável se implantado no mundo todo.

Aproximou-se com passos confiantes, tomou-me pelo braço e me arrastou para longe dos caixas, pôs as duas sacolas no chão e só então me cumprimentou, como antigamente, chamando-me de camarada e exaltando os trabalhadores que ainda farão a tomada do poder neste país. Qualquer um, disse confiante, qualquer um que fizer compras hoje neste supermercado será um revolucionário em potencial! É preciso ver, camarada! É uma revolta total aí dentro, não há um que esteja satisfeito com os preços, nem mesmo os funcionários, que aliás, nunca foram funcionários, são trabalhadores insatisfeitos com o sistema!

Eu ainda não estava entre os ‘nenhum que estavam insatisfeitos’, com o dinheiro contado, fui às compras. Passei no caixa e paguei aproximadamente o valor que tencionara gastar e saí do supermercado com um pouco mais do a metade das compras que planejei levar para casa. É, os preços estão pela hora da morte!

Dá uma ajuda, moço! Sim, ainda mais se me chamar de moço! Descontei mais alguns produtos das minhas sacolas e segui até o carro levando junto comigo os tempos de mocidade. Há quase quarenta anos, quando era mesmo moço, os ideais revolucionários sangravam nas veias abertas da América Latina e os indígenas andavam pelas ruas pedindo uma ajuda, quase sempre um pão velho nas portas das casas.

Guardei o que me sobrou de compras no carro, bati a porta fui para o lado do motorista, mas não entrei, as mãos não queriam abrir a porta, então as coloquei sobre o capô e fiquei olhando ao redor, só então percebi o que a camarada insistia em me dizer. O estacionamento estava abarrotado de carros relativamente novos e as pessoas dos carros estavam envelhecidas em reclamações dos preços do supermercado. Reconheci uma voz ao longe que, acompanhada de gestos largos dizia: Camarada, é disso que nos alimentamos!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

HOJE É DIA DE CHUVA

Fiquei com vontade de dizer que o dia seria ‘da chuva’ para homenagear essa beleza de tempo úmido e refrescante que temos hoje em nossa cidade. Quem sabe sendo homenageada ela não nos deixa, como o fez desde o ano passado, numa secura que vai aumentado a cada dia e não adianta teimar que nem falta de água na torneira é capaz de fazer crescer a consciência pelo uso racional e também não adianta racionar a água se as nascentes não são preservadas e não adianta preservar as nascentes se o resto é desmatado e envenenado, e chega de não adianta, que enquanto não secar a ganância não tem secura que de conta de elevar o espírito do bolso até a cabeça que é onde deveria estar.

O dia da chuva poderia ser mesmo em novembro, porque setembro e outubro ela ainda está tão tímida que pode querer nem comparecer na data da homenagem e se deixar para dezembro papai Noel não vai quer, janeiro é férias e fevereiro tem o carnaval que nem abaixo de chuva aceitaria uma data afirmativa contra os desfiles ao ar livre, e março, quando as águas já estão a se despedir tem São José e a Enchente das Goiabeiras garantindo o fechamento do verão conforme cantado pelo Tom Jobim.

Então, que tal aproveitarmos que os novos vereadores e prefeitos estão se preparando para o anúncio de medidas de impacto nos início dos mandatos e façamos um abaixo assinado pela internet instituindo em todos os municípios o dia municipal da chuva e comecemos por essa data a construção coletiva de projetos de preservação ambiental já que dia da árvore não vingou e o dia da consciência ambiental, que é dia 22 de novembro, está chegando e ninguém parece estar empolgado com a data, pois a destruição do ambiente natural é meio que um pressuposto para o desenvolvimento capitalista, que aliás não é comemorado oficialmente em dia nenhum, mas proclamado todos os dias!

Deixemos o dia da chuva de lado que ninguém vai se interessar por isso e vamos chover no molhado para dizer que a chuva que interessa mesmo é a chuva de bênçãos, e quando a chuva, de chuva mesmo, faltar, você pode lembrar do profeta que depois de anos de seca olhou para o céu e lá viu uma nuvem do tamanho da mão de um homem e danou a anunciar que a chuva viria, e não é que ela veio mesmo! Pois, tenhamos fé, um dia uma nuvem de sensatez há de aparecer no céu da imbecilidade humana!

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

VELHOS CONTAM HISTÓRIAS REPETIDAS

             Estou aqui, diante do teclado deste computador, pensando na conversa de ontem com meus filhos enquanto espero por aquela inspiração para a crônica que me atarefei de escrever quatro vezes por semana nem que tenha já acabado o programa eleitoral e haja uma certa escassez de bobeiras nas falações dos políticos, dos quais sempre se pode tirar uma história que, mesmo não sendo boa, seja pelo menos inusitada e vire meme nas redes sociais.

Quanto aos meus filhos, já os ando preparando para que ouçam repetidas histórias deste já idoso escrevinhador. E idosos são assim, todos que tem pelo menos um na família, e quase todos tem um, sabe que quando a pessoa para construir histórias novas começa a contar repetidamente as antigas numa tentativa de reviver cada instante da vida que lhe pareceu ter valor de memória. Assim também os políticos no horário eleitoral e nos comícios, que este ano foram diferenciados com esse vírus que certamente vai virar história para muitos destes jovens contarem repetidamente quando forem idosos.

Eleitores são quase como filhos, ouvem histórias repetidas pelos velhos políticos que desde há muito se tornaram incapazes de construir o que prometem e continuam repetindo na certeza que os filhos serão compreensivos e lhe darão a atenção necessária e o voto na urna até que um dia a urna se feche na capela mortuária e então não será mais necessário ouvir-lhe os ditos iluminados e jamais realizados.

Enquanto espero pacientemente por alguma inspiração, fico a lembrar do bate-papo familiar de ontem quando lembrei de ter perguntado ao meu caçula se já teria contado a história que tencionara contar-lhe outra vez. Já pai, ele disse, e riu! Ainda não cheguei no tempo de somente recordar, mas já ando precavido quanto às repetições. Rimos e o primogênito fez a comparação ideal. É que acostumado a conversar e olhar novidades no celular ao mesmo tempo, trouxe, numa frase, para a reunião familiar o resultado do pleito eleitoral: O povo parece que cansou das histórias repetidas!

Não que tenha fechado a urna mortuária na capela do Cemitério Municipal, mas acho que talvez certos políticos incertos tenham aproveitado essa crise na saúde pública para entender que seus métodos estão adoecidos e o povo, finalmente decidiu pelo distanciamento social e o uso da máscara que figurativamente antes lhes pertencia!

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O MOMENTO É INFINITO QUANDO O TEMPO NÃO EXISTE

             Quando você escreve sobre o amor, qual é a medida que você dá para o tempo? Deixei o copo sobre a mesa e olhei para o casal de namorados à minha frente e imaginei quanto tempo mais eles queriam ter para ficar juntos nesta noite. De mãos dadas, tão fortemente, que se o tempo estivesse preso entre as palmas, o próximo segundo seria contado daqui há muito, nem sei o que seria esse muito já tempo não poderia ser, dado ele estar preso entre as mãos dos eternos namorados que o prendiam com a firme determinação de jamais deixar o tempo passar, ainda que fosse um segundo sequer.

A medida que dou para o tempo numa crônica sobre o amor, é o infinito. De tão grande, já não pode ser medido! Com essa resposta, a garota que me olhava como uma aluna atenta em aula de revisão de conteúdo antes da prova, afrouxou a mão, talvez para permitir que o infinito ocupasse o lugar o não-tempo, mas o rapaz, ainda desconfiado puxou as mãos firmemente para si e perguntou se o infinito não seria talvez uma loucura. Sim, respondi, loucura de amor! Seus olhos se abriram enquanto virava o rosto para a bem amada numa expressão de pavor. Isso é loucura, se não posso prender o tempo para que não passe, como posso viver o infinito?

Estamos ficando loucos! Falaram isso tão juntos que parecia terem treinado para uma peça teatral. A garota me olhou desconfiada e perguntou: o que é a loucura para um escritor? A loucura, respondi, é a verdadeira expressão da liberdade! Então, se estamos loucos de amor, estamos completamente livres? Isso é meio apavorante! Sim, respondi como se fosse seu psicólogo, a liberdade é mesmo apavorante.

Eu quero a liberdade, disse o rapaz tomando as mãos da moça e olhando fixamente em seus olhos, é a liberdade que me permite o amor e é o amor que vai me dar o infinito do tempo para estar com você! Esta foi certamente uma das melhores declarações de amor que já presenciei. A garota tentou racionalizar e perguntou se ele tinha certeza, ao que ele respondeu sem pestanejar: A liberdade é a própria incerteza, a liberdade é justamente a possibilidade de nunca se estar certo.

Para finalizar, vou reproduzir só mais uma fala da garota e outra do rapaz. Onde foi mesmo que eu achei você? Perguntou a garota como se estivesse flutuando em toda essa filosofia. Numa expressão qualquer de liberdade! Foi a resposta mais convincente que ouvi. Eu não sei o que a liberdade me dá, mas é exatamente isso que me atrai, é quase como uma bebida forte que tira a gente da realidade!

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

QUANDO A HORTA INVADE A PRAÇA

               Ando pensando que talvez nem valha mais a pena ficar andando por aí à procura de saúde física em caminhadas pelos parques fechados enquanto a doença se aglomera em comércios abertos como a contrariar a lei do retorno que parece não valer para quem faz leis que não retornam depois de atingir os que ainda insistem em andar pelos parques mas sempre os encontram fechados.

Mais uma vez fui vencido e mais uma vez voltei ao parque Antenor Martins, no Bairro Flórida, um espaço enorme com áreas verdes e pistas de caminhada onde alguns mais atrevidos como eu também andam de skate aproveitando as descidas onde a velocidade aumenta proporcionalmente com as batidas do coração para, lá no final onde a pista termina num cruzamento com outra em ângulo de noventa graus o skate passar reto e se recusar a andar na grama obrigando o skatista amador a uma corrida desordenada e de vez em quando um belo tombo e umas boas risadas!

Mais uma vez o parque estava fechado e as lembranças se divertiam na memória enquanto eu carregava o mini-long para o outro lado da avenida onde uma praça abandonada estava aberta e o matagal se desenvolvia regado pelas águas das últimas chuvas. Tava lá uma placa enorme de concreto de quem deveria cuidar do local se quisesse fazer propaganda: Lions Clube! No meio da praça resquícios de um tempo que passou; Como se fosse um palco, construído em alvenaria, lá estava o lugar destinado a televisão onde as pessoas se reuniam para assistir jogos da seleção brasileira e outras programações.

A praça, é do povo! Uma vizinhança que não se fez de rogada resolveu fazer, ali mesmo, num canto da praça, uma espécie de mini reforma agrária e plantar uma horta, assim mesmo, contrariando qualquer referência ao latifúndio, uma horta acessível já que até mesmo o alambrado que existia neste locar foi aberto deixando o acesso livre aos curiosos que, mais educados que possa parecer, não invadem o local. Olhei para um lado e para outro, tirei fotos, ninguém veio me dizer se podia adentrar ao local o não.

Não entrei na horta, mas que fiquei com uma enorme vontade, fiquei! Fiquei também com vontade de ser o prefeito da cidade e decretar que todas as praças reservassem um local para uma horta comunitária, dessas mesmo que não tem cerca e nem fiscalização, o povo sabe se organizar melhor dos que os governantes pensam.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

DATAS COMEMORATIVAS

Eu sou fã de datas comemorativas, principalmente se elas já passaram, que daí dá para ver mais claramente a inutilidade delas, a não ser que seja um feriado. E haja datas! Semana passada contei, tinha cinquenta e duas datas para este mês de trinta dias! Hoje mesmo é dia mundial do bambolê! Você achou que não existia uma data para se comemorar isso. Mas têm, é hoje, bom proveito, vamos bambolear!

Mas, caso você não tenha um bambolê não fique triste, espere até amanhã e vá ao supermercado mais próximo para comemorar o Dia Nacional dos Supermercados, eles vão amar cada moedinha que você deixar no caixa! No ano de 1.968, quando a data foi instituída pelo Decrete de Lei 7.208 os Supermercadistas criaram a ABRAS-Associação Brasileira de Supermercados, não foi com o lema, pelo menos não explicitamente, ‘Unidos somos mais fortes que os consumidores”. Depois disso, apenas onze empresas multinacionais passaram a controlar quase todos os produtos disponíveis nos supermercados! Tá curioso? Vai aí a lista: Nestlé, Coca-cola, Mars, Kellogg’s, Pepsico, Associated British Foods, Unilever, Kfratz-Heinz, Mondelez, Danone e General Mills.

Entre uma data aparentemente inofensiva que levou a Estrela a faturar milhões e outra data nem tanto inofensiva que concentrou em onze empresas quase todos os produtos disponíveis nos supermercados, eu fico pensando que talvez essas datas existam para que meu rico, nem tanto, dinheirinho seja sacado da minha conta o mais rápido possível comprando isso e aquilo que eu nem precisava só porque tem uma data para se comemorar, e olha lá que um bambolê não ia dar muito certo para mim, já passei da idade!

Algumas datas são até feriado. Ainda bem! Quem não gosta? Principalmente se for um daqueles que a mídia ama porque fatura alto com propaganda e quase obriga o pobre coitado do ingênuo telespectador a consumir, sob pena de ser mal visto até pelos próprios familiares. Já pensou no presente de Natal? Tem coragem de não comprar um? E o Dia das Crianças, como foi? Na Páscoa e no Dia dos Namorados não houve surto de COVID que mantivesse as lojas fechadas!

Não sou consumidor compulsivo e nem acredito em propaganda de políticos. Mas a campanha de mídia dos últimos dias já me convenceu a ir ao mercado no próximo domingo, vou comprar pelo menos dois produtos que me prometeram validade para os próximos quatro anos. Tem garantia? Como diz o paraguaio que vende produtos da China: La garantía soy yo! 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

OS VERMELHINHOS NA POLÍTICA

Eu não gosto de ficar criticando este ou aquele ou ainda aqueloutro político, mas tem umas coisas que, nem que seja de forma indireta tem que ser dita. Falta menos de uma semana para as eleições municipais e as mídias estão fartas de depoimentos comprometidos e comprometedores.

Dia destes ouvi a propaganda eleitoral no rádio e candidatos ligados a uma coligação pediam votos para “candidatos da direita” dizendo que não se alinhavam com os vermelhos. Achei coerente o discurso afirmativo de uma política positivista de valores inflexíveis e forte determinação na defesa de valores morais e aos costumes quanto à religião e a família tradicional. Não concordei, mas achei coerência, pelo menos em parte.

Não demorou para que os minutos vencessem o prazo da coligação e viesse uns vermelhinhos, também muito coerentes, pedindo votos para os mesmos eleitores com um discurso, digamos, à esquerda dos azuizinhos que os precederam nas ondas do rádio naquela tarde ensolarada. Esses, os vermelhinhos, afirmavam que a democracia seria o pilar da sua ação política para as mudanças nos conceitos arraigados da sociedade patriarcal.

Vejam os Estados Unidos, disse um azulzinho, lá o Trump pode até ter perdido as eleições, mas jamais aceitou qualquer acordo com os vermelhos da China.

Vejam os Estados Unidos, bradava o vermelhinho, lá o Trump foi derrotado porque não quis romper com a velha política e dialogar com os chineses.

Numa eleição municipal, não entendi o que que tinha o Trump com isso, nem mesmo os chineses, a não ser o combate ou a aceitação dos produtos da China que atravessam o Brasil para serem vendidos no Paraguai e depois voltam para o Brasil para serem vendidos aqui na cidade pelos camelôs, onde comprei minha garrafa térmica Made in China.

Em casa, tomando meu chimarrão com a garrafa chinesa, liguei a televisão para conferir a última atualização dos votos nos Estados Unidos. O mapa apresentava as cores de cada partido, sendo a parte azul correspondente aos votos dados para Joe Biden e a parte vermelha para Donald Trump. Vermelha? 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O NÃO-TEMPO NA VIDA DOS NAMORADOS

E isto são horas? Reclama a garota Anelise ao ver o namorado João chegando às dez da noite quando deveria ter chegado às sete. É que o Pedro me chamou para tomar um tereré, aí chegou o Rodrigo e o Amarildo e nós ficamos conversando. Isso é conversa de Mato Grossense do Sul, se fosse no Rio Grande do Sul seria uma roda de chimarrão, sempre um motivo para o tempo que por um tempo foi não-tempo, que não passou e de repente já tinha passado.

O não-tempo deveria ser objeto de estudos mais acurados por parte dos sociólogos, com a devida ajuda dos filósofos e apoio incondicional dos terapeutas ocupacionais. De minha parte, libero a utilização do verbete sem nenhuma restrição de direitos autorais. Eu diria que o não-tempo seria o antônimo de tempo e se já estivesse nos dicionários, evitaria qualquer reclamação da Anelise, pois que o atraso do João não seria um atraso porque o tempo que passara tomando tereré não seria tempo.

O tempo, disse João, do alto de sua intelectualidade de estudante da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, o tempo é quando se tem preocupação com o que possa vir depois, quando se está no tempo sempre tem as consequências tirando o sossego, tipo a Anelise reclamando do atraso, já o não-tempo é a possibilidade de se estar fora do tempo, mais ou menos como numa roda de tereré onde ninguém se lembra de mais nada que não seja a cuia de água gelada rodando e as conversas que não levam a lugar nenhum e de onde se sai sem nenhuma preocupação, porque não havendo o tempo, nada pode ser consequente, tipo o sossego do João às dez da noite como se estivesse adiantado em pelo menos trinta minutos.

Não sei se os namorados todos já tiveram essa percepção, mas tem momentos da vida, quando a paixão tira completamente de lado os preceitos racionais e a carne vence facilmente o espírito, o coração acelera e nenhuma razão há para se pensar no tempo porque ele não existe mesmo, é neste exato momento que nos tornamos totalmente irracionais e fazemos coisas que nem todo o tempo do mundo seria suficiente para explicar. Então, assim estavam João e Anelise quando os pais dela chegaram em casa depois da festa pelas celebrações das bodas de ouro dos amigos Francisco e Josefina Calmon. Não havendo tempo suficiente para explicar o inexplicável, Anelise olhou para os pais e se saiu com essa: Agora eu acredito na existência do não-tempo! E, já não era sem tempo! 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

QUEM É O DONO?

A propriedade privada é direito constitucional, conforme o Art. 5º, inciso XXII. Já o Art 60, §4º garante que isso não mudará enquanto a atual constituição estiver em vigor. Tentei explicar isso para um nativo brasileiro que passou a ser conhecido como Índio, desde que Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral deste continente pensando ter aportado nas Índias.

Com um corote na mão, já com menos da metade do conteúdo disponível, Anastácio sentou-se ao meu lado no banco à sombra de um ipê e danou a falar como se fôssemos velhos amigos. Não havia muita coerência nas palavras e a justificativa estava claramente demonstrada na pequena quantidade de líquido do corote, toda a conversa era cuidadosamente pensada com a pinga que já não estava mais na embalagem.

Você é branco, ele disse desenrolando a língua umas três vezes, vocês roubaram nossa terra! Virei o rosto e descansei meu olhar sobre minha bicicleta, com a qual já tinha pedalado mais de trinta quilômetros e agora descansava para os últimos dez até chegar em casa. Talvez ele tenha razão, eu tenho mesmo um pedaço de terra, dez hectares que comprei e escriturei no cartório de registro de imóveis.

O ipê que nos fazia sombra, sob a qual meu único argumento foi de que o direito à propriedade é constitucional, estava na área de reserva indígena Jaguapiru e Bororó. Terra de Índio, cortada por uma rodovia estadual por onde os “civilizados” transportam de um tudo que é produzido depois que as caravelas aportaram na Bahia no dia 22 de abril de 1.500 e começaram a levar toda a riqueza possível para fora da Ilha de Vera Cruz, Terra Nova, Terra dos Papagaios, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra de Santa Cruz do Brasil, Terra do Brasil e Brasil. Todos nomes pomposos dado ao nosso país, nomes fortemente relacionados ao catolicismo para finalmente se chamar Brasil em homenagem à árvore que sangrava de cor avermelhada.

Nóis era dono de tudo, agora só temos miséria! Até chegar nessa frase, o corote estava miseravelmente sendo jogado num matagal à nossa frente. Sem me olhar, Anastácio levantou-se com dificuldade e seguiu seu penoso caminho como se riscasse no chão o desenho das ondas do mar de Caravelas. Embarquei na bicicleta e percorri várias propriedades privadas até chegar em casa, onde procurei entender quem foi que primeiro adquiriu as terras dos povos nativos do Brasil. Entendi a reclamação do Anastácio. Antes de ter nome pomposo e católico, este lugar se chamava Pindorama, não tinha constituição e nem cartório de imóveis. 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

TEM DIA PARA O SACI PERERÊ? TEM SIM SENHOR!

Andei meio descuidado com datas importantes ultimamente, deve ser efeito da quarentena. Meu aniversário, que foi em outubro ainda lembrei, mas esqueci completamente do dia do Saci Pererê! Também pudera, instituíram essa data justamente no dia do Halloween, sendo esta uma comemoração estadunidense fica impossível competir aqui no Brasil onde os patriotas costumam bater continência para a bandeira americana do Norte.

Mesmo atrasado, o que, convenhamos, não é nenhuma novidade para minhas publicações, registro aqui minha reverência ao negrinho de uma perna só. Me valho das informações que vem da Sociedade dos Observadores de Saci, isso mesmo, existe e fica, claro, no Brasil. Segundo esse coletivo de observadores, o dia 31 de outubro foi instituído em dois mil e treze pelo projeto de Lei 2.479. Convenhamos, estava sobrando tempo no Senado Federal para se criar uma data comemorativa dessas!

Justificativa não falta, afinal o herói de uma perna só que fuma cachimbo e usa um capuz vermelho é o protetor das florestas e símbolo de liberdade para os escravos. Duas coisas que parecem ter perdido o sentido nos dias atuais quando se toca fogo na mata sem dó nem piedade e a escravidão oficialmente proibida abunda nas fazendas onde o gado é tratado com esmero e não só negros, mas índios e brancos são submetidos a condições desumanas de trabalho e moradia e não há Saci Pererê que de conta de fiscalizar.

Mas o folclore é importante porque guarda a memória das lendas e do imaginário do povo. Podia ter juntado o dia do Saci com o dia do folclore e se comemorar tudo em 22 de agosto, aí já incluída outras comemorações que ainda não tem datas específicas, como o dia em que os políticos de Brasília trabalharam uma semana inteira, ou o dia da honestidade em reverência ao primeiro Senador honesto a cumprir todo seu mandato, ou então o dia da promessa para marcar a última promessa de campanha fielmente cumprida pelo candidato eleito. Como disse: lendas e coisas do imaginário do povo.

Para não correr o risco de me atrasar neste mês, fui ver o calendário de datas comemorativas de novembro, achei cinquenta e duas datas para um mês de trinta dias! Aproveito essa abundância de ideias nas esferas públicas e vou dar minha contribuição: Que tal tornar feriado cada uma dessa datas?

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

OS TEMPOS SÃO..... OS MESMOS.

Você está lendo esta crônica e já não é mais dia dos finados, foi ontem e passou como de resto cada dia dessa quarentena sem fim. Os mortos, venerados no feriado, agora tem um novo status: COVID-19, parece não haver cemitério neste país que já não tenha pelo menos um morto dessa doença e as normas de visitação restringem a quantidade de pessoas e o tempo que se pode ficar limpando os túmulos e depositando flores em homenagem póstuma ao ente querido.

Do lado de fora os candidatos, em grande número, prometendo isto e aquilo se forem eleitos. Quem dera pudéssemos empossar todos os pretendentes ao cargo de vereador e prefeito que estão se oferecendo ao pleito e exigir que suas promessas sejam cumpridas sob pena de devolução em dobro de tudo que gastaram na campanha somado a todos os seus vencimentos no cargo. Ou não haveria mais mortos, já que as promessas de melhorias na saúde são suficientes para ressuscitar os que eventualmente vierem a morrer, ou sobraria muito dinheiro no caixa da prefeitura, já que o ressarcimento estaria garantido.

Mas não só na saúde, na educação haveria uma completa revolução. Com as melhorias nas condições de ensino e valorização dos professores e técnicos administrativos, além do adequado acolhimento aos alunos aliados aos métodos de aprendizagem, o povo logo seria tão culto que provavelmente nenhum desses prosélitos se quer seria candidato, quiçá eleito. Povo com um mínimo de conhecimento de história já excluiria pelo menos uns setenta por cento dos postulantes; geógrafos, matemáticos e administradores junto com os contabilistas comprovariam facilmente a ineficácia dos demais.

Como toda regra tem exceção, é o caso de admitir que tem um ou outro candidato que até dá boas explicações de quais são as funções do aspirante ao cargo, se eleito, ou qualquer que se eleja. O problema parece ser que, justamente esses, as exceções, que se apresentam com alguma sobriedade, talvez sejam os que ainda não tem sua corja, talvez nem a queriam, tornando ainda mais difícil o convencimento do eleitor para lá de acostumado com bajulações de todo tipo e agrados pelos quais troca seu bem mais precioso na arena social: o voto.

O dia quinze de novembro está bem ali! Já tive expectativas melhores em eleições anteriores, nesta, a COVID-19 já matou mais de cento e sessenta mil que estão no cemitério e foram lembrados no dia dois, parece que temos uma Covid-E, Eleitoral matando milhões que ainda não sabem o tratamento para essa pandemia de incompetência política.

CHIFRE EM CABEÇA DE CAVALO. EXISTE? EXISTE!

  Já botei no título o que poderia ser uma mentira, a ciência diz que cavalos não tem chifre, nem as éguas, mas na fazenda do Romero, que ...