Tem um filme de 1.983 com o título The Day After (O Dia Seguinte), acho que todo mundo já ouviu falar desse filme, do medo que se tinha na época de uma possível guerra nuclear e as consequências disso. O dia seguinte ou, o que poderia acontecer com as pessoas que eventualmente sobrevivessem ao dia do bombardeio é retratado como um alerta à sociedade sobre o comportamento do governo em relação aos interesses sociais.
Estamos sempre vivendo o ‘dia seguinte’ e sofrendo as
consequências. As bombas explodem o tempo todo, hoje é o dia seguinte daquela
cerveja com churrasco gordo de ontem, da briga em família, do fim do namoro ou
do casamento. Para muita gente hoje é o dia seguinte daquela aglomeração de fim
de semana sem máscara e distanciamento social ou daquela relação sexual sem a
devida proteção...
Poderia não existir o dia seguinte, sabe aquela história de que
ontem já foi e o amanhã não existe, viva o dia de hoje como se fosse o último
dia da tua vida? O dia seguinte é uma invenção do tempo. Não fosse o
calendário, poderíamos fazer todas as coisas que temos vontade sem ter medo das
consequências.
O dia seguinte é uma prisão da qual temos que nos libertar se
quisermos ter uma vida plena. Já escutei n relatos de apaixonados que
não tiveram coragem de se declarar por medo de um possível ‘não’ virar bulling
no dia seguinte e depois saber, tarde demais, que a resposta teria sido ‘sim’. Amanhã
tenho que acordar cedo é a condenação sem julgamento de muitos momentos felizes
ao silêncio tumultuado de noites insones.
Nesses tempos de coronavírus tem quem ache que amanhã terá que
acordar cedo para ir ao trabalho e se previne, mas tem quem acha que hoje é o
dia a ser vivido e aproveita, que se houver contaminação os efeitos só virão
depois de alguns dias, então que se danem os alguns dias e vamos viver hoje
como se fosse o último dia da vida, afinal algum dia será mesmo o último.
Já vivi tantos dias da minha vida, já sofri tantos bulling, já
perdi tanto por achar que o dia seguinte iria revelar a derrota que eu não tive
que estou quase disposto a abolir a possibilidade de o dia seguinte continuar
abortando minhas possibilidades de ser feliz hoje.
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