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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

AS CRÔNICAS QUE NÃO ESCREVI

Andei meio ocupado por esses dias com uma viagem que fiz até São José do Rio Preto para visitar minha filha Carolina com meus netos. Enquanto viajava, na ida, com as crianças dentro do carro, ia vivendo aquilo que mais gosto de escrever, o comportamento humano em suas relações sociais e com a natureza. Dentro do carro uma intensa relação de amizade entre o Miguel e a Heloisa fizeram da viagem de quase nove horas um tempo mal percebido a não ser pelas poucas vezes que perguntavam se já estávamos chegando. Falta muito ainda vô?

Falta! Neste momento o tempo se apresenta para receber a importância devida. As horas que já haviam passado, mesmo sendo em número maior das que ainda faltavam eram um nada em relação ao porvir. Do tempo passado nada se esperava, mas quando a pergunta surgia, sempre da boca da Heloisa, então o tempo que estava adiante deixava de ser só um tempo e se transformava na mãe que estava à espera no fim da jornada. Estou com saudades da mãe! Para ela, a mãe, que não estava conosco, mas esperava aflita pelos filhos ausentes há mais de um mês, para ela o tempo era marcado pelas mensagens do whatsapp: e aí, onde já estão? Falta muito para chegar?

Se falta muito? Falta! E quando penso estar próximo, o destino vem e dá mais um empurrãozinho no tempo com uma batida da polícia federal que acha quase impossível que um avô viaje sozinho com dois netos numa tão longa viagem, especialmente se o carro tem placa da fronteira com o Paraguai, aí parece que o impossível precisa ser verificado, e detalhadamente, dentro de cada mochila das roupas das crianças e a mala do avô, embaixo do tapete, no pneu reserva, em fim onde se pode suspeitar haver alguma possibilidade de se transportar qualquer ilícito que seja, se verificou. E eu ali, não podendo gravar a conversa do policial para a próxima crônica.

Chegamos. A mãe teve pouco tempo para apreciar a presença dos rebentos, fiz valer meus direitos de idoso e como bom velhinho me tornei criança outra vez e fui andar de skate mini-longue com as crianças. De noite perdi duas partidas de xadrez para o Miguel, depois fui portador de uma bela reivindicação da Heloisa, queria que a mãe a deixasse calçar o tênis novo. Foi atendida e eu ouvi aquilo que todo avô quer ouvir: Obrigado vô, você é legal!

Acho que isso já é o bastante para justificar minha ausência por esta semana. Não pude escrever, estava muito ocupado enchendo-me de conteúdo para as próximas crônicas.

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