Um casal de idosos fazia sua caminhada vespertina conversando alegremente enquanto balançavam as mãos que se davam e conduziam o ritmo dos passos quase como uma marcha, só que com os movimentos invertidos, a mão direita do marido segurando a esquerda da esposa, empurrando para frente o pé esquerdo do marido e, ao mesmo tempo o pé direito da esposa e daí as mãos iam ficando para trás enquanto o pé direito do marido e o esquerdo da esposa iam adiante. Assim andava o casal em alegre harmonia, enquanto conversavam, o marido olhava para o lado direito e a esposa para o lado esquerdo, um falando e o outro ouvindo, só quando riam o faziam ao mesmo tempo como se esse fosse o código secreto do entendimento, riam e apertavam as mãos para dizer que isso era bom!
A vida toda foi assim! Quando lhes perguntam sobre a vida toda,
a resposta bem humorada delimita o início da vida com o dia que se conheceram,
ela tinha quarenta e dois anos de idade dois casamentos religiosamente
frustrados e três filhos adultos. Com isso no passado, Ana Elza demorou-se no
espelho, pôs-se bonita para encontrar o pretendente. Estava decidida a não ter
relações sexuais no primeiro encontro, mesmo assim vestiu aquele conjunto
lingerie em rendas que encomendara a Femael Body, loja de roupas femininas de
marca.
Neste mesmo dia, João Ernesto, quarenta e sete anos de idade, um
divórcio bem sucedido, dois filhos casados e três netos maravilhosos que amam o
avô, proseou alegremente com o barbeiro, olhando no espelho para conferir se a
aparência estava ficando boa para o encontro de logo mais. Só sabia o nome: Ana
Elza, tinha visto uma fotografia dela no site de encontros Namoro Online.
Estava ansioso, pode-se dizer que já estava apaixonado. Cabelo feito e barba
aparada, entrou no carro vestindo camiseta Polo Ralph Lauren Custom Fit preta.
Era dia de sábado e a cidade toda se movimentava para todos os lados. João
Ernesto ia para uma direção bem definida, o encontro com Ana Elza, a mulher do
Namoro Online, o Site que garante o amor para toda a sua vida!
Dezoito de março de dois mil. O que você estava fazendo neste
dia de sábado à tarde? Muitos nem se quer tinham nascido, eu mesmo não tenho a
menor ideia do que fazia nesta data, mas João Ernesto e Ana Elza jamais irão
esquecer do dia em que começaram a contar os anos das suas vidas. Às cinco da
tarde se olharam nos olhos pela primeira vez e alguns minutos mais tarde
estavam de mãos dadas num caminhar invertido, andando na mesma direção, os
olhos se encontrando em olhares opostos e amarrando o futuro num sorriso
amável. Hoje, pouco depois das cinco da
tarde, encontrei João Ernesto e Ana Elza, estavam andando pela rua, de mãos
dadas!
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