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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O BEM QUE EU PENSEI QUE TINHA FEITO

             Dona Iracema é uma pessoa completamente despojada, vive aquela vida simples que dá inveja a muita gente incapaz de se desapegar sequer dos objetos inservíveis, quiçá dos que dispõe como úteis, ainda que não totalmente necessários. Não é raro andar-se pelas ruas e ouvir alguém dizer: Dona Iracema não compraria isso por nada, não é necessário! Ou, Dona Iracema vive feliz porque vive com simplicidade, ela é que é feliz! Ou, ainda, Dona Iracema vive de fazer o bem, não há mal que se possa encontrar em toda sua vida!

Em tempos de eleição municipal, não há quem não compare Dona Iracema ao prefeito Sérgio Meneguelli, de Colatina, no Espírito Santo. Se ela fosse prefeita a vida ia ser boa, só que os ricos não iam votar nela porque ela é muito simples. E se os ricos não votam, os pobres também não, que pobre gosta de imitar os ricos, só que não tem dinheiro. Dona Iracema é reconhecia como uma pessoa que só faz o bem, isso atrai a simpatia, mas não o compromisso de uma sociedade ávida pelo consumismo.

Mas, o que é o bem que Dona Iracema faz e que não se nota nas outras pessoas em geral senão aquilo que te faz sentir melhor do que era antes? Se não isso, então talvez não seja bem, mas algo que não passe de boa intenção, e delas, como diz o ditado popular: o inferno já está cheio!

Fazer o bem é uma necessidade vital para a humanidade. Não há quem não faça um mal com a verdadeira intenção de fazer o bem, ainda que sabendo que pelo conceito social o que faz é mal, todavia, pelas circunstâncias que se lhe apresentam está seguro de que sua atitude é a melhor a ser tomada naquele exato momento. Até aí, com algum exercício de memória não fica difícil de se entender.

E se o mal, que é o mal, pode ser tido, ainda que provisoriamente como um bem, como analisar o bem que se intentou fazer, e o fez para que seja bem, e acreditando-se tê-lo feito, depois precisa de uma longa e maligna batalha para se provar que o que se fez foi o bem, já que quem o deveria ter recebido como tal não o recebeu e não o reconhece. Talvez esteja aí a diferença entre o bem que Dona Iracema faz e o bem que as muitas outras pessoas dizem fazer.

Dona Iracema faz o bem porque é isso que ela faz, fazendo o bem ela fica em paz e as outras pessoas gostam da paz que ela transparece por ter feito o bem, não precisa de propaganda nem de aprovação popular, simplesmente faz o bem e fica em paz. Me permita uma pergunta capciosa: quando tu fazes o bem, ficas em paz ou buscas a glória?

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