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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

SENTIMENTOS

Às vezes é um desafio escrever uma crônica porque o assunto é tão particular que qualquer opinião pode ser arriscada. O jeito de superar isso é deixar a pessoa no anonimato e seguir com a história como se fosse mera ficção, daí pode ser que o sujeito ria de si próprio e até venha a criticar o personagem como se fosse outrem totalmente fora de si, mas também pode ser que se veja no espelho do texto e decida por sua autocrítica e, ainda quem sabe aproveite a crônica como ela deve ser aproveitada: lida como um mero passatempo na hora do cafezinho.

Verdade é que um cronista não trata de sentimentos, ainda que estes sejam o guia de todas as histórias, mas são os fatos, os acontecidos que guiam o texto até seu desenlace final, como passo a narrar o caso do casal que tinha se separado por motivos encontrados a nenhures. Esta narrativa vem, evidentemente de alguém que ouviu a história, já que ninguém mais que marido e mulher vivenciaram a intimidade e as infidelidades do relacionamento conjugal, considerando logicamente que no caso de infidelidade haveria pelo menos mais uma pessoa participando.

O que me foi contado é que após anos de sofrimento, decidiu-se que o casal se separaria por incompatibilidade de gênios. Até aí nada de novo, quase todos os casais quando se separam alegam esse mesmo motivo. Ocorre que após alguns meses, os pezinhos daqui e dali começaram a procurar pelos outros pezinhos e, não os encontrando ocuparam a mente com o assunto de tal forma que foi inevitável uma ligação telefônica “só para saber como você está”!

Dali em diante quase não há mais necessidade de narrativas, não fosse um único detalhe: os sentimentos. A esposa, ex-esposa e agora reesposa que passara longos anos dedicados exclusivamente ao trabalho doméstico e sem receber nenhuma remuneração por isso, com o divórcio viu sua jornada diminuir e a remuneração aumentar e se tornar vitalícia, um tipo de aposentadoria. Por outro lado, o marido, ex-esposo, remarido, feliz por não mais ter que cozinhar e limpar a casa, queria pôr fim ao pagamento da pensão que na situação atual não faria mais sentido, além do que pagando pensão estava difícil manter a amante, ou uma ou outra, as duas não dá!

Dizem que os parentes fizeram de um tudo para apaziguar a situação, até as autoridades religiosas deram aconselhamentos, mas não houve argumento forte o bastante para convencer a esposa de que deveria outra vez renunciar ao valor monetário do seu trabalho doméstico. Outra incompatibilidade de gênios! E a esposa agora pede outra pensão, já que esse é outro processo de separação. E a amante, coitada, sentindo-se duplamente traída!

Um comentário:


  1. au revoir mon ami.


    ce fut un plaisir de participer à ce blog.

    mis padres me llaman.

    Maria das G.M.Pimenta

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