Às vezes é um desafio escrever uma crônica porque o assunto é
tão particular que qualquer opinião pode ser arriscada. O jeito de superar isso
é deixar a pessoa no anonimato e seguir com a história como se fosse mera
ficção, daí pode ser que o sujeito ria de si próprio e até venha a criticar o
personagem como se fosse outrem totalmente fora de si, mas também pode ser que
se veja no espelho do texto e decida por sua autocrítica e, ainda quem sabe
aproveite a crônica como ela deve ser aproveitada: lida como um mero passatempo
na hora do cafezinho.
Verdade é que um cronista não trata de sentimentos, ainda que
estes sejam o guia de todas as histórias, mas são os fatos, os acontecidos que
guiam o texto até seu desenlace final, como passo a narrar o caso do casal que
tinha se separado por motivos encontrados a nenhures. Esta narrativa vem,
evidentemente de alguém que ouviu a história, já que ninguém mais que marido e
mulher vivenciaram a intimidade e as infidelidades do relacionamento conjugal,
considerando logicamente que no caso de infidelidade haveria pelo menos mais
uma pessoa participando.
O que me foi contado é que após anos de sofrimento, decidiu-se
que o casal se separaria por incompatibilidade de gênios. Até aí nada de novo,
quase todos os casais quando se separam alegam esse mesmo motivo. Ocorre que
após alguns meses, os pezinhos daqui e dali começaram a procurar pelos outros
pezinhos e, não os encontrando ocuparam a mente com o assunto de tal forma que
foi inevitável uma ligação telefônica “só para saber como você está”!
Dali em diante quase não há mais necessidade de narrativas, não
fosse um único detalhe: os sentimentos. A esposa, ex-esposa e agora reesposa
que passara longos anos dedicados exclusivamente ao trabalho doméstico e sem
receber nenhuma remuneração por isso, com o divórcio viu sua jornada diminuir e
a remuneração aumentar e se tornar vitalícia, um tipo de aposentadoria. Por
outro lado, o marido, ex-esposo, remarido, feliz por não mais ter que cozinhar
e limpar a casa, queria pôr fim ao pagamento da pensão que na situação atual
não faria mais sentido, além do que pagando pensão estava difícil manter a
amante, ou uma ou outra, as duas não dá!
Dizem que os parentes fizeram de um tudo para apaziguar a
situação, até as autoridades religiosas deram aconselhamentos, mas não houve
argumento forte o bastante para convencer a esposa de que deveria outra vez renunciar
ao valor monetário do seu trabalho doméstico. Outra incompatibilidade de
gênios! E a esposa agora pede outra pensão, já que esse é outro processo de
separação. E a amante, coitada, sentindo-se duplamente traída!
ResponderExcluirau revoir mon ami.
ce fut un plaisir de participer à ce blog.
mis padres me llaman.
Maria das G.M.Pimenta