A leitura é um hábito saudável que permite ao leitor conhecer o
universo através dos livros. O real e o imaginário enchem as mesmas bibliotecas
sem conflitos de conteúdo, assim também a filosofia mais definitiva aceita o
pensamento contrário como importante contribuição para o desenvolvimento das
capacidades humanas de formular conhecimento aproveitável para as relações
sociais e a proteção da vida humana no planeta.
Não há quem não queira fazer parte dessa filosofia. Tem uma
época na vida da gente em que ser notado é importante, parece que na juventude
somos um texto a ser lido por alguém especial e depois reconhecido pelos demais.
A energia e os hormônios disputam o palco para ver quem é o primeiro da peça no
teatro da vida.
O jovem gosta de ser lido como um texto que acabou de ser
publicado. As mídias estão cheias de citações, reais e principalmente
imaginárias, sobre a vida emocionante e feliz da juventude. Senhoras alisadas
pelo botox e senhores que não desistem de encolher a barriga fazem de um tudo
para abrir as páginas do seu livro em floreios de alegria e juventude. A vida é
bela!
Por mais que desejemos permanecer jovens, ainda que no mundo da
fantasia, é certo que a fonte da juventude é mesmo lenda. Ou não! Meus filhos
estudaram na mesma escola, em períodos diferentes, de modo que passei vários anos
buscando este, aquele ou aqueloutro na mesma escola. Por mais de dez anos
frequentei a mesma escola, e por todos esses anos os alunos tinham sempre a
mesma idade. Meus filhos cresceram, mas os alunos daquela escola continuam lá,
com a mesma idade de vinte anos atrás. Deve ter uma fonte da juventude por lá,
assim que voltarem as aulas irei conferir!
Gosto de ler livros, mas gosto de ler pessoas também. Observo,
com certa indignação, o conflito existente entre as gerações. Os que já
perderam a fogueira das paixões querem a calmaria que só vem com o tempo. Nas
arquibancadas, senhores calvos e barrigudos e senhoras com varizes esperam por
uma apresentação do clássico E o Vento Levou, enquanto no palco fervem as
barrigas de tanquinho empurrando o bumbum contra corpos malhados e nutridos de
complementos vitamínicos.
Existe uma espécie de segregação entre jovens e velhos, como se
envelhecer tirasse o direito de acesso dos idosos ao mundo que eles mesmo
construíram com anos de trabalho. Garotos imberbes e garotas mal saídas das
fraldas passam os dias todos trancados no quarto para dali saírem feito heróis
da independência, dominando todos os espaços, enquanto idosos sofrem o processo
de depreciação, e não adianta o texto bíblico insistir que os anciãos são
pessoas respeitáveis. Há mesmo uma idolatria à juventude!
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