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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

TODO MUNDO TEM DIREITO A PELO MENOS UMA

             Quem ainda não cometeu pelo menos uma loucura de amor do tipo entrar pela janela no quarto da namorada enquanto os pais dela dormem no quarto ao lado e ter que fazer o mínimo de barulho possível e ainda assim mesmo o pai dela chamar do corredor e impacientemente forçar a porta enquanto você tem que fugir apressadamente e chegando em casa quase sem fôlego não consegue dormir com medo do dia clarear e os teus pais te proibirem de sair por uma semana e por um mês nos fim de semana até que ele se lembre das suas próprias loucuras e te libere dizendo: Tenha mais cuidado!

Por muito tempo as loucuras de amor ficaram mais ou menos restritas à juventude que ainda não tendo assumido as promessas do casamento até que a morte os separe podiam arriscar-se entre uma loucura ou outra atiçados pelos hormônios superabundantes nessa idade que precede os votos de fidelidade eterna ou a eterna infelicidade de uma vida casta.

Mas os tempos mudaram e pelo menos por enquanto já se sabe que os hormônios não são exclusividade da juventude e as leis sobre o casamento já permitem que adultos comprometidos com promessas malfeitas de amor eterno mesmo amando eternamente podem tomar o auxílio do divórcio e no novo normal sentir aquele desejo de uma loucura qualquer e encontrar a bem-amada tarde da noite para que os filhos dela não vejam e mesmo assim um rebento aparecer na porta do quarto da mãe perguntando quem está lá dentro às duas da madrugada e não adianta dizer que é voz do telefone porque desde a mais tenra idade eles já conhecem muito bem o que é uma voz que sai do telefone.

Por longo tempo seu Aldir comportou-se religiosamente fiel à sua esposa que ficara morando em outra cidade onde tinham imóveis que ela passou a cuidar dos aluguéis enquanto o marido cuidava do emprego que arrumara e do qual tirava o sustento e ainda comprara um terreno onde construíra casa para quem sabe ter a esposa consigo inda que ela recusasse a abandonar o capital que deveria ser cuidado como filho há duzentos quilômetros de distância só os deixando vez em quando para ver o marido e atender-lhe as necessidades que se não o fizer tem sempre alguém disposta a isso.

Com sobra de tempo que mente desocupada é moradia do demônio e o demônio é caprichoso nas coisas que faz mesmo fazendo tudo errado fez seu Aldir olhar nos dias do calendário e saber que estando só por muitos dias ainda talvez pudesse ver se as vizinhanças tinham algo de atrativo e tendo quem sabe qualquer loucura de amor pudesse acontecer.

E tinha uma vizinha com quatro filhos e uma fogueira eterna entre as pernas e uma escada no porão que poderia muito bem ser colocada atrás da janela do quarto para uma comunicação qualquer em noites de solidão e companhia que certamente provocaram o alvoroço dos filhos pelo desaparecimento da mãe que depois de ser procurada até pela polícia foi encontrada pelo vizinho muito antes de seu desaparecimento sequer se noticiado. Mãe, isso é uma loucura!!!

Um comentário:

ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...