Quem ainda não cometeu pelo menos uma loucura de amor do tipo entrar pela janela no quarto da namorada enquanto os pais dela dormem no quarto ao lado e ter que fazer o mínimo de barulho possível e ainda assim mesmo o pai dela chamar do corredor e impacientemente forçar a porta enquanto você tem que fugir apressadamente e chegando em casa quase sem fôlego não consegue dormir com medo do dia clarear e os teus pais te proibirem de sair por uma semana e por um mês nos fim de semana até que ele se lembre das suas próprias loucuras e te libere dizendo: Tenha mais cuidado!
Por muito tempo as loucuras de amor ficaram mais ou menos
restritas à juventude que ainda não tendo assumido as promessas do casamento
até que a morte os separe podiam arriscar-se entre uma loucura ou outra
atiçados pelos hormônios superabundantes nessa idade que precede os votos de
fidelidade eterna ou a eterna infelicidade de uma vida casta.
Mas os tempos mudaram e pelo menos por enquanto já se sabe que
os hormônios não são exclusividade da juventude e as leis sobre o casamento já
permitem que adultos comprometidos com promessas malfeitas de amor eterno mesmo
amando eternamente podem tomar o auxílio do divórcio e no novo normal sentir
aquele desejo de uma loucura qualquer e encontrar a bem-amada tarde da noite
para que os filhos dela não vejam e mesmo assim um rebento aparecer na porta do
quarto da mãe perguntando quem está lá dentro às duas da madrugada e não
adianta dizer que é voz do telefone porque desde a mais tenra idade eles já
conhecem muito bem o que é uma voz que sai do telefone.
Por longo tempo seu Aldir comportou-se religiosamente fiel à sua
esposa que ficara morando em outra cidade onde tinham imóveis que ela passou a
cuidar dos aluguéis enquanto o marido cuidava do emprego que arrumara e do qual
tirava o sustento e ainda comprara um terreno onde construíra casa para quem
sabe ter a esposa consigo inda que ela recusasse a abandonar o capital que
deveria ser cuidado como filho há duzentos quilômetros de distância só os
deixando vez em quando para ver o marido e atender-lhe as necessidades que se
não o fizer tem sempre alguém disposta a isso.
Com sobra de tempo que mente desocupada é moradia do demônio e o
demônio é caprichoso nas coisas que faz mesmo fazendo tudo errado fez seu Aldir
olhar nos dias do calendário e saber que estando só por muitos dias ainda
talvez pudesse ver se as vizinhanças tinham algo de atrativo e tendo quem sabe
qualquer loucura de amor pudesse acontecer.
E tinha uma vizinha com quatro filhos e uma fogueira eterna
entre as pernas e uma escada no porão que poderia muito bem ser colocada atrás
da janela do quarto para uma comunicação qualquer em noites de solidão e
companhia que certamente provocaram o alvoroço dos filhos pelo desaparecimento
da mãe que depois de ser procurada até pela polícia foi encontrada pelo vizinho
muito antes de seu desaparecimento sequer se noticiado. Mãe, isso é uma loucura!!!
Cadê as poesias..............
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