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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

O ESPÍRITO DO NATAL!

Que o Natal está ‘bem ali’ não resta nenhuma dúvida, mas se há algo questionável é: O que faz o espírito nisso tudo que vemos das comemorações do Natal?

Deixo este primeiro parágrafo somente com esse questionamento e vamos ver o que acontece quando buscamos os significados da palavra ‘espírito’. Então, que seja! Quando ouvimos a musiquinha do Gingle Bells, à que recorre imediatamente nosso espírito? Ganhou uma bala quem disse: comércio! O espírito comercial é que é o verdadeiro espírito natalino! Movimenta milhões em vendas, aumenta cada ano as cifras e, intimamente associado ao espírito da mentira oferece produtos totalmente inúteis e desnecessários a consumidores ingênuos. E vende!

Filosoficamente, espírito é o conjunto de todas as faculdades intelectuais. Andei um pouco pelas ruas com essa definição diante de mim e fui associando o que seriam essas tais de ‘faculdades intelectuais’ nos transeuntes, comerciários, comerciantes, etc. e até neste mero escrevinhador de espírito desassossegado. Um senhor de cabelos grisalhos andava ereto puxando pela mão direita uma senhora de vestido florido e atrás deles dois jovens adultos, do tipo nem, nem, nem. Enquanto o pai reclamava do espírito de ganância dos comerciantes, a mãe dizia que não dava para ter Natal sem um presente que alegrasse o espírito da família, já os jovens, que não tinham nenhum espírito para o trabalho, só esperavam ganhar celulares novos.

A moça em seu terninho bordô na porta da loja de óculos convidou para experimentar as novas armações importadas da Itália e que estavam em promoção até o Natal. Eu disse que não precisava trocar meus óculos, mas ela imediatamente agendou uma consulta com o Optometrista que atendia ali mesmo na loja e me aguardava para o atendimento em dois minutos. É o espírito do Natal, ela disse, você não pode perder essa oportunidade. Eu ainda não tinha se quer entrado na loja!

No ponto de ônibus com destino ao Bairro Parque Alvorada, Seu Jurandir esticava o pescoço para ver se o ônibus que vinha era o seu, enquanto Dona Fátima, que falava sempre cinco palavras a mais que as que pensava, ia elogiando o dono da loja que lhe vendera as roupas que usaria no Natal em família. Comprara bem mais do que planejara e podia pagar, mas o dono da loja dissera que era importante ter mais opções e logo propôs o crediário em dez pagamentos, que o marido assinou totalmente a contragosto. Logo embarcariam no ônibus dois espíritos unidos em matrimônio: O Fantasma do consumismo e a Assombração do endividamento!

Escutei um ‘plinc’, tirei o celular do bolso e abri a mensagem: “Espírito natalino, é o que fecundou a virgem e lhe nasceu o salvador, desnudo, pobre e humilde”.

Um comentário:

ESQUERDOPATA!

  Ontem eu estava fazendo minha caminhada vespertina pela praça do Parque Alvorada e ouvi uns amigos que caminhavam e conversavam animadamen...