O Brasil é um país diferente mesmo! Não só pela tristeza do seu
povo transformada em alegria na televisão durante o carnaval, ou pelas mulheres
sofridas pela discriminação e exploração, feitas bonitas e exaltadas em versos
e prosa nas rodas de samba, ou, ainda pelo futebol que convoca jogadores de
países do mundo todo, menos do Brasil, para a seleção, mas pela capacidade de
aceitar as mentiras públicas como verdades particulares. É um caso a ser
estudado, tipo aquele desafio dos nove pontos da figura ali acima.
Fiquei uma semana sem publicar nenhuma crônica, simplesmente
porque não as escrevi. Não me dei ao trabalho de escrevê-las. Morando neste
país tão diferente, achei desnecessário. Mas, depois de saber que o mundo todo
está completamente comprometido com a vacina contra a COVID, pensei em resolver
o problema proposto por John Adair, em 1969, chamado o ‘O Desafio dos nove pontos”. Se quiser tentar, as regras são as
seguintes: Ligar os nove pontos da imagem acima, usando apenas quatro linhas
retas, sem levantar o lápis do papel e sem passar mais de uma vez pelo mesmo
ponto. Uma única informação adicional é muito importante: É preciso pensar
‘fora da caixinha”.
E é sobre isso, exatamente sobre isso que ando pensando
ultimamente, não o problema do John, mas a parte ‘fora da caixinha’. Para
resolver o problema dos nove pontos é preciso que os traços ‘saiam dos limites
indicados”. Enquanto eu deixava de publicar meus textos por uma semana, os
preços no supermercado subiram absurdamente e o governo anunciou índice de
inflação dentro dos pontos aparentes do problema, e propôs os reajustes ‘fora
da caixinha’ para os salários e aposentadorias!
Fora da caixinha também é um programa onde as pessoas viajam
para outros países sem ter que pagar nada pela hospedagem, se comprometendo a
cuidar da casa, que é dos outros, como se fosse sua, tipo a privatização de
plataformas da Petrobrás que é concedida a investidores internacionais que a ocupam
e dela tiram o lucro que será remetido para países estrangeiros.
Então, por que eu, um simples escrevinhador que não defende
cloroquina ficaria quieto no meu canto com as palavras pululando dentro do
peito? Resolvido o desafio dos nove pontos, continuo publicando minhas mal
traçadas linhas e me permito pensar que, pelo menos um pedacinho do jornal
ainda pode ser um lugar fora da caixa.
Perfecti
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