Está um alvoroço nas repartições públicas municipais onde novos comandantes devem tomar posse do cargo ainda nesta semana. Funcionários concursados ainda dormem o sono dos anjos, mas uma leva de comissionados desejariam que dois mil e vinte nunca acabasse, mesmo com essa pandemia que para muitos é fichinha perto do lhes espera com a chegada do adversário político que vai se tornar chefe em três dias.
Eu, ainda, sou presidente de uma Associação de Produtores Rurais
da Agricultura Familiar e, como tal, vez e sempre ando por alguns corredores da
administração municipal e já há tempos percebo a inquietação. Antes das
eleições tinha comissionado fazendo campanha para dois candidatos, o que se
encontrava em primeiro lugar nas pesquisas e o segundo que apostava numa virada
de última hora. Ufa! Acho que me salvo, desabafou um desses barnabés,
esforçando-se por esconder os votos que pedira ao provável eleito, derrotado
pelo voto útil.
Ter funcionários de confiança é fundamental em qualquer
atividade que se tenha necessidade de auxiliares para o desempenho das funções que
são atribuídas, mas no poder público, parece que isso de ‘confiança’ é ainda
mais importante. Em inícios da década de dois mil, fui investido de um desses
cargos comissionados na prefeitura municipal e, todo orgulhoso e cheio de
idealismo, passei a gerir um setor até bem importante na Secretaria de Fazenda.
Quer dizer, tentei gerir um setor bem importante. Mesmo já tendo militado por
longos anos na política e feito centenas de análise de conjuntura, não tinha eu
ainda me dado conta da realidade do que os sindicalistas mais combativos chamam
de ‘chão da fábrica’ da democracia.
Enquanto escrevo estas mal traçadas linhas, tem dois funcionários
de uma empresa terceirizada instalando um aparelho de ar condicionado aqui no
apartamento. Quem fiscaliza o trabalho deles? Eu, o principal interessado no serviço.
Exatamente neste mesmo momento, tem dezenas de empresas terceirizadas prestando
serviços para a sociedade e sendo pagas pelos administradores municipais com o
dinheiro do contribuinte, no caso, eu de novo. Mas, quem fiscaliza?
Acho estou entendendo porque se gasta tanto dinheiro nas campanhas
eleitorais!
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