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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

QUANDO O AMADOR VIRA PROFISSIONAL (Dia do teatro amador)

             De vez em quando eu gosto de fazer referência a datas comemorativas, e são tantas que até parece impossível de se comemorá-las todas. Um sujeito chamado Nei Van Soria propôs criar o dia do ócio e sugeriu o dia cinco de outubro, que é o dia do seu aniversário, deve mesmo andar muito ocioso para propor isso!

Algumas datas poderiam ser comemoradas com mais ênfase, tipo o dia da mentira, são tantas por aí que talvez ninguém acreditasse mesmo em qualquer evento de comemoração. Inclusive, vou sugerir uma alteração para essa data que atualmente é comemorada no dia primeiro de abril, pode acreditar, seria muito mais adequado se fosse em algum dia de agosto, quando se inicia a propaganda eleitoral. Poderíamos trocar o dia dos pais pelo dia da mentira e comemorar o dia dos pais em abril, longe dessa cambada de mentirosos!

Hoje, dezesseis de dezembro, comemora-se o dia do Teatro Amador. Artistas são também uma espécie de mentirosos! Vivem da fantasia, do faz de conta, da representação, do jogo de cena e muitas vezes do sorriso inventado cobrindo a tristeza enrustida atrás de camadas de tinta ou maquiagem. Que seria da alegria não fosse o artista amador, sim o amador, aquele que faz da arte o alimento para a alma muito mais do que o alimento do bolso como o fazem os profissionais.

Curvo-me e tiro o chapéu aos artistas do semáforo! Quantas vezes parei o carro no sinal vermelho com o dia acinzentado e um malabarista trouxe um colorido por alguns segundos e aquela moeda que pus fora da janela nada significa para mim perto do que ele fez para consegui-la. Trinta segundos de apresentação e sigo o caminho, mais alegre, para parar outra vez no semáforo e vez uma venezuelana com uma placa no pescoço pedindo ajuda para comprar comida para a filha que não tem a menor ideia do que esteja acontecendo naquele canteiro central.

Quando o governo destina verbas para incentivar a cultura e entre a despesa orçamentária e o artista no palco da rua sobra algum investimento que justifique a despesa, as ruas são tomadas de alegria e o povo nem se lembra dos teatros onde a burguesia se acomoda em cadeiras individuas. A alegria genuína vem, sim do teatro amador!

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