De vez em quando eu gosto de fazer referência a datas comemorativas, e são tantas que até parece impossível de se comemorá-las todas. Um sujeito chamado Nei Van Soria propôs criar o dia do ócio e sugeriu o dia cinco de outubro, que é o dia do seu aniversário, deve mesmo andar muito ocioso para propor isso!
Algumas datas poderiam ser comemoradas com mais ênfase, tipo o
dia da mentira, são tantas por aí que talvez ninguém acreditasse mesmo em
qualquer evento de comemoração. Inclusive, vou sugerir uma alteração para essa
data que atualmente é comemorada no dia primeiro de abril, pode acreditar,
seria muito mais adequado se fosse em algum dia de agosto, quando se inicia a
propaganda eleitoral. Poderíamos trocar o dia dos pais pelo dia da mentira e
comemorar o dia dos pais em abril, longe dessa cambada de mentirosos!
Hoje, dezesseis de dezembro, comemora-se o dia do Teatro Amador.
Artistas são também uma espécie de mentirosos! Vivem da fantasia, do faz de
conta, da representação, do jogo de cena e muitas vezes do sorriso inventado
cobrindo a tristeza enrustida atrás de camadas de tinta ou maquiagem. Que seria
da alegria não fosse o artista amador, sim o amador, aquele que faz da arte o
alimento para a alma muito mais do que o alimento do bolso como o fazem os
profissionais.
Curvo-me e tiro o chapéu aos artistas do semáforo! Quantas vezes
parei o carro no sinal vermelho com o dia acinzentado e um malabarista trouxe
um colorido por alguns segundos e aquela moeda que pus fora da janela nada
significa para mim perto do que ele fez para consegui-la. Trinta segundos de
apresentação e sigo o caminho, mais alegre, para parar outra vez no semáforo e
vez uma venezuelana com uma placa no pescoço pedindo ajuda para comprar comida
para a filha que não tem a menor ideia do que esteja acontecendo naquele
canteiro central.
Quando o governo destina verbas para incentivar a cultura e
entre a despesa orçamentária e o artista no palco da rua sobra algum
investimento que justifique a despesa, as ruas são tomadas de alegria e o povo
nem se lembra dos teatros onde a burguesia se acomoda em cadeiras individuas. A
alegria genuína vem, sim do teatro amador!
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