Estou
pensando em comprar uma LAND ROVER. Já andei a pé, de carrinho de mão, de
bicicleta, mobilete, moto, fusca, corcel II, …. Todos esses veículos eu tive
para andar pela vida, agora eu quero uma Land Rover.
A pé
eu andava sozinho seguindo as leis de trânsito ditada por meus pais, irmãos
mais velhos, tios, professores, políticos, qualquer autoridade ou pessoa que
fosse maior que eu. Mas, andando eu estava sempre sozinho, os que iam de carona
comigo estavam sempre cuidando de suas vidas e raramente me ajudavam.
De
carrinho de mão fiz muitos fretes para ganhar um pouco de atenção, pagamento
justo pelo trabalho realizado. Não tinha banco para outros passageiros, então a
viagem era sempre necessariamente solitária. Fiz muitas viagens para receber
míseros pagamentos de reconhecimento e aprendi bem cedo o valor do dito: muita areia para minha caçamba!
Na bicicleta
eu demorei nas aulas de aprendizado. Quando consegui me equilibrar entre a
solidão da viagem e a conquista do veículo, percebi que os outros ciclistas
eram mais espertos que eu. Fiquei para trás, mas fui em frente.
Mobilete
tem motor, é quase uma moto. Sempre dando problemas de carburador que enche de
carvão pela combustão incompleta do óleo misturado com a gasolina, me levou por
caminhos desconhecidos, arriscados, mas excitantes o bastante para arriscar a
viagem. Montei nela para ter prazer, fiquei pelo caminho várias vezes, sem
contar os pedaços que perdi para nunca mais achar peça de reposição.
Moto
anda rápido e tem agilidade se o piloto for minimamente capaz de gerir os
equipamentos e estabelecer o equilíbrio levando em consideração a força centrípeta
e centrífuga. Muito concentrado na força centrípeta deixei que oportunidades
sempre entrassem em fuga. O motor tem uma batida forte, acelerada, mas não
havia equilíbrio emocional que desse conta de racionalizar o sentimento. O
motor sempre vazando, o coração apertado, a velocidade diminuindo, o foco na
força centrípeta, todos fugindo e eu andando em círculo até cair em cima de mim
mesmo.
O
fusca é o carro que todo mundo teve por primeiro. Barato, pouca manutenção,
relativamente econômico e dá prazer. Achei meu fusquinha numa zona muito
popular. O coração acelerado. Minha primeira vez. Carro usado, muito usado. Não
tenho cacife para carro novo. Estava lá. Peguei. Troquei o óleo. Estava
vazando. Custou caro. Muito caro.
Comprei
meu corcel II. Cabe mais gente. Usado também, meio estragado, mas a gente vai
dando manutenção. Fiz algumas reformas até não ter mais conserto, deixei para
lá, outro está usando, deve gostar.
De
carro em carro fui renovando as esperanças. Não tive a paz que eu esperava. Agora
estou no site da Land Rover, estou
montando o carro para viver o resto da minha vida. Não quero mais carro usado.
Nunca tive um novinho para ser somente meu e eu dele. Estou empolgado com a
direção segura e leve, não precisa muito esforço nem insistência, é só guiar
que o carro segue comigo como se fossemos uma só carne. Câmbio automático, não
vai ter necessidade de mudança de marcha o tempo todo, basta seguir a direção
combinada e o carro anda macio porque o amor, os amortecedores são de
qualidade. Tem espaço, posso entrar com tudo o que tenho sem nenhuma restrição.
É uma caminhonete, então eu devia chama-la de a Land Rover. Ela é muito linda, estou empolgado, mas desta vez vou
com calma, das outras vezes eu me empolguei e errei. Quero ela só para mim. Andar
macio, elegante, traz conforto e não gera confusão. Acho que desde o início eu
devia ter pensado em uma Land Rover, nada de ficar experimentando e sofrendo.
Elairton
Paulo Gehlen
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