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terça-feira, 9 de outubro de 2018

O NEGÓCIO



O negócio andava meio desentendido com o comprador que vinha com a caminhonete hilux. Já tinha uns tempos que a conversa vinha assim como as promessas dos políticos. Quando fez a proposta de comprar deu a mão com alegria mostrando os dentes brancos da limpeza feita no dentista, deu tapinha nas costas nem sei quantos, tomou até chimarrão. Falou bonito de tantas coisas que ia fazer no sítio, renovar o galpão, construir uma casa para o caseiro, fazer açude de peixe, se eu quisesse podia até vim pescar umas tilápias! Depois sumiu por uns tempos dizendo que estava viajando a negócios. Não vende para ninguém, eu já dei minha palavra que vou comprar.

O preço não estava caro, mas também nesse deserto onde só tem boi! Vieram compradores interessados que ficaram sabendo do interesse da venda e fizeram propostas até melhores. Não posso vender, já está prometido. O homem está de viagem de negócios, vai comprar.

Quatro vezes apareceu o homem com sua hilux. Primeiro disse que o galpão estava ruim por isso tinha que dar desconto e o desconto dava para fazer uns dois galpões novos, depois descontou o valor dos tanques de peixe que eu não disse que tinha, aí falou que para o negócio dele tinha que construir casa para um trabalhador e finalmente achou a minha casa muito pequena e assim ele ia ficar morando na cidade e ia gastar muita gasolina para ir e voltar todos os dias, então ia pagar ainda menos pelo sítio. Tem outros interessados.... Tu não és homem de palavra? Se me prometeu, sou o primeiro comprador. Vende logo homem, disse a mulher de noite enquanto esquentava a janta, vamos morar na cidade, lá é que é bom.

Quando viu a hilux chegando no corredor da entrada do sítio, o coração acelerou, estava decidido a não dar mais desconto. Se descontar mais um pouco vou ter que pagar para ele comprar! Vim fechar o negócio, o valor combinado na última conversa, e eu pago à vista. Tinha outro homem junto, disse o nome e foi apresentando a propriedade dele. Mostrou a casa boa que tinha ali, o galpão, as nascentes e por fim disse que a rodovia ia passar em frente da propriedade triplicando o valor em pouco tempo, assim ele aceitava vender o sítio, mas sem ficar achando defeito ou pedindo desconto.

 

Elairton Paulo Gehlen

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