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sábado, 13 de setembro de 2025

QUANTO É MESMO ETERNAMENTE?

 



Num sábado à noite não sei como mensurar o quanto é eternamente, o próprio sábado já me parece eterno, então, se somo a esse eterno a ansiedade que vivo a cada dia, eternamente me parece um tempo tão grande que nem na eternidade será possível descreve-lo.

Não fossem os sábados, talvez não existisse a eternidade. O sábado é o fim! É o fim da semana. É o fim das metas impostas. É o fim do entendimento que se tem desde o começo da semana. Sábado é o fim, mas ele teima em não acabar. É no sábado que se vive a eternidade, os outros seis dias da semana são de trabalho inútil para o desenvolvimento de um sistema capitalista que destrói o mundo.

O sábado é a renovação da esperança, é no sábado que os bares se enchem de gente que trabalhou a semana inteira para alimentar um sistema mau e agora sonha com um mundo sem os males do sistema.

As horas do dia podem até terminar, mas o sábado se prolonga pelo infinito da madrugada até que finalmente nos entregamos ao sono, e ele, o sono, dura uma eternidade e quando acordamos o mundo já é outro completamente diferente e o domingo é a marca da desilusão, porque a partir dele começa outra semana de dias finitos e tediosos onde não sobra tempo para viver.

A eternidade é o tempo que dura o sábado daqueles que acreditam que esse dia é o dia do Deus eterno e foi ele que fez o sábado para que nesse dia não trabalhemos de jeito nenhum. E quem fez o sábado também fez a eternidade, inventou o tempo e o livre-arbítrio para que os seres humanos pudessem escolher entre o finito e o infinito. Acreditar, vai do livre-arbítrio de cada um. Tem gente que fica infinitamente acreditando que uma mentira é verdade; tem gente que nunca acredita na verdade. Eu acredito na vida eterna e que o sábado foi feito para quem acredita na eternidade.

Dia de sábado eu não trabalho, nem sexta, porque é véspera de sábado, nem quinta porque é véspera da véspera do sábado. Também não trabalho na quarta porque é meio de semana e já está na hora de descansar um pouco. Terça é dia de se preparar para o descanso da quarta e na segunda é o dia de fazer planos para passar mais uma semana sem fazer absolutamente nada, e a semana inclui o domingo que é dia que não se trabalha por lei e não seria eu a descumprir a legislação justo nesse dia.

E assim são os meus dias: eternos! Eu só escrevo. Escrever é trabalho?

terça-feira, 9 de setembro de 2025

COLÉGIO ELEITORAL

 



O Presidente do Brasil é eleito de forma direta, eu, você e todos os eleitores aptos a votar e que forem às urnas no dia da eleição escolhem o candidato que mais agrada, e confirma o voto, daí o Tribunal Superior Eleitoral faz a contagem e o que tiver mais votos será anunciado como eleito e irá cumprir seu mandato até que novas eleições aconteçam. É assim nos países com democracia plena como o nosso.

Em alguns países o processo eleitoral é indireto. Por lá, os eleitores votam para formar um Colégio Eleitoral que irá escolher o presidente. É assim em Cuba, por exemplo. É assim, também nos Estados Unidos da América. Nesses países a democracia não é plena, já que não é dado ao eleitor o direito de eleger o representante máximo da nação. Só a titulo de ilustração, esse modelo era utilizado no Brasil durante a ditadura militar.

Mas, democracia não é só o direito de votar e ser votado. Democracia é o direito de participar nas decisões políticas, de criticar ou elogiar, de receber os benefícios da governança, de poder se organizar enquanto sociedade civil e até de protestar quando algo vai mal na aplicação do dinheiro público ou na forma inadequada de governo.

Ganhar ou perder uma eleição faz parte do processo. Às vezes se ganha, às vezes se perde. Eu mesmo já fui candidato à vice-prefeito da minha cidade, perdemos a eleição e respeitamos o vencedor. Tem candidato que protesta contra o resultado, recorre ao judiciário e até faz algum tumulto. Até aí, tudo bem, o que não se pode é arrebanhar pessoas de boa fé, doutrinando-as com mentiras, e fazendo-as cometerem crimes como os do dia oito de janeiro de 2023.

O candidato Jair Bolsonaro não se conformou em perder o pleito eleitoral, o que sucedeu todos sabemos. Inconformado com a eleição, o ex-presidente, que gostava de chamar o adversário de ‘ex-presidiário’, jamais imaginava passar por outro processo, agora num Colégio Eleitoral, o mesmo que tentou, por anos, desqualificar.

Nada como um dia depois do outro. Neste momento, às vinte horas mais trinta e cinco minutos do dia 09 de setembro, o placar está em dois a zero, basta mais um único voto e o inconformado candidato derrotado será eleito para cumprir um novo mandato: o de presidiário. Quando ele sair, talvez saiba o peso que é ser chamado de ‘ex-presidiário’.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

20.000!!!!!!!!!

 


É hora de comemorar!!! 


 

Mas, qual página? A minha, claro! Meu Blog alcançou mais uma marca a ser celebrada.



LITERATURA PARA A LIBERDADE não é meramente uma marca comercial com interesse de atrair o interesse de leitores, é a expressão do meu direito de escrever livremente. E também o direito dos leitores de fazerem seus comentários. E eu tenho o prazer de dizer que são muitos, tem mais comentários do que postagens:



Eu amo ler cada um dos comentários!

 

O texto mais visitado do blog é também o maior texto publicado até hoje:

 

               Quando comecei a escrever essa história, o projeto era concluí-la no terceiro capítulo, mas os personagens ganharam vida própria, agora já são vinte e sete capítulos publicados e teremos pelo menos mais uns três.

Essa postagem recebeu 345 visitas!



               Sempre tem visitantes de outros países. Nesta semana a estatística do blog mostra que pessoas de pelo menos dez países viram meu blog:

                        Mas, às vezes a lista surpreende! O número de visitantes estrangeiros na semana do dia 04 de agosto foi impressionante:

                        Nos últimos dois meses, a média de visitas ficou acima de 700/mês.




                    Eu amo escrever 



Amo também ler bons livros. Muitos livros!



Os livros estão sempre diante de mim!

 

OBRIGADO! A cada pessoa que visita o meu blog, sem vocês não faria sentido publicar.

 

 

Volto a este assunto quando chegar a 25.000!!!

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O QUE ME LEMBRA VOCÊ

 



Estou numa idade em que ‘lembrar’ já é uma parte importante da vida. Seis décadas! A maioria de lembranças ruins! E a pergunta que me faço é: O que fazer com isso? A resposta mais imediata é: ‘Eu sou um escritor, então, transforme isso em literatura!’ Uau! Esse é mesmo o meu papel, romantizar as desgraças da vida e, no final, transformar tudo em um “felizes para sempre!”

Eu amo essa parte do felizes para sempre, porque isso é a metáfora da vida. Quase sempre esperamos até final para entender que poderíamos ter sido felizes desde o começo. Mas o começo e o meio da história precisam de reviravoltas para que a vida tenha alguma graça. Então, vamos à luta, acumulando atitudes que nos parecem absolutamente racionais. Lutamos a luta inglória contra moinhos de vento, fazemos o óbvio para provar que o que nos ensinaram era verdadeiro, até descobrirmos que o verdadeiro era falso e o que parecia falso era mesmo o verdadeiro! A verdade que nos contaram era mentira e, hoje, quase perto do felizes para sempre, eu tenho tido bastante tempo para me lembrar do todos os ‘vocês’.

Tudo ao redor parece lembrar algum ‘você’, uma cidade, uma planta, um livro, um lugar distante, uma fotografia, ... . Fiz um filtro maravilhoso que é capaz de conter vários aspectos da psique. Por quase uma década eu trabalhei cada processo da construção desse objeto maravilhoso, capaz de separar o joio do trigo psicológico. Hoje olho para as coisas que me lembram a maioria dos ‘vocês’ e rio de mim mesmo pensando em quanto fui tolo em deixar que abusassem das minhas fragilidades. Cada vez que mergulho no filtro psicológico deixo para trás mais algum peso de amargura e saio do outro lado mais feliz! Daí olho outra vez para as coisas que me lembram de você e vejo uma planta florindo, lembranças de uma viagem recente, uma simulação de placa de automóvel escrito: ‘Fui em 2024” e até um ímã de geladeira. Dalí para trás quase tudo está retido no filtro psicológico.

Acho que estou ficando melhor a cada dia! Estudo Inglês porque eu quero aprender Inglês para eu me divertir assistindo filmes e séries no idioma original; Estudo espanhol porque amo estar naquela sala de aula divertida e organizada ao mesmo tempo; Vou comprar um violão para tocar músicas que eu mesmo vou compor sem me importar com notas musicais ensinadas nas escolas de música, quero fazer música como fiz ‘E o Sapo Tava Lá”, que toquei e cantei para meu filho quando ele ainda era pequeno. Agora ele já cresceu e o pequeno sou eu, vou cantar ‘E o Sapo Tava Lá’ para mim mesmo e vou rir à vontade!

Se você quer que eu me lembre de você, então faça coisas boas. Eu só fico com as lembranças que passarem pelo filtro maravilhoso que construí nos últimos dez anos!

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

NA CORDA BAMBA

 


Tem uma praça a uns trinta metros daqui onde eu moro, é lá que vou fazer meus exercícios físicos diariamente, lá, também, muitos jovens jogam futebol de salão, vôlei de areia, praticam skate, tomam tereré e namoram quase livremente. Os adultos aproveitam o espaço para os exercícios físicos e tem uma galera, bem pequena, que de vez em quando estica uma slackline e se diverte andando na corda bamba!

Slackline é uma fita esticada, sobre a qual se pratica esporte de equilíbrio, antes conhecido por funambulismo, quando ainda se caminhava sobre uma corda esticada, daí o nome de corda bamba. Eu tenho uma Slackline e já andei praticando esse esporte divertidíssimo quando ainda morava no sítio. Esticava a fita entre duas árvores e passava horas buscando o equilíbrio, meu grande feito foi permanecer sobre a fita por uma distância de cinco metros até alcançar a outra extremidade! Viva!



Mas, nem tudo na corda bamba é divertido. A vida é uma espécie muito especial de corda bamba, e ela balança o tempo todo desequilibrando nosso entendimento sobre quase tudo. Alguns mal conseguem dar os primeiros passos no rumo da dignidade, outros andam, andam e andam, mas nunca chegam. Uns são impedidos de subir na corda e outros não tem ideia do que seja alcançar um objetivo, daí nem tentam se equilibrar, e quem chega, louco de alegria, olha para trás e pensa em como a corda estava cheia de ilusões, o caminho seria mais fácil sem os muitos conselhos inúteis.

E haja conselhos! A internet é uma corda esticadíssima onde a maioria busca equilíbrio entre as infinitas mensagens das redes sociais. É fácil subir nessa corda e o espetáculo é maravilhoso, mas chegar ao objetivo... Seguindo o tic-tok se pode dar milhares de passos e não sair do lugar; O Instagran te leva a lugar nenhum depois de criar mil ilusões; O Facebook é uma fábrica de mentiras e o WhatsApp é um caminho rápido para te fazer de bobo. Enquanto isso, você continua na corda bamba da desinformação acreditando que a Democracia pode ser defendida por golpistas ditatoriais!

Os trabalhadores estão permanentemente sobre uma corda bamba, o objetivo grita MERITOCRACIA! Daí você estuda o melhor jeito de dar cada passo e quando está prestes a chegar... a vaga não existe mais, a corda se rompe e de baixo dos pés se abre o precipício do desemprego.

Os capitalistas subiram alegremente sobre a corda bamba da globalização. “Qualidade total!” Gritavam os invisíveis do mercado, mas a extremidade da corda, que estava firmemente amarrada, rompeu-se no tronco da América Great Again.  

Algumas denominações Evangélicas de caráter empresarial fizeram os crentes desamarraram cuidadosamente a corda do Tronco Forte e fixaram seus olhos no Fascismo, aos poucos começou a aparecer uma luz do outro lado. “Olha, é o poder de Deus!” Entoaram hinos de glória e ouviram as vozes do além. Na outra extremidade, firmemente amarrada na Extrema Direita, se acenderam labaredas que não se apagam. Idólatras vão queimar eternamente nesse engano.

 



Corda bamba é uma expressão popular que descreve situações de perigo e incertezas. É bom saber onde a corda está amarrada!

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

DE VUELTA A LAS AULAS!

 



Hoy fue um día muy especial, não, não vou escrever um texto em espanhol, só algumas palavras, porque hoje foi o primeiro dia de aulas do curso de espanhol da UNAMI, neste início de segundo semestre. Foi especial porque reencontrei meus colegas de sala, um bando de velhos muito jovens que se divertem aprendendo. Especial também porque lá estava Santa Vânia de Dourados para ministrar as aulas e fazer com que milagrosamente aprendamos as lições. Especial porque meu amigo Will não ficou chateado de eu ter publicado uma foto dele e da sua querida Márcia numa crônica que fiz em julho para homenagear minha Cléo enquanto passeávamos em Imbituba, Santa Catarina. Especial porque estudamos verbos em espanhol e eu nunca imaginei que existisse o verbo Aburrir.



Está muito claro, e nem precisa ser dito, que teve lanche. Se algum dia de aula não tiver pelo menos café e bolo a aula termina impreterivelmente às três da tarde e a UEMS vai abrir uma sindicância para averiguar os fatos que levaram a não se servido o bolo e o café, não que a UEMS forneça os produtos, não, somos nós que providenciamos voluntariamente cada bolo, bolacha, pó de café e até os copos descartáveis para tomar a água e o delicioso pretinho passado no coador, mas o fazemos com alegria e nos sentimos muito agradecidos pelo projeto de extensão da Universidade que permite que nos encontremos cada segunda-feira para celebrarmos nossa amizade e, ainda, aprender uma língua estrangeira. Parabéns aos idealizadores!





A aula e o lanche estavam ótimos! Reencontrar os jovens amigos velhos foi muitíssimo bom! Mas faltou um ingrediente, o Will não cantou nenhuma música... Isso certamente foi uma infração gravíssima, não sei como a professora vai se defender quando o processo for aberto na UNAMI. E por falar em cantar, vou aproveitar para me vangloriar um pouco, nossa turma de jovens velhos estudantes já se apresentou em dois eventos importantíssimos: No encerramento das atividades no final do ano passado na Casa de Cultura da UEMS e este ano na abertura da 5ª Semana de Internacionalização, também na UEMS e agora estamos nos preparando para outro grande evento, um passeio no Recanto dos Caytés, em Amambai, mas lá é só lazer mesmo! Que chegue logo setembro!



Agora é fazer o dever de casa e provar para a maestra que aprendi os verbos Tejer e Aburrir!

 

Semana que vem tem mais!

quarta-feira, 30 de julho de 2025

E EU NEM QUERIA FALAR SOBRE ISSO

 



Aliás, eu nem queria falar sobre muitas coisas porque tem coisas tão absurdas que nem vale a pena falar sobre. Mas, tem coisas que não há como fazer de conta que não foi nada. Há uma semana que não assisto noticiários da televisão e já estou sentindo falta, sinto falta de ver os caras de moto roubando celular e dando tiros nos outros em plena via pública. É bem emocionante ver a coragem dos bandidos. Eu tinha me acostumado tanto a ver esse tipo de notícia em destaque que desleixava completamente quando se falava em distribuição de renda e cuidado com os mais pobres.

Não quero mais falar sobre roubos de celulares, esses caras já viraram heróis de muitos noticiários, assim como os tiroteios nas favelas do Rio de Janeiro. Tudo bem, a Bahia também parece ter virado um território sem lei, assim como São Paulo e alguns outros lugares ‘desenvolvidos’. É legal perceber que as milícias e os grupos criminosos organizados são fortes onde o capitalismo é forte. Eles lutam legitimamente pela concentração de poder e riqueza, igualzinho os capitalistas. Os criminosos se apropriam dos bens que não adquiriram, os capitalistas se apropriam dos lucros que não produziram, alguma diferença? O capitalismo é tão desonesto quanto os grupos criminosos, mas a imprensa parece que só torna os criminosos em heróis, os capitalistas financiam os meios de comunicação.

 Eu não quero mais falar do capitalismo porque parece que tudo o que eu tinha que falar eu já falei enquanto militava nos partidos comunista e socialista, mas tem coisas que não dá para não falar. O capitalismo apregoou aos quatro ventos que a globalização seria a glória da humanidade. Com a globalização todos os países teriam acesso aos mercados globais em iguais condições de comércio. Bem, é verdade, pelo menos teoricamente, não fosse um pequeno detalhe já descrito no parágrafo anterior, o capitalista é tão confiável quanto um miliciano ou uma liderança do PCC.

Só para deixar bem claro que quando eu digo ‘capitalista’, eu não estou me referindo ao pequeno empreendedor que luta dia a dia para fazer uma acumulação primitiva de capital, nem mesmo do médio empreendedor, esse lucram movimentando o mercado real, os capitalistas reais lucram da desgraça do povo e movimentam o mercado financeiro e se apropriam de uma fatia bem generosa do dinheiro público. Ah, eles também se juntam em grupos políticos que no Brasil conhecemos por Centrão e ali controlam o poder executivo inviabilizando propostas que eventualmente favoreçam as pessoas mais pobres.

Eu não queria mais falar sobre isso, mas o Centrão anda bem contaminado pela extrema direita que eternamente se associa ao que há de pior na política. Desde Francisco Franco na Espanha, Mussolini na Itália, Hitler na Alemanha e Bolsonaro no Brasil até Trump nos Estados Unidos. São eles que defendem o liberalismo econômico, a globalização e o fim do direito dos trabalhadores.

Eu não queria mais falar sobre isso! Mas esses conceitos de liberalismo e globalização só valem para enganar os outros, que o diga o atual presidente dos Estados Unidos!

Verdade, eu não queria mais falar sobre isso.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

O QUE PABLO NERUDA DIRIA SE ESTIVESSE AQUI?

 




Há poucos dias eu assisti, de novo, o belíssimo filme O Carteiro e o Poeta, história ficcional que narra a amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda e o carteiro Mario Jimenez durante um eventual exílio do poeta em uma vila de pescadores da Itália. A vida romântica no exílio, a amizade com o carteiro semianalfabeto, a admiração do povo e o ambiente litorâneo são um prato cheio para quem gosta de poesia.

Eu gosto do Neruda, da sua poesia, seu compromisso social e até do Stalinismo e do espanto com as denúncias do XX Congresso do PCUS.  É um desses caras fáceis de se gostar, você o encontra por inteiro em Confesso que Vivi, rejuvenesce em Rio Invisível, viaja com o poeta em sua Antologia Poética e desvenda toda sua vida e obra na tese de doutorado da estudante de letras Vera Lígia Mojaes Migliano Gonzaga, pela UNESP (https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/ecee3236-2417-4394-820c-cc1ac2cc775b/content).

Quando vi o filme pela primeira vez, em 1994, eu ainda estudava matemática na UFMS e tinha lançado minhas primeiras dez páginas de poesia em um livro com outros autores locais, também já tinha pago alguns alugueres com meu jornalzinho Poesia Verde, de 1988 e conquistado pelo menos um coração fazendo poesia na rua durante o trote cultural com os calouros daquele ano. Agora vejo outra vez o filme, já aposentado e viajando de férias em Imbituba, Santa Catarina, junto da bela Cléo que só me chama de Poeta!

Sentado na varanda do primeiro andar do nosso airbnb, tomando meu chimarrão e olhando a paisagem ao redor me perguntei inocentemente: O que diria Pablo Neruda se estivesse aqui? Antes de dizer qualquer coisa que fosse, ele apreciaria o lago que enchia nossos olhos por sobre a copa das árvores. Pelo outro lado da varanda, ainda o lago e depois um vilarejo e mais adiante o mar. Se ele aceitasse uma cuia do chimarrão, do meio da prosa descobriria meus tempos de luta social, de militância comunista, as milhares de publicações em jornais e panfletos, talvez até se interessasse por uma poesia do livro de 1993: Mais Uma Casa Que Nasce. Se o Neruda estivesse em nossa casa, tomando chimarrão nesse dia, um dia depois de assistirmos O Carteiro e o Poeta, certamente se riria ao me ver ligar uma música na caixinha JBL e tirar a Cléo para dançar. Então se levantaria e, olhando a paisagem, usaria de tantas metáforas quanto fossem necessárias e, com os olhos verdes das copas das árvores, cheios das águas dos lagos e encantados com as ondas do mar, faria uma linda poesia para sua Matilde.

Neruda nos deixou em 1973, poucos meses depois que os Estados Unidos patrocinaram um golpe militar que assassinou o presidente do Chile, Salvador Allende, e instaurou naquele país uma ditadura militar comandada pelo famigerado General Augusto Pinochet. A truculência dos militares não foi capaz de matar a poesia desse comunista. Ainda que, em nossa viagem, o Neruda tenha sido só uma miragem, viajar para Imbituba e rever esse filme foi um belo poema!

sábado, 12 de julho de 2025

GAZETEANDO

 


Desde o ano passado que estou estudando espanhol no curso oferecido pela UNAMI-Universidade da Melhor Idade, um curso de extensão da UEMS-Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, mesma instituição onde tirei um dez no processo seletivo do curso de especialização em educação matemática e depois desisti no meio para me arrepender eternamente. Mas agora estou decidido a não desistir, a não ser que seja por uma boa causa, e é por uma dessas ‘boas causas’ que estou gazeteando, ou gazeando, como queira, as aulas deste finalzinho de semestre.


Já estou com saudades dos colegas de classe, esse povo divertido que demora uns quinze minutos para se aquietar para que a professora, Santa Vânia de Dourados, possa iniciar as aulas, e ainda assim tem uns que tem aquela fofoca urgente e a aula ainda demora mais uns minutos para começar. Daí, quando a aula embala, já é hora do lanche. Hummm! tem bolo, bolacha, salgados, suco de alguma coisa e café. Quando é a minha vez de levar o lanche, daí tem pudim!!

Eu amo as aulas de espanhol! Até no dia que a professora disse que não ia ter aula por causa do frio, eu fui. Fui porque eu queria ir, lógico, mas também porque não vi o aviso no grupo do watts. O grupo do watts é para os avisos importantes sobre o curso, mas todos os dias tem umas mil publicações de bom dia e boa noite! E aquelas mensagens motivadoras que todos precisamos ver para tornar a vida mais agradável. Isso quando lemos as mensagens, claro! Mas tem também os vídeos do paraguaio Wil cantando em espanhol e até em português, que é para ele provar que já aprendeu a nossa língua. Eu ainda não me arrisco a provar que já aprendi espanhol por dois motivos: Porque não aprendi, mesmo, o suficiente para postar um vídeo e porque não sei cantar, nem em português, menos ainda em espanhol!

 


Agora estou em Imbituba, gazeteando a aula desta semana e lembrando da Márcia, enquanto o Will canta, e ele canta em TODAS as aulas, e a Márcia filma todas as músicas que ele canta e dá para ver que os olhos dela ficam mais brilhosos enquanto ele canta e quando ele olha para ela, cantando, tem uma ligação inexplicável do amor entre eles. Na última aula eu perguntei para o Will como foi que eles se conheceram e ele me disse que foi pela internet, ele ainda morava em Asunción, no Paraguai, tipo uns seiscentos quilômetros de distância. Dois anos depois ele estava cantando e nós todos estávamos aplaudindo, mas ele cantava era só para a Márcia dele.


Como eu ia dizendo, agora eu estou em Imbituba gazeteando a aula de espanhol e não vi o Will cantando para a Márcia, mas tem uma coisa especial que justifica, e ela se parece com a história do Will. Há pouco mais de dois anos eu conheci, acredite, pela internet, a minha Márcia, que se chama Cléo, e vim para Imbituba cantar para ela e ela filma com os olhos cada música que eu canto e quando eu a vejo me filmando os olhos brilham. Será o amor? Certamente que o Will canta em espanhol melhor que eu, mas tem um quê de não sei o que que nos iguala, mesmo que a distância que eu tenha que percorrer seja maior que seiscentos quilômetros.



Imbituba é só um pretexto, nos últimos dois anos já andamos por muitos lugares maravilhosos e descobrimos que não são os lugares, mas nós mesmo é que somos capazes de fazer cada lugar ser especial. Agora estamos em Imbituba. Eu amo aulas de espanhol! Em agosto estarei de volta para a UNAMI, já com saudades. Das aulas de espanhol?

quarta-feira, 2 de julho de 2025

POVO ELEITO

 



Olá, boa noite! Sim, neste momento em que escrevo estas mal traçadas linhas é noite, e do dia dois de julho e está frio aqui na cidade de Dourados. O frio é bom porque me faz pensar em como é bom ter uma usina de energia solar no telhado da casa e com a energia produzida poder ligar o condicionador de ar para esquentar e ficar de boa aqui escrevendo qualquer coisa no teclado do computador. Foi necessário que o frio viesse para eu perceber como é bom o calor, desse jeitinho, na temperatura que eu quiser que ela esteja.

Ah, sim, o título diz que eu deveria escrever sobre Povo Eleito e eu estou aqui pensando no meu conforto, em meio a uma dificuldade com o frio. Tudo bem, falemos de eleição, e esse é um assunto bem amplo, tem povo eleito pra tudo quanto é lado. Eu mesmo já fui eleito muitas vezes, Centro Acadêmico, Diretório Estudantil, Associação de moradores, Sindicato dos bancários, CUT, CNB, Partido Político, Produtores Rurais da Agricultura Familiar, etc. Nunca ninguém pagou salário para eu cumprir meus mandatos! Às vezes povo eleito não significa privilégios, mas trabalho, muito trabalho.

Mas, tem um povo eleito que gosta mesmo é de privilégios, e dos grandes. E só foram eleitos graças à Democracia, mesmo assim tens alguns deles que odeiam a Democracia, mesmo sendo eleitos graças a ela! E até que faz sentido ela ser odiada, ela merece. A Democracia é uma prostituta, ela sorri para todos, mas se entrega de corpo e alma aos endinheirados! A Democracia ama o poder e o dinheiro! Ela é a intercessora entre seus eleitos e Mamom. A arena política esta cheia de prostitutas cultuais adoradoras do deus Mamom. Mas, fique tranquilo, não vamos dar toda a culpa à Democracia, genuinamente ela é quase uma santa, o problema á o povo eleito, eles transformaram a Democracia, que era perfeita, em algo esdrúxulo, tal qual os próprios.

Então, por que alguns eleitos odeiam a Democracia? Simples, porque, mesmo sendo eleitos pela Democracia e adorando ao deus Mamom, esses eleitos adoram a Baal e a Moloque. Baal é o deus da tempestade, e esses eleitos adoram uma tempestade no campo político, mas Baal também é o deus da fertilidade e da agricultura. Nada mais a dizer! Quanto à Moloque, esse é o deus ao qual se sacrificam as crianças, os inocentes. Num sentido político mais amplo, os mais pobres, dos quais se deve tirar todos os direitos. Os adoradores de Moloque são os que festejam a matança que Israel está fazendo na Palestina, onde já assassinou mais de 50 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças.

Às vezes os eleitos pela Democracia, também se consideram eleitos por Deus e, contraditoriamente, dizem que os eleitos pela divindade são somente os Judeus. E aí vale tudo, até defender o assassinato de mais de cinquenta mil inocentes! Mas, sim, os Hebreus eram o povo eleito de Deus e os Judeus são descendentes dos Hebreus, no entanto, porém, contudo, o povo Judeu se deserdou quando não reconheceu a Jesus como Filho de Deus, e teve seu mandato cassado. Desde o surgimento do cristianismo, o Judeu não é mais um povo eleito!

A eleição alcançou os Ímpios e a Democracia genuína permite aos pobres o acesso ao poder, e é por essa Democracia que eu lutei em cada mandato que cumpri.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

REVISÃO DA VIDA INTEIRA

 



Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal-STF, de 2.024 de não reconhecer o direito dos trabalhadores à Revisão da Vida Toda para benefícios de aposentadoria, eu decidi por conta própria, fazer minha revisão da vida inteira agora em 2.025 e estou determinado a acrescentar à minha vida os benefícios que calculo sejam maiores que aqueles que eu adquiri em todo o tempo de vida, e vou incluir na revisão o tempo em que não contribui diretamente ao INSS.

Não é fácil rever os arquivos do passado, muitas das contribuições, talvez a maioria, foi de baixíssima qualidade e pouco valor. Houve um tempo, muito longo, em que eu não tinha nenhum valor aparente e, não tendo valor, a vida passou sem nenhuma contribuição que tivesse algum proveito, pelo contrário, grande parte da minha primeira existência foi, digamos, improdutiva. Pensei imediatamente em deixar de lado esse período, mas logo percebi que os demais períodos eram consequência do anterior e fiquei temeroso de o Juiz pedir a inclusão de todos os períodos de vida para serem avaliados, então passei a analisar os próximos para ver se isso pode impactar na vida atual.

Acho que os biólogos não concordam em que haja primeira, segunda, terceira existência, mas a minha vida foi tão claramente fracionada que até essa categoria profissional há de concordar que, pelo menos no meu caso específico, essa classificação seja admissível. E, admitindo que a primeira existência foi completamente inútil, concentrei esforços de memória nos arquivos da vida para definir duas coisas: primeiro, o tempo da segunda existência, esforço completamente desperdiçado, porque o que estava claro para a primeira, estava, digamos, escuro na segunda. Outra coisa importante: se a segunda existência teve valores significativos para a vida toda. Outra perda de tempo!

Juízes de primeira instância hão de reconhecer, e os demais togados de outras instâncias superiores não irão contestar, que só o fato de eu ter ido às escolas já é um mérito a ser reconhecido. Ainda que os resultados tenham sido medíocres, o fato de eu ter sobrevivido à primeira existência e me esforçado na segunda já merece um acréscimo ao valor atual da vida.

Se bem fundamentadas as argumentações sobre os danos recebidos nas primeiras existências e, tendo claro que o meio influencia o indivíduo, o que é comprovado cientificamente, há que se considerar que o meio é de responsabilidade do estado que deve proteger o indivíduo e garantir o bem-estar de todos. Desse modo, é forçoso inferir que a terceira existência foi prejudicada por omissão do poder público que privilegiou políticas sociais de valorização do capital em detrimento dos seres humanos, permitindo que os capitalistas estabelecessem critérios de valorização das pessoas produtivas por méritos de valores econômicos em detrimento das questões sociais e humanas, o que certamente ocasionou a exclusão de pessoas como eu, que sofreram danos por deficiência dos órgãos de estado.

Depois de me convencer de que o estado é o grande culpado pela minha atual condição de aposentadoria, passei a dedicar horas preparando a petição inicial do processo de revisão da vida toda. Mas, na busca por provas que condenassem o estado acabei por me deparar comigo mesmo num processo doloroso de crescimento e, observando as decisões que tomei ao longo da vida, percebi que grande parte delas, talvez a maioria, foram decisões equivocadas e que comprometeram consideravelmente o meu futuro. No caso, o futuro é o tempo atual.

Foram tantas as decisões equivocadas, que me senti culpado antes mesmo de iniciar a petição. Um dilema se apossou de mim: As decisões que tomei influenciaram o meio onde me desenvolvi, ou foi o meio onde me desenvolvi que me fizeram tomar as decisões que tomei? O meu copo de cerveja está pelo meio, eu não sei dizer se está meio cheio ou meio vazio! Talvez seja mais fácil culpar o mundo e o sistema capitalista, mas daí entro em outro dilema: Eu só terei paz se perdoar e eu sei que jamais serei capaz de perdoar quem promove a miséria social por onde fiz um grande estágio na minha vida.

Revendo minha vida toda, encontrei coisas muito ruins, para as quais eu mesmo me instituí Juiz e as condenei ao mar do esquecimento eterno. Mas também encontrei muitas coisas boas e julguei por bem usufruir de tudo que a vida me disponibilizou. O estado e os capitalistas? Que queimem no fogo que nunca se apaga!

Estou acrescentando valor à minha aposentadoria, e não é valor monetário!

Feliz dia do aposentado!!!

- Hã! Foi em janeiro? Tudo bem, feliz dia mesmo assim!

terça-feira, 10 de junho de 2025

LISTA DE DESEJOS




Uma lista de desejos, quem não tem? Um carro novo, sim esse é o primeiro da lista dos desejos de qualquer que não tenha a menor condição de comprar um carro novo! Uma casa com uma bela garagem para o carro novo também entra na lista, e daí logo pensamos na Caixa Econômica Federal e imediatamente nos lembramos do Lula e do Minha Casa Minha Vida e sonhamos com uma dívida que durará trinta anos e só vai acabar quando realizamos outro sonho da lista dos desejos: aposentadoria. Mas, daí nos lembramos do Temer e da reforma da previdência que nos tirou o direito de aposentadoria em vida e vamos trabalhar até morrer. Não posso dizer que morrer seja um item da lista dos desejos, mas que possamos viver dignamente até morrer, isso é seguro, está em todas as listas, ainda que os liberais façam de tudo para que não nos lembremos nunca deste item.

Essa lista desesperadora de desejos simples e impossíveis às vezes nos faz desistir de ter uma lista de desejos, pelo simples fato de o impossível ser impossível. Semana passada eu estava conversando com um amigo meu chamado Júlio, ele é um desses desistentes, disse ter feito a lista e depois de muito chorar achou por bem jogar a lista no fogo que não se apaga e, de joelhos em terra, levantou as mãos para o Céu e clamou ao Supremo pelo impossível, e foi nesse exato momento que eu cheguei. “Você ganhou na loteria e veio me dar um carro novo!” Ele olhava para mim e eu pude perceber uma auréola luminosa ao redor da sua cabeça. Foi nessa hora que eu percebi o quanto a fé é capaz de mover montanhas, e a realidade que é mais dura que as rochas que seguram a montanha, é capaz de mover a fé!

Eu disse que sim e ele imediatamente confirmou o milagre e ajoelhado outra vez pediu que o Supremo fosse benévolo o bastante para completar a lista que agora ardia no fogo eterno. Daí eu me obriguei à mais dura tarefa que um homem sem condições de dar um carro novo de presente pode se obrigar e disse-lhe que não, eu não ganhei na loteria e não vim para dar-lhe um carro de presente. “DROGA”, ele disse, “Eu mandei a lista dos desejos para o inferno e as minhas orações para o Céu, agora já não tenho nada”.

Não posso dizer que a minha visita ao amigo Júlio foi aprazível, não pude consolá-lo em sua aflição, também não fui irresponsável de dar-lhe a esperança de milagres dessa natureza. Por pouco que não o mandei dar uma oferta vultosa à uma dessas igrejas que prometem o milagre da prosperidade, mas achei melhor me calar, ele já tinha se decepcionado o bastante, não precisava de mais uma decepção.

Em casa, depois de estacionar meu carro usado, na garagem da casa financiada pela CAIXA, inevitavelmente fiz a minha lista dos desejos. Considerei os três primeiros itens cumpridos e tomei a primeira cerveja para comemorar que já tenho um carro, uma casa e estou aposentado. Pensei corajosamente em acrescentar MORRER na lista e me dar por satisfeito, mas daí lembrei-me que antes, talvez eu pudesse ainda realizar alguma coisa útil, pensei de novo, e de novo e, depois de pegar a segunda cerveja escrevi: “Ter sempre cerveja em casa”. “Ótimo”, pensei, “agora só falta... não, morrer ainda não, se eu vou ter sempre cerveja em casa, então melhor viver bastante”.

Escrevi na lista: “Férias”, mas pensei: como pode um aposentado que não trabalha tirar férias? Não me dei por vencido e pensei em o que contém as férias, logo me veio à mente uma viagem, e esta contém passeios, e estes contêm praia e trilhas, estes contêm companhia, esta contém amizade e esta finalmente contém o desejo das férias: Amor! Sim, mesmo sendo aposentado eu desejo tirar umas férias!

Grifei cuidadosamente esse item da lista e me lembrei do Júlio, ele á professor, certamente estará de férias em julho. Liguei para ele, minha voz estava meio embargada depois da quinta cerveja, mesmo assim acho que me fiz entender, pois ele disse: “Agora entendi, todos os itens da lista parecem conter subitens que sempre levam ao amor. Vou ligar para a Mariele e convidá-la para viajar comigo em julho, daí vou pedir ela em casamento. O que eu boto na lista: Férias, viagem ou casamento?”

Não sei o que ele fez, eu por mim deixei só férias, por enquanto.

sábado, 17 de maio de 2025

MUNDOS PARALELOS

 



            Tem pelo menos um louco que é lúcido neste nosso universo, mas que fala umas coisas que parecem umas loucuras, todavia, essas coisas que parecem loucura talvez tenham algum fundamento científico, que é o que ele diz, só que não havendo comprovação, são apenas teorias especulativas da ciência que, por não ter outra atribuição para os cientistas, deixa-os fazer elucubrações acerca de universos paralelos.

O cara se chama: Max Tegmark, ele é um cosmólogo sueco e desconfia, confiando muito, que existam pelo menos quatro níveis de universos paralelos onde a realidade pode ter diferentes formas de existência. Tem um outro carinha que também desconfiava confiando isso, ele se chamava Stephen Hawking. Quem sou eu para duvidar?

Para dizer bem a verdade, eu acredito piamente na existência desses mundos paralelos. E eles são bem visíveis aqui no Brasil, veja o caso da CBF-Confederação Brasileira de Futebol, que acabou de contratar um treinador pelo salário de R$ 5.000.000,00 de reais por mês, mais alguns penduricalhos como uma mansão no Rio de Janeiro, diversas passagens aéreas para a família ir o voltar da Europa, e outras coisas mais. O futebol brasileiro é mesmo um universo paralelo, aqui as casas de apostas são as patrocinadoras dos times de futebol e pagam prêmios para quem acertar o resultado do jogo. Para mim, isso não tem o menor sentido!

Supondo que futebol seja só uma tese, então seria bom outro caso parecido para confirmar ou negar a tese. Vamos pensar na política, é ou não é um universo paralelo? O Lula governa o Brasil no terceiro mandato e jura que o Partido a que pertence é socialista, mas foi nos governos petistas que os bancos registraram os maiores lucros da história do sistema financeiro nacional! Os bolsonaristas juram pelo deus do Malafaia que a Terra é plana e os Deputados da estrema direita estão propondo uma Lei que garanta, por via legal, que os criminosos que invadiram e destruíram o patrimônio público, são inocentes, tornando a ilegalidade legal. O que seria um absurdo, se não existissem universos paralelos!

Às vezes eu penso que estou vivendo em um desses universos paralelos. Tenho sentimento tão diferentes e percebo a vida de uma forma tão estranha que parece que a realidade à minha volta não faz nenhum sentido. Daí lembro-me dos existencialistas, mas o existencialismo de Sartre, Camus, ou ainda, Heidegger, Kierkegaard ou até mesmo Nietzsche não dão respostas, porque o não-sentido da vida é para a realidade do meio onde vivo, mas não para o meio onde existo, esse paralelismo da existência da vida e da alma.

Hoje é sábado, um dia comum, e o meu universo é Dourados. Fazer o quê?

domingo, 11 de maio de 2025

TEM VALOR O ESCRITOR LOCAL?

 



Parte da minha pequena biblioteca é dedicada aos escritores locais, e quando digo ‘locais’ isto inclui os de outras cidades ou estados, desde que sejam meus amigos, irmãos, netos, etc. Esses escritores estão próximos demais para que eu os imagine como super-heróis ou de uma inteligência inalcançável. São, também, humanos demais, eu os vejo de tempos em tempos, e isso os torna reais demais para que eu os imagine como sobrenaturais, dotados de poderes divinos ou donos de uma cultura só acessível aos deuses do olimpo.

Escritores assim costumam ser relegados a um segundo plano quando pensamos em adquiri um bom livro para ler ou até mesmo para deixar sobre a mesa da sala como propaganda de nossa cultura inexistente. O imaginário popular parece considerar mais importante o que foi escrito na Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia ou em algum estado brasileiro onde os famosos publicaram suas obras e a indústria fez o papel de as divulgar e distribuir. Esse processo industrial é parecido com o que nos faz comprar Bombril, Brahma, vinho do porto. As grandes editoras lançam e comercializam poucos autores para faturar muito, é o mesmo processo dos supermercados onde um pouco mais de uma dezena de conglomerados controlam o comércio de quase todos os produtos, e nós na maioria da vezes, os preferimos aos dos micro produtores locais.

É certo que às vezes, nós mesmos, os escritores, decepcionamos o nosso público. Esquecemos que eles não têm nenhuma obrigação de saber que o que estamos produzindo é diferente daquilo que eles imaginam que vamos escrever, e eles não tem nenhuma obrigação de saber que nós temos a liberdade de escrever sobre o que estamos pensando. Essa liberdade de produzir um texto é para os deuses da literatura que estão escondidos atrás das mídias, não para as pessoas reais que encontramos nas ruas e que nos cumprimentam com um bom dia. Para eles temos que ser como Vinícius que bebia cerveja no Bar Veloso, em Ipanema, no Rio de Janeiro, quando escreveu Garota de Ipanema vendo Helô Pinheiro passar pela rua em direção à praia.

Todos que conheciam Vinícius compravam seus livros porque sabiam que ele iria escrever poesias falando de amor. As suas poesias e as suas crônicas estavam estampadas nos jornais. O que publicam as mídias hoje? Fake News, sensacionalismo, publicidade enganosa, notícias comerciais, matérias pagas, jogos de azar e, de vez em quando, literatura! “Ah, mas eu vejo muita literatura!” Sim, de autores estrangeiros ou nacionais vinculados a empresas de marketing.

Escrevi esse texto porque estou revoltado ou por que bebi muita cerveja? Às vezes quando tomo umas a mais os pensamentos voam direto para o futuro ou para o passado ou ambos ao mesmo tempo e eu fico sem controle. Me apaixono e desapaixono em uma fração de segundos. Penso na vida e na morte e nos autores locais que se esforçam inutilmente por vender suas obras e, por fim, faço planos de passar as férias de inverno na praia com as minhas reticências.

Aproveito a deixa do autor deste texto, que sou eu mesmo, para fazer a minha autocrítica. Mesmo tendo lido com frequência os autores locais, que são meus amigos, quando faço referência a algum autor em meus textos, tenho dado preferência aos ‘estrangeiros’. Mas, agora, não tenho outra opção que não seja confessar: Dourados tem grandes escritores. A começar pelo Nicanor Coelho, que pessoalmente eu não gostava, mas ‘Vida Cachoeirinha’ é uma obra a ser lida! As poesias da Heleninha de Oliveira, da Odila Lange e do Marcos Coelho, só para citar alguns, não podem passar em branco. Em junho tem a quinta FELIT- Feira da Literatura de Dourados e umas dezenas de autores locais estarão por lá para provar que nossa literatura é tão ou mais agradável que os produtos industrializados pelas grandes editoras.

Eu fico feliz que o computador tem um ícone que salva o que já se escreveu, assim eu posso deixar para continuar o texto amanhã. Agora estou tomado por muitas reticências, meus pensamentos estão em Bombinhas e eu vou abrir mais uma cerveja.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

É POP!

 




O Papa é um leão, o décimo quarto da história da Igreja Católica e eu estou aqui preocupado com o Ronaldo, o gatinho que sumiu daqui de casa há uns três dias, menos tempo que isso foi necessário para que os Cardeais trancados à chave escolhessem o Leão que os guiará até que a morte os separe. O Ronaldo só comia, bebia e dormia, agora sumiu. Morreu?

Tem coisas, ou pessoas, que somem porque morrem, como o Papa Francisco, outras simplesmente somem, como o Ronaldo, mas também tem aquelas que deixam de falar com a gente como se a vida tivesse pedido um intervalo de tempo para o descanso. Há uma semana que a saudades é uma reticência em minha vida.

Os Papas são todos POP! Até o Bento XVI, aquele que comandou uma igreja manchada pela corrupção e pedofilia e não foi capaz de tomar providências para confissão dos pecados, sim, até Bento XVI era ovacionado na Praça São Pedro em cada suntuosa aparição dominical. O Ronaldo, nosso gatinho, não é castrado e de vez em quando some daqui de casa, certamente para comer umas gatinhas no cio, depois ele volta como se nada tivesse acontecido, come a ração, toma água e dorme o dia todo com a mesma cara de santo que uma leva de padres católicos faziam depois de comer os coroinhas. Até quando a Igreja Católica vai proibir os Padre de se casarem? Pedro, que a Igreja tem orgulho de apresentar como o primeiro e mais exemplar Papa, era casado. Enquanto escrevo esta crônica, a saudades, em forma de reticência, grita um silêncio ensurdecedor no meu WattsApp.

A eleição de um Papa é um show! Parece Copa do Mundo.  Transmissão ao vivo, expectativa pelo gol, quer dizer, pela fumaça da chaminé da Capela Sistina, torcida organizada em várias partes do mundo, banca de apostas e, claro, o jogo, este sem a presença da torcida e nem da imprensa. É no Conclave, com chave, em total segredo e com votos de confidencialidade, que os cardeais, cento e trinta e três juízes, decidem o resultado do jogo não jogado. É tudo no tapetão! Não tem Superior Tribunal do Papado para julgar o processo eleitoral, não tem fiscais de urna, não tem imprensa para denunciar casos de corrupção, as cédulas são todas queimadas, não sobra nada. A torcida fica sabendo que o jogo acabou quando a fumaça branca sai da chaminé. Acho que o Ronaldo ainda não sabe quem é o Papa porque ele está sumido há três dias e eu estou aqui escrevendo esta crônica pensando nas reticências que a saudades vem deixando desde domingo passado.

À minha frente, na parede, está um Drummond que comprei na Feria de Literatura de Dourados ano passado. O quadro foi pintado ao vivo durante a feira, pela artista venezuelana Sthefhanny, e eu fico aqui me perguntando: O que o Drummond escreveria sobre o sumiço do Ronaldo, exatamente durante o Conclave que elegeu um Leão para o Papado? E a minha cabeça só pensa nas reticências que a saudades produz desde domingo passado. Eu não sei quais são os planos do Leão para a Igreja Católica, só sei que eu tenho planos para as férias de julho, eu quero ir para Bombinhas, em Santa Catarina, mas tudo depende das reticências...

QUANTO É MESMO ETERNAMENTE?

  Num sábado à noite não sei como mensurar o quanto é eternamente, o próprio sábado já me parece eterno, então, se somo a esse eterno a an...