Em física, quando se estuda vetores,
aprende-se que eles têm módulo, direção e sentido. O módulo e a direção não me
interessam, mas o sentido é para onde aponta a seta do vetor, é para onde ele
vai, para onde a vida vai. E quando ela vai para lugar nenhum, qual é mesmo o
sentido?
Eu poderia ficar por horas
discorrendo sobre o módulo, que é a medida da vida. Quantos ano? 80, 90, 1.300?
De que vale isso se a parte que interessa é o presente e o momento presente é
um módulo que tende a zero; o resto é tudo passado ou futuro e a vida só tem
sentido no exato momento em que a estamos vivendo, ou seja, no momento presente
que não passa de uma fração ínfima de tempo.
Também poderia ficar outro tanto de
horas falando de direção: horizontal, vertical, diagonal. Parece que o vetor
está sempre sobre o plano ou espaço. Assim é a vida, morna e sem graça se muito
planejada; arriscada e emocionante se sai do plano. A vida só tem sentido
quando perde o controle.
Um vetor é física, é matemática, é
biologia, mas a vida só tem sentido quando não se dá um sentido para ela. Se a
vida só vai para a direita, para a esquerda ou para a vertical então ela é um
vetor, e vetor é uma doença. Epidemiologistas estudam vetores!
A vida só tem sentido se for livre
dos sistemas, das crenças limitantes, das ideologias, dos dogmatismos. Uma vida
com sentido é extremamente perigosa para qualquer sistema. Arrisca-se a viver
aquele que sai da caixinha modular onde se vai acrescentando módulos à cada
fase da vida até que esteja cheia e então seja substituída por outra mais
moderna.
Sentido também pode ser sinônimo de
bom-senso. E o bom-senso me diz que não faz o menor sentido a maior parte das
coisas que a sociedade chama de bom-senso. Nós nascemos livres de ‘bom-senso’ e
a vida não tem a menor necessidade dele; o sistema sim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário