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terça-feira, 4 de novembro de 2025

SEM SENTIDO

 



Em física, quando se estuda vetores, aprende-se que eles têm módulo, direção e sentido. O módulo e a direção não me interessam, mas o sentido é para onde aponta a seta do vetor, é para onde ele vai, para onde a vida vai. E quando ela vai para lugar nenhum, qual é mesmo o sentido?

Eu poderia ficar por horas discorrendo sobre o módulo, que é a medida da vida. Quantos ano? 80, 90, 1.300? De que vale isso se a parte que interessa é o presente e o momento presente é um módulo que tende a zero; o resto é tudo passado ou futuro e a vida só tem sentido no exato momento em que a estamos vivendo, ou seja, no momento presente que não passa de uma fração ínfima de tempo.

Também poderia ficar outro tanto de horas falando de direção: horizontal, vertical, diagonal. Parece que o vetor está sempre sobre o plano ou espaço. Assim é a vida, morna e sem graça se muito planejada; arriscada e emocionante se sai do plano. A vida só tem sentido quando perde o controle.

Um vetor é física, é matemática, é biologia, mas a vida só tem sentido quando não se dá um sentido para ela. Se a vida só vai para a direita, para a esquerda ou para a vertical então ela é um vetor, e vetor é uma doença. Epidemiologistas estudam vetores!

A vida só tem sentido se for livre dos sistemas, das crenças limitantes, das ideologias, dos dogmatismos. Uma vida com sentido é extremamente perigosa para qualquer sistema. Arrisca-se a viver aquele que sai da caixinha modular onde se vai acrescentando módulos à cada fase da vida até que esteja cheia e então seja substituída por outra mais moderna.

Sentido também pode ser sinônimo de bom-senso. E o bom-senso me diz que não faz o menor sentido a maior parte das coisas que a sociedade chama de bom-senso. Nós nascemos livres de ‘bom-senso’ e a vida não tem a menor necessidade dele; o sistema sim!

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