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terça-feira, 26 de julho de 2022

ESCRITORES, bah!

            


             Hoje é o dia do escritor e eu estou há uns trinta minutos com as mãos no teclado sem escrever. Estou parecendo casal que emburrou no dia do aniversário de casamento e já não se fala desde a manhã, mas pretende comemorar as bodas de papel, não vai ter festinha, nem um texto prazeroso.

Entre o chá de cidreira e a sopinha da meia-noite, o namoro é só nas ideias, eu e as palavras estamos de mal, mal sabemos o que é uma prosopopeia e a ironia é que o anacoluto confunde até mesmo a antítese! Deixemos de lado as figuras de linguagem, mesmo que sejam muito úteis no relacionamento para se dizer que a Fera rangeu os dentes diante da bondade infinita de quem nunca foi bom. Aquela noite, não sei qual era! Como se sabe, o bem e o mal andam juntos, por que não nós também?

Salve nós!! Graças aos escritores, nós, muitos nós podem ser desatados no entendimento da intrincada comunicação social que, doutra forma seria completamente truncada.

Continuando o texto, já não mais é “o” dia do escritor, já dormi e acordei um novo dia, mal olhei as redes sociais, mal as tenho, mas foi o bastante para não querer vê-las. Ver o quê? Há muitos escritos e poucos escritores, se ofende a gramática da mesma forma que se desrespeita o ser humano. O realismo virou uma guerra fraticida! É urgente o fascínio, o encantamento, a beleza, a arte das palavras em frases bem construídas, a exaltação do amor impossível e a contemplação do infinito na existência do não tempo. Se tempo é dinheiro e o dinheiro é a raiz de todos os males, então melhor não ter tempo.

Acho que isso não seja muito empolgante para a maioria das pessoas, nem mesmo para os próprios escritores, a maioria enfiados na difícil tarefa de construir uma carreira lucrativa, o mercado editorial é como um supermercado onde se compra e se vende por dinheiro o que deveria ser gratuito, quem mais precisa de encantamento são exatamente aqueles que não tem dinheiro para comprar e se alguma moeda lhes sobra, hão de gastá-la em arroz, feijão e uma boa bebida alcoólica para de alguma maneira continuar vivendo e sonhando, delirando sobre a merda em que nos metemos como humanidade, bêbados e escritores se igualam, os verdadeiros gastam as últimas moedas embriagados de sentimentos humanitários e holísticos e também de cerveja, vinho...

Quase tive um ataque de ingenuidade! Por um momento pensei estar em Utopia, aquele país onde não circula dinheiro e todas as pessoas tem acesso a tudo, alimentos, vestuários, livros, artes, tudo sem a necessidade de dinheiro, não existe uma elite que se apropria da arte e bota preço nos livros. Onde estão os escritores que sonham com um mundo melhor e mal sabem da existência de Utopia? Quantos já a visitaram?

4 comentários:

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