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sexta-feira, 8 de julho de 2022

DESPEDIDA

             Despedida é quando a alma fica e a gente vai! Daí olhamos para trás e vamos em frente, cada vez mais frágeis tentando ser fortes até que a distância recolhe a alma e deixa um vazio bem no meio dela que é para ficar lembrando, lembrando e lembrando, então vamos até a gaveta do armário e tomamos da linha e da agulha e costuramos um grande remendo sobre aquele buraco rasgado da alma alinhavando sentimentos perdidos amarrados em dores inacabadas até que a emenda cicatriza e fica só a marca do passado no tecido invisível do pensamento.

Eu queria consertar o mundo, mas para isso eu teria que me despedir de mim mesmo porque eu mesmo não quero consertar o mundo, o mundo e eu somos tão atrapalhados quanto somos originais, originalmente imperfeitos e maquiados pelo egoísmo, dos habitantes do mundo, e o meu, o meu egoísmo é tão original que eu não tenho a menor vontade de me despedir dele, então melhor não consertar o mundo. Acho que seria doloroso demais abrir mais um buraco na alma e depois ter que costurar alinhavando sentimentos perdidos, já os perdi demais e estou cheio de cicatrizes...

Não é uma bohemia que me faz pensar, só estou tomando uma para esquecer essa ideia de que o mundo... e eu... precisamos ser consertados. E se a bohemia for tomada na beira da piscina, aí então que se dane mesmo o mundo pois neste caso o tempo deixa de existir e os sentimentos, que não precisam ser alinhavados pelos buracos de agulha também não querem mudar nada, e não mudar nada é exatamente a grande mudança pela qual nos transformamos em pessoas melhores, se não queremos mudar nada, então queremos isso que estamos querendo e é só isso mesmo que queremos, ainda que ‘isso” seja um mundo totalmente diferente. Não precisamos mudar o mundo, precisamos tomar uma bohemia na beira da piscina.

Eu não sei se vai acontecer, mas uma grande mudança está por vir, e é em mim! Eu decidi amar uma desconhecida! Amor platônico! Estou apaixonado por uma utopia! Isso pelo menos não faz que eu me despeça de mim, ao contrário, sempre estive apaixonado por esse ideal de completa felicidade e justiça. Estou voltando ao original, ao mundo original, antes do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. De quem devo me despedir antes de partir para o grande amor Utopia? Talvez de ninguém, quem, além de mim, há de estar interessado em Utopia?  Eu sei, esse não é o teu amor, você ama o mundo, eu não quero mudar você. Que Platão me ajude! Ou Thomas Morus?

Você??

Um comentário:

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