Eu gostaria de escrever uma crônica sobre a Poetisa Guerreira, Doutora Odila Lange, mas eu ainda não tenho nem sequer as informações que preciso, talvez ela ainda me conceda a honra de uma entrevista. Digo isso, porque hoje toma posse, de vinte e uma cadeiras, dentre as quarenta disponíveis, os vinte e um escritores que aceitaram o convite dessa Guerreira para compor a Academia de Letras do Brasil, secção Dourados.
Hoje é dia de dar vida às letras, as
letras da Academia, as letras dos jornais, as letras dos livros de poesia, de
contos, de romance. Letras, as mesmas que falam de vida, as mesmas que falam de
morte. A vida de um tempo que não existe; a morte do exato momento em que o
tempo deixou de existir. As letras vão para a Academia hoje para serem
imortais, a morte vai para a Academia para se fazer vida. De morte e de vida,
de letras se fazem imortais que buscam no imaginário de suas histórias as
histórias para sua própria imaginação de imortalidade.
Às vezes sou duro nas críticas, hoje
quero ser suave, afinal, devemos acreditar. A Igreja acolhe os pecadores,
ensina-os com bondade e prepara-os para a vida eterna. Não basta ser membro de
uma igreja para alcançar a imortalidade, é preciso produzir frutos, a fé sem as
obras é morta! Parece um pouco com a Academia. Tenhamos fé, certamente alguns
dos acadêmicos que hoje tomam posse serão imortais, não por terem se batizados
na ALB-Dourados, mas pelas obras que produziram e ainda hão de produzir. Mas,
convenhamos, a porta é estreita e poucos são os que entrarão por ela.
Dourados agora tem duas Academias, a
ADL e ALB, Academia Douradense de Letras e Academia de Letras do Brasil. As
duas juntas abrigam menos de cinquenta escritores nas oitenta vagas
disponíveis. Fora da Academia, centenas de escritores fazem suas pesquisas,
desenvolvem seus textos, publicam seus trabalhos e, dia após dia, vão costurando
seu fardão, sem o qual ninguém alcançará a imortalidade.
Exemplos não falam, vejamos: Dante
Alighieri morreu? Não, está eternamente vivo em sua Divina Comédia. Castro
Alves? Viverá para sempre em sua poesia. Mario Quintana, Carlos Drummond de
Andrade, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Paulo Leminski, nenhum desses
imortais da literatura são imortais da Academia.
Por outro lado, e aqui eu gostaria de
não cometer a indelicadeza de citar nomes, mas existe um sem número de nomes
gravados na imortalidade, com suas fotos expostas nos muros da Academia e que
estão devidamente mortos e sepultados em cemitérios totalmente desconhecidos
nos meios literários ou escolares, mal se lembram alguns familiares que fulano
ou sicrano fora um dia escritor.
Penso eu que as Academias devam ser
imortais, sim, ajudar na publicação de obras que se imortalizam pela
importância do conteúdo, motivar novos escritores a se desenvolverem e
assegurar que a língua portuguesa seja um instrumento de valorização das
pessoas e defesa do meio ambiente e tenhamos muitos cordéis, varais de poesia,
noites de autógrafos e festas literárias. Quem sabe acabemos com essa bobagem
de ser imortal pelo simples fato de se acadêmico!
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