Aproximou-se
do espelho para ver detalhes da sobrancelha que fizera no salão, mas afastou-se
rapidamente. Melhor olhar de mais longe! A sobrancelha ficara maravilhosa.
Lavou o rosto com o sabonete facial e limpou a pele com água micelar, passou o creme hidratante, o creme antirrugas e o
filtro solar. Aproximou-se novamente do espelho. Melhor olhar de longe!
Virou
para o lado onde estava o espelho de corpo inteiro. Passou as mãos pelo cabelo,
viu-os em câmera lenta esvoaçando pelo ar. Nada como uma tinta para
rejuvenescer! Abriu um sorriso e foi abrindo o roupão. Lentamente soltou o
cordão que o prendia pela cintura, as cortinas se abriram e surgiram dois
seios, firmes, redondos, a barriga de tanquinho recebeu um elogio e os seios um
acolhimento com as mãos. Com o indicador e o polegar seguros, a cortina se
abriu por completo e a estrela mostrou seu espetáculo! Olhos fixos na musa,
percorreu todo o perímetro para conferir as curvas e as ondas. É muito
sacrifício: academia, lojas, salão de beleza! Mas vale a pena. Se eu fosse
homem, me apaixonava imediatamente!
Como
bom psicólogo, o terapeuta aguardava tranquilamente que o tempo do atraso fosse
vencido. Ela paga para me fazer esperar. Catorze minutos desperdiçados e a
porta se abriu. Hoje eu quero deitar no divã! Não tinha divã, mas tinha uma
poltrona reclinável e um apoio para os pés. Sentou-se quase deitada e fechou os
olhos. Desde o banho da manhã vinha flutuando em sua própria admiração. Eu me
acho uma mulher muito bonita! Isso é narcisismo?
-
Hum...
Hum...
significa... não sei o que significa. Não queria mesmo saber a opinião dele,
estava vendo sua própria imagem flutuando nas nuvens. Imagem em HD, 3D. 360
graus. Tinha todo o céu ao seu redor.
-
Hum...
Então
narrou, sem nem saber que estava narrando, tudo o que via, e tudo o que via,
era o que tinha visto no espelho. Fazia caretas, mexia com as mãos, esfregava
as pernas uma na outra. Por vinte e cinco minutos teceu todos os elogios
possíveis e imaginários ao seu próprio corpo.
-
Hum... – disse o terapeuta pela terceira vez e emendou – você está vendo o que
tem por fora, mas.... e por dentro, quando é que você vai olhar?
Despencou
das nuvens com aceleração muito superior à da gravidade, estatelou no chão e ergueu-se
da poltrona esperneando e com os olhos arregalados, o coração aos solavancos, o
apoio dos pés voou para longe.
-
Dentro! – ela disse – dentro não tem nada!
Elairton
Paulo Gehlen
Se fossem só as patricinhas...
ResponderExcluirEsse substantivo me remete a adolescentes, pena que cada vez mais pessoas com idade avançada continuam com a síndrome da patricinha... senhoras fúteis, cheias de ocos, superficial, vazias....
Me refiro patrcinha como substantivo e não adjetivo, porque para muitos essa palavra é o mesmo que nome próprio, qualidade e nan defeito!
ResponderExcluirSOMOS TODOS IGUAIS, PERANTE DEUS, VOCÊ JÁ OLHOU SEU LADO INTERNO, DENTRO INTERIOR,O QUE FEZ DURANTE TODA A VIDA, COMO TRATOU SEU PRÓXIMO.EU ME VEJO NO ESPELHO TODOS OS DIAS, E VEJO O QUANTO SOU BELA, APESAR DE MEUS 60 ANOS,A VIDA E SIMPLES AS PESSOAS QUE SE COMPLICA, POR CAUSA DO STATUS, MAQUIAGEM, BATOM, SALÃO MANICURE,PEDICURE,CABELOS, DA UMA BOA LEVANTANDA, NO ASTRAL. MAS E O INTERIOR COMO ANDA. AKI pRETA
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