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sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

DESERTO


 Andava de cá para lá e de lá para cá descontando os dias que ainda lhe faltava. Não tinha celular, mas se comunicava o tempo todo com o mentor desse projeto em que se engajara totalmente.

A solidão, ah!, a solidão às vezes faz tão bem que desejamos estar sós por um tempo. Quarenta dias talvez seja um tempo razoável para quem precisa estar preparado para executar um projeto onde o erro máximo permitido é zero.

Comida boa, quem não quer? Há quem a tenha na mesa, posta de manhã, à tarde e à noite, com fartura! Também há quem a tenha na míngua e muitas vezes sem a mesa para pô-la. Não havia mesa, por quarenta dias não tinha comida e nem água para beber.

Uma boa companhia, faz tão bem que enche nossas horas de prazer! Gente que vai: até logo! Gente que vem: bom dia! Gente que passa: “e ae?’ Uma conversa para jogar fora, andar nas ruas, ver o movimento das cidades... No deserto não tem cidades, nem gente.

Quarenta dias, trinta e nove, trinta e oito,..., dez, nove, oito, ... sem alimento, sem água, sem amigos, nem gente, nem trânsito.

Quarenta dias em oração e vem o capeta para atentar oferecendo pão. O Príncipe deste mundo se põe em Sua presença e oferece poder e glória, promove um espetáculo no pináculo.

Depois de quarenta dias no deserto, seria o momento da glória. Reinar sobre o povo e transformar pedras em pães!

Mas a palavra, ah, a palavra: “Retira-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele prestarás culto”.

Elairton Paulo Gehlen

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