Eu quero para hoje porque estou com pressa. Ontem já não tive e nem a semana passada, não posso esperar mais uma semana. Estou ansioso, talvez necessitado. O tempo, tão precioso para ganhar dinheiro, permite tantas alegrias aos nossos olhos, mas depõe contra nossa felicidade.
Se não houvera o tempo, então tudo
seria sempre hoje! Nada teria acontecido no passado que gerasse os traumas do
presente, simplesmente porque o passado não existiria. Também não existiria o
futuro e seríamos livres da ansiedade, esse mal que atormenta a alma. As contas
não venceriam e ninguém seria condenado à prisão por ter cometido algum delito,
não se pode atribuir uma pena sem definir o prazo de tempo e não podemos
definir um prazo de tempo se o tempo não existe. E eu não estaria tão
ansioso...
O Drummond sorri para mim da parede
onde o tempo já não conta mais. Despejei sobre ele minha cara carrancuda e
recebi de volta aquele mesmo sorriso de alguém que não se importa. Um dia,
quando o tempo deixar de existir, nada mais será importante. Ficarei preso até
lá? É essa a minha pena? Quem foi mesmo que me condenou? A culpa é da Eva, foi
ela que comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e o deu a
Adão. Se eu não conhecesse o mal, não ficaria tão apreensivo pela sua
existência. Eu espero pelo bem, mas até quando? Se o tempo não existisse, o mal
e o bem estariam diante de mim e eu poderia escolher.
O bem e o mal estão na razão, mas o
amor está no coração. O coração não conta o tempo, apenas ama! O coração vaga
por momentos que estão sempre no presente. O sentimento circula pelas veias e
não tem prazo para chegar outra vez ao coração, está sempre circulando poesias
e alimentando a alma que é eterna. Na eternidade o tempo não existe. O amor é
eterno!
Eu amo eternamente a vida, estou
acampado no meio do deserto da humanidade vivendo de Oásis em Oásis. Em cada um
deixo um pouco do infinito do amor. Se sou acossado pelas asperezas da
humanidade, entre uma eternidade e outra, deixo o coração eternamente sepultado
no isolamento da vida. Penduro as delícias do amor na linha do horizonte para
onde vou, ainda que ela recue enquanto me aproximo e tenha que demorar uma
eternidade par alcançar. O que é a eternidade se o tempo não existe?
Eu não existo de fato, sou apenas uma
representação da vida humana que não deveria existir, uma casa temporária para
os sentimentos eternos. Afinal, quem sou eu? Essa matéria humana desagradável
que destrói a natureza ou o sobrenatural que extrapola a matéria e se faz amor?
Cada dia que amanhece assemelha-se a uma página em branco, na qual gravamos os nossos pensamentos, ações e atitudes. Na essência, cada dia é a preparação de nosso próprio amanhã. Saiba preencher as páginas em branco de sua vida com boas histórias.
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