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domingo, 5 de fevereiro de 2023

VELHOS COMUNISTAS

 


Velhos comunistas é bem literal, eu os encontrei na última quinta e também na sexta-feira na casa do Milton Lima da Fonseca, um velho professor de geografia que passou a vida ensinando a juventude que a terra era redonda para no fim fazer das tripas coração para que não fosse achatada por um bando de malucos viciados em fake News. Velhos comunistas é uma galera de umas quinze ou vinte pessoas, que se reuniram para um churrasco a convite do Milton, todas com mais ou menos sessenta anos de idade e que participaram ativamente dos primeiros anos de fundação do Partido Comunista Brasileiro em Dourados, há 41 anos, quando ainda éramos todos jovens, idealistas e revolucionários.



Não foi uma reunião para reorganizar o Pardidão, extinto no X Congresso em 1.992, quando passou a se chamar Partido Popular Socialista-PPS, mas um tempo de relembrar fatos da história política local dos anos oitenta e perceber que a luta por uma sociedade mais justa e igualitária também criou uma camaradagem que perdura por décadas, coisa que só o idealismo é capaz de construir. Claro, em se falando de comunistas marxistas vamos considerar que idealismo pode ser entendido por materialismo histórico, mas aí já precisa falar de dialética... deixemos por idealistas mesmo! Não estavam todos lá, alguns já se foram para um lugar onde, de alguma maneira, todo mundo se iguala e o capitalismo não dá conta de fazer a diferença. Tomo os nomes do Seu Doroteu, e do Guilherme Meldau para representar todos os que passaram adiante deixando as marcas na história para serem lembradas nos próximos encontros, e já tem um marcado para abril, na casa do Mario Baldonado!

O eterno presidente do PCB, arquiteto Luiz Carlos Ribeiro participou pela internet, também o advogado e poeta Ataide Nery, o jornalista Elias e o camarada Anaurelino. Não tínhamos essa ferramenta de comunicação nos anos oitenta, quem não podia participar ficava sabendo pelos que foram e cumpria o decidido no que se chamava de unidade democrática. Não tinha intenet, mas festa, sim, e com muita Cuba Livre e Daiquiri e todo mundo queria conhecer Cuba ou a União Soviética e saber como era o Socialismo Real. Até eu fui para Cuba, em 1.997, estudei na Escuela Nacional de Formação de Quadros Sindicales, me banhei nas praias de Varadero, assisti um discurso do Fidel em praça pública e comprei um quadro do Chê Guevara. De todos os camaradas que visitaram Cuba, até agora não achei um que falasse mal daquele país ou do seu povo! Então, quer um conselho? Vai para Cuba!!



A casa do Milton parecia um consulado Cubano. Os comunistas daqui imitavam o povo da Ilha, cantando alegremente canções latino-americanas e ao violão do Brother danou-se a cantar Raul Seixas com umas paradas para os discursos do Mário e do Ênio Ribeiro enquanto a carne dava ponto na churrasqueira e a cerveja ia pulando para fora das caixas térmicas até que nos lembramos que não havia nada para decidir além de marcar o próximo encontro e fomos cada um para sua casa, com o coração alegre e a memória saltando entre os anos oitenta e dois mil e vinte e três e já eram quase duas da madrugada.



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