Velhos comunistas é bem literal, eu os encontrei na última quinta e também na sexta-feira na casa do Milton Lima da Fonseca, um velho professor de geografia que passou a vida ensinando a juventude que a terra era redonda para no fim fazer das tripas coração para que não fosse achatada por um bando de malucos viciados em fake News. Velhos comunistas é uma galera de umas quinze ou vinte pessoas, que se reuniram para um churrasco a convite do Milton, todas com mais ou menos sessenta anos de idade e que participaram ativamente dos primeiros anos de fundação do Partido Comunista Brasileiro em Dourados, há 41 anos, quando ainda éramos todos jovens, idealistas e revolucionários.
Não foi uma reunião para reorganizar
o Pardidão, extinto no X Congresso em 1.992, quando passou a se chamar Partido
Popular Socialista-PPS, mas um tempo de relembrar fatos da história política
local dos anos oitenta e perceber que a luta por uma sociedade mais justa e
igualitária também criou uma camaradagem que perdura por décadas, coisa que só
o idealismo é capaz de construir. Claro, em se falando de comunistas marxistas
vamos considerar que idealismo pode ser entendido por materialismo histórico,
mas aí já precisa falar de dialética... deixemos por idealistas mesmo! Não
estavam todos lá, alguns já se foram para um lugar onde, de alguma maneira,
todo mundo se iguala e o capitalismo não dá conta de fazer a diferença. Tomo os
nomes do Seu Doroteu, e do Guilherme Meldau para representar todos os que
passaram adiante deixando as marcas na história para serem lembradas nos
próximos encontros, e já tem um marcado para abril, na casa do Mario Baldonado!
O eterno presidente do PCB, arquiteto
Luiz Carlos Ribeiro participou pela internet, também o advogado e poeta Ataide
Nery, o jornalista Elias e o camarada Anaurelino. Não tínhamos essa ferramenta
de comunicação nos anos oitenta, quem não podia participar ficava sabendo pelos
que foram e cumpria o decidido no que se chamava de unidade democrática. Não tinha
intenet, mas festa, sim, e com muita Cuba
Livre e Daiquiri e todo mundo queria conhecer Cuba ou a União Soviética e
saber como era o Socialismo Real. Até eu fui para Cuba, em 1.997, estudei na Escuela Nacional de Formação de Quadros Sindicales,
me banhei nas praias de Varadero,
assisti um discurso do Fidel em praça pública e comprei um quadro do Chê Guevara.
De todos os camaradas que visitaram Cuba, até agora não achei um que falasse
mal daquele país ou do seu povo! Então, quer um conselho? Vai para Cuba!!
A casa do Milton parecia um consulado
Cubano. Os comunistas daqui imitavam o povo da Ilha, cantando alegremente canções
latino-americanas e ao violão do Brother
danou-se a cantar Raul Seixas com umas paradas para os discursos do Mário e do Ênio
Ribeiro enquanto a carne dava ponto na churrasqueira e a cerveja ia pulando
para fora das caixas térmicas até que nos lembramos que não havia nada para
decidir além de marcar o próximo encontro e fomos cada um para sua casa, com o
coração alegre e a memória saltando entre os anos oitenta e dois mil e vinte e
três e já eram quase duas da madrugada.
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