Hoje nem é direito ainda e eu fico pensando se amanhã vai ser
melhor, porque ontem nem deveria ter existido. Me lembrei a noite inteirinha
que Deus me deu da meia noite do ano novo quando todos estavam lá na festa
olhando para os fogos que brilhavam bonito no céu refulgindo em cores de
prisma, não aquele carro da Chevrolet, mas o sólido de seção triangular que tem
a propriedade de decompor a luz branca no espectro de cores. Não tinha
um sólido de cristal no céu, só as luzes coloridas enchendo os olhos de brilho
e o coração de esperança: Feliz ano novo! E os abraços de solidariedade. O
rosto derretido em sorrisos sem fim. Fartura de comida e conversa como se todo
mundo fosse gentil.
Fevereiro já vai terminando o terço dos dias e eu estou aqui,
acordando o dia de uma noite sem dormir, lembrando da alegria. Abri dez vezes o
face book, dez vez fechei. Só tinha gente alegre e vitoriosa para me fazer
inveja e uns raivosos para aumentar a meinha tristeza. Eu devo ser o único no
mundo que só quer o bem, mas vive sem ninguém! Se o ano novo fosse amanhã eu
aguentava mais um dia, nem que fosse do jeito de hoje.
Agora que o dia já é, deu de me dar o sono, atrasado igual que
nem o salário que o patrão só paga depois do dia quinze e ainda desconta um
tanto de coisa que no fim mal dá para pagar o fiado do mercadinho. Aí começo a
contar os dias para saber quando vou poder comprar fiado de novo. Só que ontem
acabou o prazo desse mês e falta de um tudo aqui em casa! Benção esse meu
vizinho que não desliga o wi-fi da internet nunca.
E eu que nunca perdia a esperança, esperava que agora o salário
ia aumentar, mas o home fez foi diminuir um pouco até do pouco que já ia ser. Já
falei para o dono do mercadinho, se os preços continuar aumentando eu vou fazer
greve de fome e aí ele vai ver!
Elairton Paulo Gehlen
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