A cadeira é um objeto muito útil para
se descansar, ou cansar quando se trabalha sentado por um longo período de
tempo. Serve também para pendurar bolsas, casacos ou blusas e até subir em cima
para alcançar móveis mais altos, como armários ou guarda-roupas. Outra
utilidade, descoberta recentemente, em São Paulo, é que pode ser usada para
esculhambar com um candidato a prefeito provocador.
A cadeira também serve para um bom
bate-papo, e é disso que eu gosto, uma cadeira aqui outra ali e outra acolá e a
conversa rolando entre elas fazendo amarras que só a vida sabe dar. Nada como
uma cuia de chimarrão cheia de assuntos passando de mão em mão. Duas cadeiras
na varanda podem suscitar segredos que não devem ir além do telhado,
especialmente se rolar uma cervejinha entre o bem e o mal, o profano costuma
vencer o divino nessas horas, mas é quase divino quando o chão empurra as
cadeiras para unir os corpos!
Mas, se a cadeira está vazia é porque
alguém a deixou lá. Alguém que se foi, talvez para nunca mais voltar, talvez
para voltar algum dia com saudades, talvez para pedir perdão, talvez para tomar
satisfação, talvez para se vingar. Talvez, só para tomar chimarrão. Uma
cerveja. Talvez...
A cadeira da candidata Marina Helena,
foi arremessada pelo candidato Datena contra o candidato Marçal. A cadeira
poderia ter ficado ali e o Datena ido embora. Se o Marçal fosse mais coerente,
nada teria acontecido e cada um teria sua cadeira em paz. Eu tenho a minha
cadeira, mas tem uma cadeira vazia do meu lado, ela está cheia de memórias
confusas. Não tem chimarrão, não tem cerveja, só um vazio cheio de emoções
difusas.
Que faço com essa cadeira? Às vezes
ela é mais importante que tudo que há na casa! Que amarras do passado ainda
estão sentadas nessa cadeira vazia? A televisão reza um terço em volume
altíssimo, denunciando surdez do ouvinte que quase não ouve. Não me acorde que
estou dormindo, a voz vem da cadeira que dorme octogenária. Tem uma saudade
sentada numa cadeira vazia. Cadeiras vazias não enchem o auditório da vida,
elas apenas ocupam o espaço.
Tem muitas cadeiras esparramadas por
aí, e eu ouço vozes de cada uma. Seriam fantasmas? Almas penadas? Vozes do além
assentando no passado para lembrar duras lições que não aprendi? Uma confusão
de murmúrios, risos e choro. Quem sou eu entre tantas cadeiras? Quem há de
sentar na cadeira vazia ao meu lado? Brindaremos a novidade de vida ou
choraremos o arrependimento eterno das incompreensões?
Quem, quem há de preencher o vazio
das cadeiras imaginárias!
É mano, também sinto esse vazio na cadeira, as vezes me pego vendo alguém "meditando" com o Rosário imovel na mão.
ResponderExcluirSaudades
Cadeira vazia e coração cheio de saudades.
ResponderExcluirQueres tomar mate comigo? Me empreste tua cadeira e o mate a dois será um belo encontro de duas almas solitárias!
ResponderExcluirInteressante tudo isso !
ResponderExcluir....
ResponderExcluirVocê não é um espectador entre as cadeiras, mas parte desse ciclo, onde o novo sempre pode surgir, interessante.
ResponderExcluirmas bah! ... baita texto ...
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