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sábado, 21 de setembro de 2024

A CADEIRA

 



A cadeira é um objeto muito útil para se descansar, ou cansar quando se trabalha sentado por um longo período de tempo. Serve também para pendurar bolsas, casacos ou blusas e até subir em cima para alcançar móveis mais altos, como armários ou guarda-roupas. Outra utilidade, descoberta recentemente, em São Paulo, é que pode ser usada para esculhambar com um candidato a prefeito provocador.

A cadeira também serve para um bom bate-papo, e é disso que eu gosto, uma cadeira aqui outra ali e outra acolá e a conversa rolando entre elas fazendo amarras que só a vida sabe dar. Nada como uma cuia de chimarrão cheia de assuntos passando de mão em mão. Duas cadeiras na varanda podem suscitar segredos que não devem ir além do telhado, especialmente se rolar uma cervejinha entre o bem e o mal, o profano costuma vencer o divino nessas horas, mas é quase divino quando o chão empurra as cadeiras para unir os corpos!

Mas, se a cadeira está vazia é porque alguém a deixou lá. Alguém que se foi, talvez para nunca mais voltar, talvez para voltar algum dia com saudades, talvez para pedir perdão, talvez para tomar satisfação, talvez para se vingar. Talvez, só para tomar chimarrão. Uma cerveja. Talvez...

A cadeira da candidata Marina Helena, foi arremessada pelo candidato Datena contra o candidato Marçal. A cadeira poderia ter ficado ali e o Datena ido embora. Se o Marçal fosse mais coerente, nada teria acontecido e cada um teria sua cadeira em paz. Eu tenho a minha cadeira, mas tem uma cadeira vazia do meu lado, ela está cheia de memórias confusas. Não tem chimarrão, não tem cerveja, só um vazio cheio de emoções difusas.

Que faço com essa cadeira? Às vezes ela é mais importante que tudo que há na casa! Que amarras do passado ainda estão sentadas nessa cadeira vazia? A televisão reza um terço em volume altíssimo, denunciando surdez do ouvinte que quase não ouve. Não me acorde que estou dormindo, a voz vem da cadeira que dorme octogenária. Tem uma saudade sentada numa cadeira vazia. Cadeiras vazias não enchem o auditório da vida, elas apenas ocupam o espaço.

Tem muitas cadeiras esparramadas por aí, e eu ouço vozes de cada uma. Seriam fantasmas? Almas penadas? Vozes do além assentando no passado para lembrar duras lições que não aprendi? Uma confusão de murmúrios, risos e choro. Quem sou eu entre tantas cadeiras? Quem há de sentar na cadeira vazia ao meu lado? Brindaremos a novidade de vida ou choraremos o arrependimento eterno das incompreensões?

Quem, quem há de preencher o vazio das cadeiras imaginárias!

7 comentários:

  1. É mano, também sinto esse vazio na cadeira, as vezes me pego vendo alguém "meditando" com o Rosário imovel na mão.
    Saudades

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  2. Cadeira vazia e coração cheio de saudades.

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  3. Queres tomar mate comigo? Me empreste tua cadeira e o mate a dois será um belo encontro de duas almas solitárias!

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  4. Interessante tudo isso !

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  5. Você não é um espectador entre as cadeiras, mas parte desse ciclo, onde o novo sempre pode surgir, interessante.

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  6. mas bah! ... baita texto ...

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