Todo janeiro começa com todo mundo
querendo tirar férias e eu, mesmo em casa, muitíssimo ocupado com o pênfigo,
curti uns dias na praia de Itapoá, pela internet, quase como se lá estivesse de
verdade. E eu não estava só, milhões de brasileiros queriam estar de férias no
mês das férias, mas este período tem alguns inconvenientes: em primeiro lugar
as férias ficam para quem tem mais poder e; em segundo, para quem tem mais
dinheiro, o que não é o caso da maioria dos brasileiros.
De férias, o Congresso Nacional foi
destruído, juntamente com o Supremo Tribunal Federal e parte do Palácio do
Planalto por um bando de cidadãos que pensavam ter feito uma viagem de férias
para Brasília, mas quem estava de férias mesmo eram os patrocinadores que, não
querendo se expor, ficaram de longe vendo os pobres coitados serem presos em
flagrante, enquanto o Secretário de Justiça do Distrito Federal, que deveria
cuidar da segurança, estava de férias nos Estados Unidos.
Janeiro agoniou seus últimos dias enquanto
as notícias que nos chegam do Norte são por demais aterradoras acerca das
condições de vida dos povos Yanomâmi, que não estão de férias, estão morrendo
de fome, enquanto a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
está de férias em Brasília, totalmente esquecida dos direitos humanos ou
esquecida sempre esteve que Indígenas Yanomâmis são também humanos. São vidas
humanas que moram em Roraima, um lugar quase fora do Brasil e tão perto da
Venezuela que me fez lembrar da moça que encontrei no semáforo da esquina das
ruas Hayel Bom Faker com a Ponta Porã. A moça, com uma placa pendurada no
pescoço implorava que os passantes lhe comprassem os doces que vendia para que
pudesse dar sustento aos seus filhos. Uns e outros, a moça do semáforo e os
povos Yanomâmi, rejeitados por um povo de um país que se diz cristão. Os
Yanomâmis por serem indígenas e a moça do semáforo por ser Venezuelana.
Meu filho também está de férias,
semana que vem começam as aulas e eu me lembro dos pastores evangélicos que
pediam até barras de ouro em troca de projetos para a educação no Brasil. Certas
horas dá medo da educação! Aqui em Dourados, ano passado se gastou R$8.000.00,00
para comprar Kit Robótica que as escolas ainda não viram onde está, mas o
dinheiro, púbico, já foi, em barras de ouro?
Mas já temos o milagroso fevereiro
transformando tristezas em alegrias, nem que seja por quatro dias de samba,
sonhos e ilusões. É quando as escolas vão para as ruas arrastando multidões num
sistema totalmente libertino e alucinógeno. A multidão hipnotizada pelo calor
da música e da propaganda da TV sai atrás de uma ilusão do mesmo jeito que
corre atrás do sucesso o ano inteiro no sistema capitalista que nunca vai
garantir o sucesso de ninguém simplesmente porque o sucesso dos trabalhadores
seria o fracasso do sistema que os precisa pobres e submissos, como no carnaval,
onde as escolas sempre colhem os frutos do carnaval deixando os Pierrôs e Colombinas
sempre a esperar um final feliz que nunca chega.
Enfim, tomam posse os congressistas,
jurando endireitar o País, nem que seja do jeito torto. Um Congresso mais à direita
para um Governo mais à Esquerda. Eu fico no meu canto, quinta-feira tem encontro
dos velhos comunistas de Dourados, lá vou eu!