“Bisogna prestare poca fede a
quelli che parlano molto” (Deve-se dar pouco crédito a quem muito
fala). Esta frase, atribuída a Catão, o Velho, a mais de dois mil anos atrás,
parece ser daquelas incômodas frases que nunca perdem o sentido, mesmo em
tempos pós-modernos onde nada parece mesmo fazer sentido, nem mesmo a
existência. Como Censor, Catão se destacou por sua defesa conservadora das
tradições romanas contra o luxo e a frivolidade da corrente helenística. A história se encarregou de vencer o conservadorismo
de Catão e até Roma se rendeu à filosofia da escola de Platão, incorporando na tradição
católica alguns conceitos doutrinários do filósofo na constituição da doutrina
básica da igreja, hoje conhecida como Tradição Católica, desenvolvida por mais
de um milênio por padres, num processo que passou a ser conhecido com a Patrística.
Deixemos Catão e os padres cada um no
seu tempo e, ainda que Platão perdure até o nosso, não morro de amores, nem
mesmo o platônico, pelos personagens da história que se segue, mas que meus
olhos se voltam para eles, isso sim, e com desejo, um grande desejo, eu diria,
de poder compreender os absurdos do comportamento humano.
Talvez você não goste de política ou
de políticos. Nem eu! Quem dera voltássemos ao começo, nos tempos primitivos,
onde as lideranças eram exclusivamente locais e com o intuito de dar proteção
ao grupo que se formava em torno. Para isso teríamos que destruir toda forma de
governo e toda estrutura social que permite a apropriação privada dos bens da
natureza. Se chegássemos a isso, teríamos, então, fechado um grande círculo por
onde percorre a humanidade e só daí seria possível se ver a miséria desse tempo
e todas as mentiras que são contadas parecendo verdades.
Quando eu era aluno do último ano do
curso de matemática, tinha um professor que dizia que quando um problema é muito difícil, devemos transformá-lo em vários
problemas menores e mais fáceis, daí poderemos resolvê-lo. Pois bem, esse
grande círculo de mentiras entre os tempos primitivos e a volta ao começo é
formado por “pequenos” círculos de mentiras. Olhemos para um deles e, com esse
mesmo olhar talvez consigamos ver outros e outros até entendermos a falácia que
se tornou a sociedade humana.
Há poucos anos atrás, num pobre e
vasto país da região Sul das Américas, o povo foi conclamado a acabar com a
corrupção, acreditavam que um grupo de políticos conhecido como Centrão seria expurgado definitivamente
do cenário nacional, exatamente por serem ‘mentirosos
e corruptos’. Acontece, que quem liderava essa campanha, já teria feito
fileiras com o mesmo grupo, de onde dera início a sua carreira política. Depois
de muitas falações disso e daquilo e não sendo capaz de combater quem jurava
combateria, e ainda por cima, sendo pressionado pelos tais, seguiu a máxima que
diz: “Se você no pode com o inimigo,
alie-se a ele, mesmo que ele seja toda a mentira”. E filiou-se a um partido
do Centão.
É bem provável que o legado de Catão
não seja tão importante para nossa cultura ocidental, mas que ele tinha razão,
isso ele tinha!
Com certeza
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