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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

ANO NOVO: INVESTIR PARA O FUTURO!?!?!?

             Eu já fui tachado de Chato por escrever crônicas muito verdadeiras!  Chato é aquela pediculose pubiana que incomoda e causa constrangimento e irritação, no caso o Pthirus púbis, que irrita a pele, mas, se for um escritor... Já estou numa idade em que não tenho mais nenhuma necessidade de muitas curtidas em minhas publicações, também não espero reconhecimento público pelo meu trabalho, então estou ‘de boa’, como dizem os jovens, para escrever sem rodeios. Se meus textos alcançarem um ou dois leitores interessados, já me dou por satisfeito!

E, se por acaso, pelo menos um estiver pensando em poupar para o futuro, que tal um plano de aposentadoria? Quando chega o ano novo todo mundo canta aquela música que fala de muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender. Não desejo estragar a festa de ninguém, então vamos lá, falar de dinheiro no banco e saúde no hospital, que é de onde a gente tira esses produtos para o consumo, especialmente quando se está aposentado. Mas, se esses planos de aposentadoria propostos pelos bancos e planos de saúde são tão bons para seus contribuintes, qual a vantagem dos operadores? Pela propaganda, eles devem ser muito bonzinhos!!

Andei fazendo umas contas, que matemático é assim, faz conta até para saber se vale a pena ter um amor! Não sou contra planos de aposentadoria, mas só queria entender o porquê de os bancos e as financeiras apostarem tanto no “seu bem-estar futuro” com planos tão “maravilhosos” de aposentadoria, em que você investe “um pouco” a cada mês e “garante” seu bem-estar na velhice. O texto a seguir não é uma recomendação para que você invista ou deixe de investir num plano qualquer.

Eu fui empregado da Caixa Econômica Federal por 28 anos e, como todo mundo sabe, economiários podem contribuir para um plano de previdência complementar onde o empregado paga uma parte durante o tempo em que trabalha na empresa e o empregador, no caso a CEF, paga a outra e quando o trabalhador se aposenta recebe um valor complementar. Eu optei por não contribuir e hoje vivo da aposentadoria do INSS, enquanto meus colegas tem um belo adicional em seus proventos, por outro lado, eu pude usufruir do dinheiro que daria para o fundo durante os vinte e oito anos que fui empregado na empresa! Foi uma escolha.

Previdência privada não é bem assim, o montante gerador do benefício é feito exclusivamente pelo contribuinte e o operador ainda cobra uma taxa para administrar o dinheiro e no fim o governo ainda cobra pelo menos dez por cento de Imposto de Renda sobre o valor total do benefício. Ainda assim pode ser bom, se você se dispõe a contribuir por um longo período, tipo uns trinta anos. Só não se esqueça que, se tiver uma crise generalizada no mercado financeiro, a empresa pode quebrar e o contribuinte ficar sem nada.

Eu disse, lá encima, que ia fazer uma conta, afinal sou matemático! Então vamos lá. Só para facilitar, vamos imaginar que uma operadora consiga atrair mil participantes que se disponham a pagar mensalmente o valor de R$ 1.000,00 por mês para ter uma aposentadoria de aproximadamente R$ 5.000,00 por mês depois de trinta anos de contribuição. O benefício está claro, R$ 5.000,00 por mês, mas qual é mesmo a conta do operador?

Simples, com mil participantes, o operador arrecada mensalmente a bagatela de R$ 1.000.000,00. Isso mesmo, um milhão de reais, e sabe do melhor? Só vai pagar a primeira parcela para o contribuinte depois de trinta anos quando já tiver arrecadado nada menos que R$ 360.000.000,00. Entendeu? Primeiro o operador do plano de previdência retira R$ 360 milhões de reais do mercado para só então devolver R$ 5.000,00 para cada participante!!

Nem todo participante paga R$ 1.000,00 por mês, mas existem, no Brasil, mais de 13 milhões de participantes, e arrecadação mensal supera a casa de R$ 8 bilhões mensais, aí já fica fácil de imaginar que o valor destinado aos bancos e financeiras é bilionário, e eu não estou nem aí se eles ficam ricos. O que me preocupa é como a sociedade empobrece. Esse dinheiro deveria estar no mercado, gerando empregos e bem-estar para todos.

Previdência privada é só um rabinho neste monstro chamado capitalismo financeiro. A verdadeira mensagem dos bancos e financistas é: deus é o dinheiro!! Adore o teu deus e danem-se os teus irmãos!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

ESCOLA DE MENINOS E MENINAS

Uma escola é sempre uma escola, esse lugar onde a educação se dá por professores miseravelmente assalariados trabalhando na esperança da libertação intelectual de seus pupilos. Me perdoem a expressão, mas alunos parecem tão abandonados pelas famílias que, ao adentrarem pelos corredores das escolas, em regra, cabe-lhes perfeitamente pensar que estão em um orfanato, tutelados por professores inquietos e sofridos, vigiados pelos Bedéis de plantão, alimentados por cozinheiras famintas e dirigidos por algum orgulhoso diretor que se acha o Rei da Cocada Preta!

Uma das coisas mais impressionantes nas escolas, é a de que os alunos nunca crescem, entra ano, sai ano, mudam professores, elegem-se novos diretores e os alunos tem sempre a mesma idade. Estou passando este ano de 2.021 na mesma localidade onde estudei as séries iniciais a mais de cinquenta anos, esta semana passei em frente da mesma escola onde fiz o quinto ano escolar e lá estavam os mesmos alunos, seus uniformes e a idade que eu tinha a mais de meio século atrás. O curioso é que quando mudam os políticos, parece que o sistema educacional vai mudar; não muda, educação continua sendo uma forma de preparação para o mercado, onde os ricos exploram os pobres.

É dessas escolas, desse sistema educacional que saem a maioria dos professores, políticos, líderes espirituais, profissionais liberais, trabalhadores, e até escritores! que vão se distribuindo proporcionalmente entre explorados, a maioria, e exploradores, ambos bitolados num sistema capitalista reprodutor de miséria e hedonismo.

Não se pode esperar muito mais do que isso que temos, de uma sociedade onde quem deveria educar já sai deseducado da escola, ou políticos que aprendem logo cedo pelo exemplo dos pais que quanto menos qualidade tiver o ensino mais fácil iludir o eleitor, ou o líder espiritual que, de bíblia na mão apoia político fascista, ou o profissional liberal que cobra pelo serviço que não fez e até pelos erros que cometeu; todos simples mortais. E os escritores? Ah, estes têm a Academia!

Quando escrevi meu primeiro livro, ainda na década de 1.980, já me achava um imortal, até guardava rascunhos para futuros pesquisadores que desejassem publicar minha biografia. Mal sabia eu que era de leite que me alimentava, alimento sólido não podia suportar, era ainda uma criança brincando de intelectual. O livro nunca ganhou uma publicação e foi parar na churrasqueira onde se queimou junto com meu passado infantil. Quatro décadas depois, estou publicando meu terceiro livro e fui convidado para ocupar uma cadeira na nascitura Academia de Letras do Brasil de Dourados, um orgulho!

Academias de Letras são instituições sólidas onde o saber, a cultura e a pesquisa acadêmica são consolidadas e a produção intelectual se dá constantemente por escritores pesquisadores, intelectuais comprometidos com desenvolvimento da escrita, que divulgam suas produções literárias e as tornam acessíveis à população, sem bajulação deste ou daquele poderoso de plantão, mas transformando em letras sensíveis os sentimentos do povo, fazendo do rude o suave, da tristeza a esperança e da ignorância o saber revolucionário que empodera o fraco e sensibiliza o forte...

Me perdoem ter sonhado! Não, as Academias não são isso, em geral não vão além de Escolas de Meninos e Meninas que se alimentas de leite e brincam de Super-homem e Mulher-Maravilha. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

E ERA PARA SER NATAL...

   O carro de som passa na rua em frente de casa drapejando música natalina a flamular no vento quente e traz o inverno que se pendura nas árvores enfeitadas de gélidos cristais de algodão. Luzes piscam o colorido nos umbrais das portas sangrando a certeza da incerteza da salvação, nesta noite não haverá a morte do primogênito, todos estarão a adorar o deus da luxúria. Não há uma única informação de que o dia seja 25 de dezembro, mas sem ele, a que haveríamos de nos apegar para o milagre da multiplicação dos lucros?

    É quente esta tarde de verão dezembrino, o sol se põe, mas se esquece de retirar o calor que dorme a noite toda até que volte o sol no dia seguinte para acrescentar ainda mais quentura a esse dias de espera pela salvação das commodities numa chuva que, prometida pelos homens, não vem, nem mesmo triplicando os preços internacionais, se chovesse, a lavoura produziria e seria vendida para outros países, pelo menos teríamos dinheiro, enquanto isso, o Salvador descansa o sono dos justos.

  Jingle Bells flutuam na névoa poeirenta do tempo seco, brilhando notas pelo alto-falante musical que chama consumidores para aproveitar as ofertas imperdíveis do comércio. O amor é demonstrado em notas de dez, vinte, cinquenta, cem reais, mas se não tiver não se preocupe, aceitamos todos os cartões. Presentear é um gesto de amor, amor maior é presentear quem vai te presentear. Ainda que isso seja uma verdade mentirosa, é muito verdadeira a adoração que se faz ao verdadeiro Senhor do natal: Momo!

 O espírito natalino põe em liberdade delinquentes de bom comportamento que já estavam em liberdade mesmo antes do espírito natalino. Agora, o espírito lhes dá poder de persuasão e o dinheiro se aglomera em grandes cultos onde são ofertados aos ministros e dali carreados ao altar da hipocrisia para distribuição em partes diretamente proporcionais à capacidade de cada comerciante em ludibriar o consumidor com ofertas ilusórias de salvação hedonista. O leão é de ouro!

   Jingle Bells, Jingle Bells... ouro, incenso e mirra flutuam os Reis Magos no estábulo, a Glória foge apressada, o Egito cavalga a mula até o Rei, enquanto a morte domina o delinquente de bom comportamento assentado no trono. Jingle Bells, Jingle Bells, os comerciantes do Templo fora expulsos e as bancas derribadas! Jingle Bells, Jingle Bells, eu sei que Jesus talvez se alegre contigo, mas você, alegra-se com a vida de Jesus?

         Ele era um revolucionário!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

UMA CARTA DO CÉU

(Carta de um advogado que morreu e está no Céu, onde cada profissional deve passar um longo período de tempo convivendo exclusivamente com seus colegas de profissão)

Caros colegas advogados, aliás, doutores advogados, que é assim que gostais de ser tratados, mesmo que a maioria de nós jamais tenha sentado nossas doutas bundas num curso de mestrado, quiçá doutorado. Me desculpem o palavreado um pouco chulo, mas aqui onde me encontro agora, de nada adiantam expressões em latim ou palavras difíceis de serem compreendidas, o Juiz, Justo Juiz, diga-se de passagem, coisa rara por aí também, prefere a verdade demonstrada com simplicidade e pratica sempre a justiça, outra coisa rara nesse mundo dos vivos. Não quero me alongar nas iniciais, mas dizer que esse mundo onde estais agora é dos vivos chega a beirar o ridículo, daqui se pode ver a morte sempre presente em vosso meio, aqui, sim a vida é plena!

Vos escrevo esta missiva para dizer que estou bem aqui e para que tenhais esperança, pois mesmo sendo pouquíssimos os que passam pela porta estreita, não é impossível que um camelo passe pelo fundo de uma agulha. Mas, não se iludam, mesmo tendo o privilégio dos poucos que advogam no Reino, aqui ainda não é o Céu dos Céus. Neste lugar, cada categoria deve passar um longo tempo de purificação, convivendo exclusivamente com seus colegas de profissão, então, desde que cheguei, exatamente no dia 2 de abril de 2005, tenho me relacionado somente com advogados, todos salvos, claro, mesmo assim não tem sido fácil. Parece que nossa profissão é a essência da vaidade. Aqui, ninguém pode ser chamado de doutor e isso é um choque até para os mais Santos dos jurisconsultos.

Há uma história que até aqui chegou, trazida pelos anjos correspondentes vindos daí da Terra, que diz que quando o Papa João Paulo II morreu e se apresentou na entrada celestial, São Pedro pediu-lhe um pouco de paciência, pois havia acabado de chegar ao Céu um advogado que teria a preferência. O Papa teria argumentado que fora chefe da igreja e que mesmo em vida era considerado Santo. São Pedro teria dado duas leves batidas no ombro e informado que Papas já haviam vários no Céu, mas advogados, bem, este que ali estava às portas do Paraíso, este seria o primeiro! De fato, o ocorrido se deu e, coincidentemente o advogado era eu mesmo. Mas, necessário se faz uma pequena correção, mesmo tendo a preferência sobre o Santo Padre, não é bem verdade que eu tenha sido o primeiro advogado aqui onde se vive eternamente, mal entrei e um anjo me encaminhou para o escritório de advocacia do Céu, onde haviam poucas pessoas, trajes celestiais e uma auréola sobre a cabeça,  “estes são todos os advogados” disse e foi embora.

Me desculpem ter tomado vosso precioso tempo com essa história do Papa, mas é que aqui temos tanto tempo disponível que vocês nem conseguem imaginar! Os prazos dos processos são determinados pela data da morte do réu. Não há outro prazo, até essa data o réu pode receber o perdão gratuita e voluntariamente, não se fazem apelações, não há recursos, nada. Eu sei, muitos de vocês diriam: Então, como vamos ganhar dinheiro? Lamento informar, mas esse jeito de fazer com que o processo se prolongue infinitamente, é um jeito estúpido de ganhar dinheiro. Cada vez que você faz isso, você está produzindo prova contra ti mesmo. Daqui se pode ver tudo, agora mesmo estou vendo um conluio entre um advogado do exequente e outro do executado, combinando como fazer para prorrogar o prazo do julgamento e tirar o máximo de dinheiro de ambas as partes!

Eu morri em 2 de abril de 2005. Nestes dezesseis anos em que estou advogando pelas causas celestiais não achei um justo sequer. Então, caros colegas militantes do direito, chega de se arvorar pelos tribunais cheios de razão e superioridade, a grande verdade é que os que mais se orgulham, mais serão humilhados! Nesta década e meia pude fazer uma pesquisa que talvez ajude a compreender os fatos. Escolhi uma cidade, aleatoriamente e verifiquei o julgamento final, esse do Justo Juiz, em duzentos processos em que o advogado e o cliente já haviam morrido. Acreditem, apenas um advogado foi admitido ao escritório celestial e aqui está trabalhando há trinta e dois anos.

Não posso dar detalhes sobre nosso trabalho no Céu, mas, se talvez quereis um conselho, só um que seja, eu diria: Deixem de ser arrogantes, pois isso não tem valor nenhum perante o Justo Juiz! E não se esqueçam, aqui sois réus e o prazo final do processo é o dia de vossa morte.

Eternamente...

 

Advogado.

domingo, 12 de dezembro de 2021

NAMORAR COMO ANTIGAMENTE

             - A gente podia namorar como antigamente...

João Pequeno queria namorar, e namorar como antigamente, sentar na sala e ver televisão, tomar chimarrão na área da frente e conversar, passear na praça, ir à igreja.

- Acho que não, antigamente não foi muito bom, aliás nada...

Maria Júlia queria ter namorado na sala escutando programas de rádio, tomado chimarrão no quintal, trocando a cuia por uma conversa boa, ir à igreja colher os frutos do espírito e até passear de mãos dadas. Mas, antigamente, seu sonho virou pesadelo, o brutamontes com quem se casou queria vencer na vida e ganhar dinheiro, cada vez mais, até que ficou muito rico e morreu enfartado depois de ter bebido muito numa festa com investidores.

- Eu acho que a gente podia...

João Pequeno estava determinado a recuperar um tempo que se perdera quando teve que trabalhar doze a catorze horas por dia, serviço bruto no campo, derrubando mato, fazendo poço. Se casara, antigamente, não dava para pensar em namoro, tinha muitas necessidades, todas urgentes.

- Talvez a gente podia, se agora ainda fosse antigamente...

Maria Júlia estava determinada a não recuperar o sofrimento de antigamente quando esperava, esperava e o que recebia era a notícia auspiciosa de um futuro maravilhoso quando tivessem ganho tanto dinheiro que não haveria mais necessidade de ganha-lo pois o dinheiro se ganharia por conta própria.

- Eu não quero o teu dinheiro, tenho o suficiente para nós dois...

 Antigamente, haviam as fotonovelas, uma sequência de fotos com as falas em ‘balõezinhos’ que contavam certamente a história do amor verdadeiro. As telenovelas começaram representando isso. Desde as novelas da Rocord, nos anos setenta, até os dias atuais muitas coisas mudaram. Quem almeja um ‘amor verdadeiro’ certamente fará referência ao namoro de antigamente. João Pequeno, que já conta seus setenta anos de idade, quer esse amor de fotonovela.

- O dinheiro nunca foi suficiente...

Maria Júlia, quase setenta, carrega as marcas do amor de fotonovela, não perdia uma edição de Fascinação, chorava lendo Capricho e sonhava com o príncipe encantado lendo Grande Hotel. O Príncipe apareceu, prometeu toda a riqueza do mundo e foi conquista-la. Quando, finalmente achou que tinha o bastante, fez uma festa para celebrar a aposentadoria, morreu no meio das comemorações.

- Maria Júlia! – ainda suplicou, pela última vez João Pequeno – não podemos deixar que o absurdo da existência nos roube a existência, ainda que ela seja absurda!

- João Pequeno – respondeu Maria Júlia, lágrimas nos olhos – ainda que pareça absurdo, eu quero namorar com você, mas não como antigamente, não temos mais tempo para isso!

sábado, 11 de dezembro de 2021

PORQUE HOJR É SÁBADO

 ... E eu encontrei

            o amor da minha vida

desencontrei...

                                    um minuto

 

Sábado

            o amor

talvez o amor

                                    da vida

talvez

                        desamor

talvez...

                                    talvez.

domingo, 5 de dezembro de 2021

DE VOLTA AO COMEÇO

Bisogna prestare poca fede a quelli che parlano molto” (Deve-se dar pouco crédito a quem muito fala). Esta frase, atribuída a Catão, o Velho, a mais de dois mil anos atrás, parece ser daquelas incômodas frases que nunca perdem o sentido, mesmo em tempos pós-modernos onde nada parece mesmo fazer sentido, nem mesmo a existência. Como Censor, Catão se destacou por sua defesa conservadora das tradições romanas contra o luxo e a frivolidade da corrente helenística. A história se encarregou de vencer o conservadorismo de Catão e até Roma se rendeu à filosofia da escola de Platão, incorporando na tradição católica alguns conceitos doutrinários do filósofo na constituição da doutrina básica da igreja, hoje conhecida como Tradição Católica, desenvolvida por mais de um milênio por padres, num processo que passou a ser conhecido com a Patrística.

Deixemos Catão e os padres cada um no seu tempo e, ainda que Platão perdure até o nosso, não morro de amores, nem mesmo o platônico, pelos personagens da história que se segue, mas que meus olhos se voltam para eles, isso sim, e com desejo, um grande desejo, eu diria, de poder compreender os absurdos do comportamento humano.

Talvez você não goste de política ou de políticos. Nem eu! Quem dera voltássemos ao começo, nos tempos primitivos, onde as lideranças eram exclusivamente locais e com o intuito de dar proteção ao grupo que se formava em torno. Para isso teríamos que destruir toda forma de governo e toda estrutura social que permite a apropriação privada dos bens da natureza. Se chegássemos a isso, teríamos, então, fechado um grande círculo por onde percorre a humanidade e só daí seria possível se ver a miséria desse tempo e todas as mentiras que são contadas parecendo verdades.

Quando eu era aluno do último ano do curso de matemática, tinha um professor que dizia que quando um problema é muito difícil, devemos transformá-lo em vários problemas menores e mais fáceis, daí poderemos resolvê-lo. Pois bem, esse grande círculo de mentiras entre os tempos primitivos e a volta ao começo é formado por “pequenos” círculos de mentiras. Olhemos para um deles e, com esse mesmo olhar talvez consigamos ver outros e outros até entendermos a falácia que se tornou a sociedade humana.

Há poucos anos atrás, num pobre e vasto país da região Sul das Américas, o povo foi conclamado a acabar com a corrupção, acreditavam que um grupo de políticos conhecido como Centrão seria expurgado definitivamente do cenário nacional, exatamente por serem ‘mentirosos e corruptos’. Acontece, que quem liderava essa campanha, já teria feito fileiras com o mesmo grupo, de onde dera início a sua carreira política. Depois de muitas falações disso e daquilo e não sendo capaz de combater quem jurava combateria, e ainda por cima, sendo pressionado pelos tais, seguiu a máxima que diz: “Se você no pode com o inimigo, alie-se a ele, mesmo que ele seja toda a mentira”. E filiou-se a um partido do Centão.

É bem provável que o legado de Catão não seja tão importante para nossa cultura ocidental, mas que ele tinha razão, isso ele tinha!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

APAGUEI

 

 A luz que

                    brilha

A sombra

    segue o caminho

 

 

Acordo

a luz

sombra,

desacordo

 

Um grito

                 no escuro

A luz

O caminho

                        sem fim.

CHIFRE EM CABEÇA DE CAVALO. EXISTE? EXISTE!

  Já botei no título o que poderia ser uma mentira, a ciência diz que cavalos não tem chifre, nem as éguas, mas na fazenda do Romero, que ...