Confesso que esse é um tema bastante
melindroso e escrever sobre ele é quase um desafio. Eu tenho quatro filhos, que
eu saiba, e não há pai ou mãe que não se afeiçoe por um mais que os outros. Nos
tempos bíblicos era quase uma Lei, o primogênito herdava a maior parte dos bens
e se tornava chefe dos demais.
Nessa nossa modernidade liberal, só
alguns recantos mais tradicionais ainda cultivam este entendimento, atribuindo
ao filho mais velho também a responsabilidade pelo cuidado com os pais em sua
velhice. De resto, só a sorte para que pelo menos um dos corações juvenis se
deitem ao lado da sabedoria dos anciãos para escutar-lhes as repetidas
histórias.
Eu ando fazendo as minhas escolhas já
há algum tempo. Minha carteira para estacionamento em vaga preferencial já está
no terceiro aniversário, antes disso já me ocupava com um plano infalível para
os tempos em que as pernas deixarem de se equilibrar em cima do skate e os pés
não tenham mais a comodidade dos pedais da bicicleta. Vai demorar, eu sei, mas
como diz o ditado: é melhor prevenir do que ‘murmurar’!
Meus quatro rebentos andam fazendo
seus planos pessoais, bem pessoais, como deve ser quando avançam pela idade
adulta e vão formando suas próprias famílias. Mesmo amando incondicionalmente
cada um deles e, ainda que cada um deles jure me amar incondicionalmente, sempre
fica um ponto de interrogação no horizonte onde o Sol se põe.
Pelo sim, pelo não, fiz, como já
disse acima, um plano infalível: Adotei filhos! Isso, filhos adotivos
geralmente são mais atenciosos e costumam adotar seus pais quando estes viram
criança. Há mais de trinta anos adotei a Escrita, a primogênita, esta
certamente herdará minha maior riqueza, para ela deixarei todo meu talento; tem
já uns três anos que adotei o Curso de Inglês, este será meu companheiro nas
horas de lazer em frente da televisão assistindo filmes com som original; meu
relacionamento com a Fé tem sido tumultuado, mas eu tenho fé... acredito, que
esta jamais me abandonará, principalmente nos tempos difíceis.
A Escrita já me deu netos que eu
tenho muito orgulho de apresentar: O primeiro, irmão siamês de muitos outros
foi uma participação de dez páginas num livro de poesia, o pai, certamente é o
Carlos Drummond de Andrade, talvez Vinícius de Moraes, sei lá. Depois veio o
livro Josafá, este certamente é filho da Fé, concebido sem pecado original.
Agora vos apresento, com um parágrafo
exclusivamente para ele, o filho mais novo, ainda nascituro, mas já totalmente
formado: DOCE VENTURA! Que me perdoem os outros quatro filhos naturais, mas
este é a cara do Pai. Não preciso educa-lo com o rigor social, pois não o quero
adequado às regras da sociedade; também não espero nenhum retorno afetivo, este
é o filho da liberdade e como tal, talvez seja o mais importante, nele o tempo
deixa de existir para existir o não-tempo! Este é o meu filho amado que, muito
provavelmente, não há de me amar!
Filhos, quando nascem são assim,
sempre são os prediletos. DOCE VENTURA é o meu terceiro livro que estará disponível na
próxima semana!
Parabéns.
ResponderExcluirGostei